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Especialistas discutem: chacina de Suzano pode influenciar debate sobre porte de armas?

Quanto menos arma tiver em circulação, a tendência é você ter um melhor controle e deixar de incrementar esses números de violência
Redação Sputnik Brasil
Sputnik Brasil
São Paulo (SP)

Tradução:

O Brasil amanheceu nesta quarta-feira (13) com mais uma notícia triste. Um adolescente e um homem encapuzados mataram oito pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), por volta das 9h30, e cometeram suicídio em seguida.

Entre os mortos há alunos do ensino médio. Dois adolescentes chegaram socorridos, mas morreram no hospital. Entre as vítimas, há ainda dois funcionários do colégio.

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Logo após o ataque, pessoas começaram a questionar nas redes sociais o projeto de flexibilização do porte e posse de arma de fogo no Brasil, uma das principais bandeiras do governo do presidente Jair Bolsonaro

Quanto menos arma tiver em circulação, a tendência é você ter um melhor controle e deixar de incrementar esses números de violência

Foto Pixabay/Pexels
Casos como o que ocorreu em Suzano deveriam ser levados em consideração no debate sobre acesso à arma de fogo.

A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, ao prestar solidariedade às vítimas alertou para os riscos da liberação de armas de fogo.

“Toda solidariedade às vítimas da escola de Suzano. Tragédias como essa resultam do incentivo à violência e à liberação do uso de armas. O Brasil precisa de paz”, escreveu no Twitter.

Já o senador Major Olímpio (PSL-SP) afirmou que o massacre teria sido evitado caso os funcionários da escola estivessem com armas.

“Se tivesse um cidadão com arma regular dentro da escola, professor, servente, um policial militar aposentado, ele poderia ter minimizado o tamanho da tragédia. Vamos, sem hipocrisia, chorar os mortos e discutir a legislação, e onde estamos sendo omissos “, disse.

A Sputnik Brasil entrou em contato com dois especialistas em segurança pública e violência para saber se o projeto de flexibilizar o porte de armas pode dar margem para que mais casos semelhantes ao de Suzano ocorram.

Para Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado Maior da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, atualmente pesquisador de Segurança Pública da UERJ, quanto mais armas em circulação, maiores serão os números de violência.

“Quanto menos arma tiver em circulação, a tendência é você ter um melhor controle e deixar de incrementar esses números de violência. Você vai ter menos instrumentos que possibilitem a criminalidade violenta no Brasil”, disse.

Para ele, casos como o que ocorreu em Suzano deveriam ser levados em consideração no debate sobre acesso à arma de fogo.

Já para Paulo Storani, antropólogo, professor de Ciências Criminais da Universidade Cândido Mendes, ex-instrutor do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar  do Estado do Rio de Janeiro (BOPE), a liberação do porte e posse de arma não pode ser o foco da discussão a respeito do massacre de Suzano.

“Precisa ser discutido o que levou dois adolescentes acordarem numa manhã de uma semana e pegarem armas de fogo, prepararem coquetéis molotov, escolherem uma determinada escola, entrarem e atirarem contra crianças, contra jovens e contra os professores e funcionários. Existe um problema muito maior que o acesso ou não à arma”, destacou.

Storani acredita que a população tem um direito legítimo de se defender.

“Armar a população é reconhecer um direito das pessoas de se protegerem quando o estado não tem condição de protegê-las, é um reconhecimento de um direito natural das pessoas poderem promoverem sua própria segurança, dentro de limites e orientações baixadas pelo governo”, completou.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, João Camilo Pires de Campo, e o comandante da Polícia Militar, coronel Marcelo Salles, disseram que a motivação do crime ainda não é conhecida, mas está sendo investigada pela Polícia Civil. “Todos esses cabos soltos, cabe à polícia agora ir amarrando”, disse o secretário.

Os dois atiradores, confirmados como Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, eram ex-alunos da escola Raul Brasil. Um deles, Guilherrne, estudou na escola até o ano passado e tinha problemas (que não foram citados). Um inquérito foi aberto, e já houve uma reconstituição no local.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Redação Sputnik Brasil

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