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Privataria Tucana, bolsonarismo miliciano e a volta da monarquia autoritária ao poder

Temos que unir todas as forças democráticas da nação em torno da bandeira de respeito e obediência a Constituição e exigir o Império da Lei, esse sim, soberano e igual para todos
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Fora o príncipe Orleans de Bragança, herdeiro do destronado imperador Pedro II, o único príncipe reconhecido nacional e internacionalmente é o Príncipe da Privataria, que pretendeu ser príncipe da sociologia e que a serviço dos Estados Unidos colocou a venda as riquezas nacionais. É isso mesmo. Fernando Henrique Cardoso foi o início de tudo.

Por falar em príncipe, segundo os jornais impressos, alguém de codinome Príncipe recebeu seguidamente polpudas propinas da Odebrecht. E esse alguém sequer foi nominado, indiciado ou apontado. São mais de R$ 14 milhões que deixaram de ser revelados os destinatários. 

Quem será o “Príncipe?” Será aquele que é aquele que tem um apartamento de luxo na região mais cara de Paris? Sei não.

Privataria foi o neologismo criado pelo jornalista Palmério Dória, que junto com Milton Severiano (Miltainho), escreveram o livro O Príncipe da Privataria, em que, fundado em pesquisa, mostra as maracutaias praticadas por FHC durante seus oito anos de mandato. Está tudo lá, documentado. A sorte de FHC é que a mídia servil não ter repercutido e pouca gente no Brasil dá bola para livros. 

Se pudessem mandariam queimar todos os livros e bibliotecas.

A teoria da dependência defendida em livro por FHC e o chileno Faletto, tenta convencer você de que a única alternativa de desenvolvimento, para pobres países subdesenvolvidos, é a de dependência às potências capitalistas. Na ausência de poupança interna, empréstimos dos bancos multinacionais e das grandes corporações financeiras. Na ausência de tecnología, conformar-se a ser produtor de produtos primários e importar os produtos de consumo. Desindustrialização, privatização, desnacionalização, Estado mínimo.

São falácias criadas na guerra cultural vitoriosa travada pelos Estados Unidos pra construir sua hegemonia a partir do fim da 2a Guerra Mundial. 

Vale lembrar que desde os tempos da Grã Bretanha imperial, Império maior que o Império Romano, o sistema financeiro tem sido uma das principais armas para a ocupação colonial. Emprestam e criam ataduras ideológicas e tecnológicas e financeiras que tornam os países reféns da dívida externa. Com a debacle do imperialismo inglês tomou seu lugar o imperialismo estadunidense.

O pior é que tudo isso foi posto em prática, a partir da década de 1980, e continua em ritmo mais acelerado que nunca após o golpe de Estado de 2016, que depôs a presidenta Dilma Rousseff e colocou Michel Temer no poder. O país conduzido por neoliberais, aos quais, após a Operação de Inteligência que conduziu a fraude eleitoral de 2018, se agrava com a ocupação dos demais centros de decisão por uma ultra-direita inculta, falaciosa, orientada desde o exterior por uma internacional fascista.

Enquanto ainda há livros vamos procurar conhecer um pouco de história para desmascarar os que querem devolver o Brasil à condição de colônia. 

Nos Estados Unidos você verá que o Estado e as forças armadas conduziram o desenvolvimento. Que a poupança interna se fez com produção e aproveitamento das riquezas nacionais. Quando não tinham a matéria prima suficiente saqueavam dos demais países das Américas e do Caribe. O que é a história desses países, durante séculos, se não a de Repúblicas Bananeiras exploradas pelo gigante do norte?

A China, que quarenta anos atrás era um país subdesenvolvidos é hoje uma potência. Como isso foi possível? E veja bem. Chegou onde chegou sem invadir, sem impor governos e modelos a país nenhum, sem qualquer atitude imperialista. A força da ideologia, de acreditar nos seus líderes, poupança interna. Produção e poupança interna. Produz para a maior população do globo e ainda se dá ao luxo de exportar excedentes. 

Poupança interna se faz com produção e aproveitamento racional das riquezas nacionais.

Temos que unir todas as forças democráticas da nação em torno da bandeira de respeito e obediência a Constituição e exigir o Império da Lei, esse sim, soberano e igual para todos

Revista IHU on Line
A ditadura do capital financeiro e do pensamento único que se desenvolveu a partir dos anos 1980

A história do Brasil mostra que enquanto tinha um projeto nacional desenvolvimentista, o país crescia a ritmo superior a maioria dos países do mundo. Porém, com a ditadura do capital financeiro e do pensamento único que se desenvolveu a partir dos anos 1980, o país só tem andado para trás.

O gráfico contido no Relatório Luz da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável – Síntese II – autoria Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030, é bastante significativo, mostra o crescimento constante da participação da indústria  de transformação no PIB desde 1947 até o pico em 1985. Há uma retomada a partir de 2002 mas que não se sustenta e de lá para cá em queda vertiginosa. São os anos do neoliberalismo que nem os governos menos liberais do PT conseguiu se livrar.

Os gráficos mostram que Fernando Henrique Cardoso colocou o país à beira do abismo, que Lula tentou frear e retomar o desenvolvimento mas o impediram. Lembrem que o carro chefe era o petróleo e a Petrobras. Os Estados Unidos armaram a conspiração jurídica que resultou na Lava Jato e na aceleração da desindustrialização, desnacionalização.

Todos agora se sentem como príncipes no trono. 

Agem como lhes dá na gana, sem o menor respeito aos preceitos constitucionais e burlando da opinião pública e das instituições que com seriedade manifestam qualquer tipo de discordância com o que fazem autoritariamente.

Paulo Guedes, superministro da Economia, apresenta projeto de um imposto único que é uma verdadeira maluquice. Maluquice porque viola princípios pétreos da Constituição Federal como é o federalismo. 

O Brasil é uma República Federativa. 

Esqueceram? desde a primeira Constituição que é assim.

Os Estados são autônomos, cada um com sua Constituição e seus três poderes -Legislativo, Executivo e Judiciário. O Pacto Federativo determina o papel de cada ente e as relações harmônicas com a União. Para que possa exercer autonomia há os impostos estaduais. No âmbito dos municípios, a regra é a mesma, e por isso há os impostos municipais. Os impostos e taxas federais sustentam a máquina administrativa e deveriam também servir para financiar as obras de infraestrutura  que o país precisa e ajudar os município e os estados quando necessários.

No Brasil Império a Corte era a única fonte arrecadadora e distribuía pra quem o imperador desejasse, e deixava de distribuir para quem não gostasse. Príncipes e imperadores nomeiam seus familiares para representar a corte em outras cortes. Nos dias de hoje o chefe do executivo nomeia o próprio filho para ser embaixador nos Estados Unidos.

Na corte de hoje, o chefe do Executivo manda suspender o repasse de verbas para um governador que não é de seu partido não concorda com sua submissão aos Estados Unidos.

Segundo os jornais impressos publicaram, governadores de 26 Estados manifestaram perplexidade diante do projeto de reforma tributária. 

Deixar de ter um imposto eminentemente estadual seria fragilizar muito a questão federativa”.

Ora, por que tanta cautela? 

Não se pode ser permissivo, condescendente quando o que está em jogo é o Pacto Federativo, ou seja, a Constituição Federal em suas causas pétreas. É por não haver reação que essa gente que capturou o poder atua como se fosse uma monarquia absoluta.

Temos que unir todas as forças democráticas da nação em torno da bandeira de respeito e obediência a Constituição, as Leis e Códigos que a regulamentam e complementam. Exigir o Império da Lei, esse sim, soberano e igual para todos.

*Jornalista editor de Diálogos do Sul 

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1967. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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