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"A verdade fica doente, mas não morre nunca", diz Lula sobre conluio judicial

"A verdade fica doente, mas não morre nunca", diz ex presidente Lula sobre conluio judicial
Redação Brasil de Fato
Brasil de Fato
São Paulo (SP)

Tradução:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou “bastante impactado” com o “elevadíssimo grau de promiscuidade” contido nos diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato, durante a condução do processo e depois da condenação sem provas que o levaria à prisão.

A reação de Lula aos diálogos divulgados no domingo (9) pelo site The Intercept Brasil foi descrita por seus advogados, Cristiano Zanin e José Roberto Batochio, que o visitaram nesta terça-feira (11) na sede da Polícia Federal em Curitiba.

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“Você tem razão: a verdade fica doente, mas não morre nunca”, disse Lula, segundo relato de Batochio a jornalistas. Batochio e Zanin lembraram que tanto a defesa como o próprio Lula vinham há tempos denunciando a parcialidade de Moro no processo, confirmada agora pelos diálogos vazados.

Mas Lula, sempre segundo Batochio, não esperava que tudo se revelasse tão cedo, já que o esquema parecia, nas palavras do advogado, “bem estruturado, solidamente organizado e praticamente inexpugnável”.

“Duas foram as surpresas do presidente Lula: a primeira quanto à rapidez com que a verdade veio à tona. Em segundo lugar, o elevadíssimo grau de promiscuidade entre quem julga e quem acusa num mesmo processo, a desnaturar o princípio constitucional da imparcialidade do juiz”, disse.

"A verdade fica doente, mas não morre nunca", diz ex presidente Lula sobre conluio judicial

Brasil de Fato / Ricardo Stuckert
O ex-presidente Lula durante entrevista na sede da PF em Curitiba

Batochio desmente versão de Moro

Questionado pelos jornalistas, Batochio desmentiu a versão divulgada por Moro após a publicação dos diálogos – de que teria dado tratamento equânime às partes envolvidas no processo.

“Eu, por exemplo, não fui recebido por ele. Eu sou num advogado com 52 anos de militância. Quando o presidente Lula veio a Curitiba para ser interrogado (10 de maio de 2017), na antevéspera tivemos uma audiência e eu procurei o então juiz Sérgio Moro no seu gabinete para tratarmos das questões de logística e segurança do acesso. Ele mandou um recado através da diretora de secretaria que não iria me receber e que eu dissesse o que tinha a dizer por escrito. E me causa surpresa ao ver que em relação aos acusadores o tratamento era muito diferente. Ele não só recebia como trocava altas opiniões e altas considerações a respeito de como se acusar e de como encaminhar”.

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Para Batochio, a revelação comprovando do conluio aumento a responsabilidade do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso.

“Segundo a Constituição, nenhum julgamento é válido na esfera criminal se o juiz não for imparcial. Como o STF é o guardião da Constituição, nós estamos a aguardar a palavra do STF para que saibamos se a Constituição está em vigor ou não está; se o que a Constituição exige deve ser atendido ou pode ser, digamos assim, flexibilizado, contornado. A palavra está com o STF”, concluiu.

Próximos passos

Cristiano Zanin também destacou a falta de imparcialidade e equidistância de Moro. “Há claramente uma coordenação do juiz da causa em relação ao trabalho da acusação. E isso não é permitido. Isso, ao contrário, afronta a nossa Constituição e a Legislação”.

Ele afirmou que a defesa ainda está estudando qual o melhor caminho a partir de agora.“Os fatos novos reforçam que Lula não teve direito a um julgamento imparcial, independente,fatos que vamos utilizar para reforçar a nulidade do processo e a inocência do ex-presidente. Mas estamos definindo ainda. Há estudos sendo feitos e oportunamente nós apresentaremos isso na Justiça por meio de petições”.

Edição: João Paulo Soares

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Redação Brasil de Fato

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