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Ouro que te quero ouro: mineral brasileiro segue enriquecendo países “desenvolvidos”

Como em nosso passado colonial, reservas auríferas brasileiras são exploradas por empresas estrangeiras e riqueza escoa facilmente via contrabando
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Texto atualizado em 06.08, às 15h12, para correção de informação e às 18h44 para acréscimo do posicionamento da empresa Yamana Gold

A história do roubo do ouro, no aeroporto internacional de São Paulo é realmente fascinante e nos provocou procurar saber o que é que está acontecendo com nosso ouro. Afinal, aquilo não foi um assalto qualquer, pois levaram mais de cem quilos de ouro em barra, o que significa ouro 24 quilates, ou seja, 999,99 de pureza, ou 99,99% de AU, cotado em US$ 2,5 milhões.

É coisa de gente grande e muito bem informada.

Primeira reação: uma chuva de perguntas. Pra onde vai esse ouro? Quem comprou? Quem vendeu? Quem extraiu? Quem fundiu? 

Pra onde ia é fácil saber, pois tinha endereço de entrega: parte iria para o Canadá e a outra parte para a Suíça, dois entre os grandes compradores de ouro brasileiro. No Canadá, ao que parece, o destino era o Banco Central; já na Suíça, paraíso dos lavadores de dinheiro, é bom ter um pé atrás. Sabe-se que o guardião do ouro era a Transportadora Brink, mas ela não abre os donos. E os donos abrirão a origem?

O ouro no Brasil tem duas fontes: a cata manual — garimpo — e a extração industrial — subterrânea ou a céu aberto — praticadas por grandes empresas. 

O Brasil poderia ter a maior reserva de ouro do mundo. Imaginem o que foi o chamado Ciclo do Ouro na história do Brasil colonial. Toda economia girava em torno da extração e fundição. Esta já é uma outra história.

O ouro levado para Portugal criou no Brasil uma plutocracia de governança local. Lá, enriqueceu os membros da corte e financiou a Revolução industrial na Inglaterra. Era a Inglaterra quem controlava os bancos e os fluxos financeiros.

Na época, a exploração era do ouro de aluvião, catado facilmente nos leitos dos rios. Milhões de quilos. Há quem diga que foram tiradas mais de mil toneladas por ano e tivemos quase 150 anos de exploração contínua. Terá sido somente isso? E o que levaram em diamantes e outras pedras preciosas? Esta também é outra história.

Vila Rica, em Minas Gerais, e Potosí, na Bolívia, são fruto dessa exploração de ouro e prata, respectivamente. Cidades que, no século 18, tinham uma população maior do que qualquer capital da Europa. Nos Estados Unidos, o ciclo do ouro corroborou a expansão territorial e o extermínio da população nativa. Lá, como aqui, a mesma índole genocida.

A Corte se fixou no Rio de Janeiro para poder melhor controlar o fluxo do ouro, grande parte contrabandeado. O povo brasileiro, índios e negros que produziam essa riqueza, só sofreram castigos. Terminado o ciclo, começou a era do café e nada mudou para o povo.

Como em nosso passado colonial, reservas auríferas brasileiras são exploradas por empresas estrangeiras e riqueza escoa facilmente via contrabando

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O Brasil do neoliberalismo vai em sentido contrário. Despreza suas riquezas naturais.

Um novo ciclo do ouro a partir dos anos 1980

Na década de 1980, o Brasil viveu algo parecido com um novo ciclo do ouro com a descoberta das jazidas de Serra Pelada, distrito de Curionópolis, no Sudeste do Pará, que em 1984 produziu 100 quilos de ouro por ano, tendo chegado a mais de 45 toneladas retiradas, a maioria, logicamente, contrabandeada. A corrida ao ouro atraiu 100 mil pessoas. Em 1986, o fotógrafo Sebastião Salgado esteve lá. Suas fotos revelam cenas dantescas, de um inferno de violência, prostituição e degradação humana. 

Em meados de 2014, Serra Pelada provocou uma nova corrida ao ouro, desta vez em local abandonado pela mineradora canadense Colossus. Outra empresa canadense, Annapurna, realizou parcerias para voltar a prospectar na região.

A saga do ouro e outros minerais preciosos tem sido contínua.

Os maiores produtores de ouro são: a China, em primeiro lugar, com 345 toneladas, 14% do total mundial; Austrália, com 9,3%; África do Sul e Estados unidos, com 9% cada um. Brasil aparece em 12º lugar, com 58 toneladas. A Venezuela tenta obter a certificação internacional, que pode posicioná-la como dona da segunda maior reserva do mundo.

Os maiores compradores do ouro brasileiro são: Reino Unido, Emirados Árabes, Suíça, Estados Unidos e Canadá. 

Na última década, em função da debilidade do dólar e do crescente abandono da moeda estadunidense como padrão das transações internacionais, muitos Bancos Centrais estão comprando ouro para reforçar suas reservas para prevenir futuras crises. Uma medida inteligente. 

Brasil despreza suas riquezas minerais

O Brasil do neoliberalismo vai em sentido contrário. Despreza suas riquezas naturais.

O nosso ouro, em lugar de financiar o desenvolvimento ou fazer reservas para lastrear nossa moeda e, assim, livrá-la da dependência do dólar, simplesmente abandona o minério nas mão de estrangeiros e especuladores.

Não há hoje no Brasil uma só empresa nacional dedicada à extração do ouro. Todas são estrangeiras. Nacional só o garimpo, assim mesmo ilegal.

O governo de ocupação já anunciou o desejo de entregar à exploração das estrangeiras os demais minerais raros e caros como urânio, nióbio titânio, vanádio, lítio, cromo, alumínio, cobre, manganês, molibdênio, gálio, índio, tungstênio, tântalo. Além disso há pelo menos uns 39 minerais raros descobertos no Brasil, dos quais 33 foram descritos por estrangeiros. As terras raras também compõem a lista de minerais raros e caros.

O Brasil contém 98% das reservas mundiais de nióbio, considerado o metal mais valioso do mundo. O ferro-nióbio brasileiro tem 66% de nióbio e 30% de ferro, alto grau que eleva a cobiça das mineradoras estrangeiras.

Onde está o nosso ouro

Roraima, no extremo Noroeste brasileiro, sem possuir uma única mina, exportou 194 quilos de ouro para a Índia por US$ 6,5 milhões, conforme notícia da BBC. A Índia é o quarto maior importador do ouro brasileiro e grande produtor de joias. 

O estado é importante porque está na mídia em função do conflito criado com a demarcação das terras Yanomami. Como não há minas e nem mesmo garimpo e só uma empresa mineradora — Art Minas — registrada legalmente em Roraima, que diz que ainda não extraiu uma grama, todo esse ouro é proveniente de garimpo ilegal, invasão e poluição dos rios em área protegida. 

O governo de ocupação diz com todas as letras que quer abrir essa e demais áreas protegidas para a mineração. Para lucro de quem, cara pálida?

Só mesmo neste país de malucos seria possível um Estado avalizar a exportação de ouro ilegal. E, convenhamos, essa é a quantidade revelada pelos intermediários. E as quantidades não reveladas? quantos quilos ou toneladas estarão roubando do Brasil diariamente?

Quanto de ouro sai com o ferro de Carajás? Há um comércio paralelo difícil de ser contabilizado. 

O garimpo é ilegal, a fundição é ilegal (clandestina) e o sujeito que quer investir em ouro, compra de um corretor ou direto da fundição. A Bolsa de Mercadorias (BM&F) divulga cotação diária oficial e vc pode comprar por metade do preço ou até menos. Se depois for vendido pelo preço oficial, tem um lucro razoável de 100%.

Com a desconfiança crescente com relação ao dólar estadunidense, bancos centrais de todo o mundo viraram grandes compradores de ouro. Segundo a Parmetal, especializada em negociar ouro como ativo financeiro, no primeiro semestre de 2019 foram compradas 375 toneladas, podendo chegar até o fim do ano ao valor recorde de mais de 700 toneladas. Quando consultamos o site, a barra estava cotada em R$ 174,21 pra compra e R$ 178,22 pra venda.

Quem está levando nosso ouro?

Em 2018, a venda de mineral acarretou um superávit recorde de US$ 23,4 bilhões, puxado pela exportação de 389,8 milhões de toneladas de ferro, US$ 20,2, (80%) , seguido do ouro US$ 2 bilhões e nióbio US$ 2,8 bilhões.

Os maiores produtores, segundo o Relatório do Departamento Nacional de Produção Mineral, em 2017, foram:

Kinross Brasil Mineração S.A. MG    22,34
Anglogold Ashanti Córrego do Sítio Mineração S.A. MG    19,27
Salobo Metais S.A.   PA    759
Beadell Brasil Ltda. GO    7,00
Mineração Serra Grande S.A. AP    6,24
Jacobina Mineração e Comércio Ltda. BA    5,54
Pilar de Goiás Desenvolvimento Mineral S.A. GO    4,06
Fazenda Brasileiro Desenvolvimento Mineral Ltda. PA    3,42
Mineração Turmalina Ltda BA    3,02
Vale S.A. MT    2,64(¹)

Participação percentual da empresa no valor total da comercialização da produção mineral da substância a partir de duas usinas produtoras. A produção bruta desse ano foi de 149 toneladas.

O jornal paracatu.Net registrou documentário da jornalista da TV estatal da França, Zinedine Boudaoud, intitulado “Ouro a qualquer preço”, sobre a atividade empresa mineradora do grupo canadense Kinross Gold Corporation em Paracatu, Minas Gerais . Tomamos a liberdade de copiar um trecho:

Esta mina de 110 km² parece um enorme monstro que devora a cada dia um pouco mais a cidade e seus moradores afetados por muitas doenças. Paracatu é uma cidade brasileira de 84 mil habitantes, localizada no estado de Minas Gerais. Ela é apelidada de “Cidade do Ouro”, mas deve, antes, ser chamada de “a cidade de arsênio”. O número de casos de câncer e outras doenças graves estão crescendo de forma anormal. As doenças listadas são graves: câncer de todos os tipos, condições neurológicas graves acompanhadas de paralisia, síndrome de Guillain-Barré, deficiência auditiva, acuidade visual reduzida, entre outros.

Essa é considerada a maior mina de ouro em céu aberto do mundo e, desde 1987, a população local está exporta à intoxicação maciça sem que as autoridades tomem providências.

Todas as mineradoras são estrangeiras 

A AngloGold Ashanti é uma empresa sul-africana que veio para o Brasil ainda no tempo em que o apartheid separava, oficialmente, a população africana e negra dos brancos colonizadores. Hoje, opera em mais de 10 países e produz milhões de onças de ouro, equivalentes a 10% da produção mundial. No Brasil, ela assumiu o lugar da inglesa Saint John del Rey Mining Co, que explorava a mina do Morro Velho, em São João del Rei, Minas Gerais.

Em 2004, houve a fusão entre a Anglo Gold e a Ashanti Goldfields, dando origem à Anglo Gold Ashanti, cuja mina Cuiabá, a mais de mil metros de profundidade, produziu o recorde de 7 milhões de onças. Em 2018, assumiu o controle da Mineração São Bento, em 2012 da Mineração Serra Grande (4 milhões de onças), em Goiás. Este ano (2019) o grupo está investindo US$ 120 milhões no Brasil.

  • A Salobo Metais era da inglesa Anglo American Brasil Ltda, produz cobre e ouro, foi comprada pela transnacional Vale, antiga estatal Vale do Rio Doce, maior mineradora do mundo, vendida escandalosamente, a preço de banana, no governo de Fernando Henrique Cardoso. A Salobo tem reservas de 784 milhões de toneladas de minério, com teor de cobre de 0,96 e 0,6 gramas de ouro por tonelada.

  • A australiana Beadell Resources descobriu o ouro no Amapá foi comprada pela Great Panther, que explora minas de prata no México e no Peru. Um bom negócio que em um ano lhe proporcionou aumento de 165% em sua receita com a produção de 107.448 onças de ouro só nos primeiros meses de 2018.

  • Yamana Gold – Jacobina Mineração e Comércio Ltda é empresa canadense que explora minas de ouro da Argentina, Brasil, Chile e México. Está há 15 anos no Brasil. A produção total da empresa, em 2018, foi de 1.041.350 onças equivalentes, incluindo 940.619 onças de ouro e 8,02 milhões de onças de prata. Em setembro desse mesmo ano, o Ministério Público da Bahia exigiu uma audiência pública pra avaliar o impacto ambiental na mina de Jacobina, que corre risco de desabamento igual ao ocorrido em Brumadinho, Minas Gerais.

Vale registrar que em outubro de 2016, um bando de 15 homens assaltaram a Mineradora Jacobina e levaram três sacos de ouro no valor, segundo a empresa, de US$ 2,6 milhões.

  • Pilar de Goiás Desenvolvimento Mineral S.A, instalada em 2015 em Pilar, Goiás, para extrair metais preciosos, controlada pela Brio Gold, hoje associada a Ledgold, ambas canadenses. Além da mina em Pilar, explora a Fazenda Brasileiro, na Bahia e RDM, em Minas Gerais. A expectativa da Brio Gold é que a produção de ouro chegue a 400 mil onças em 2019. Mas a campeã é a Jaguar Mining, segundo o site da empresa:

Reservas Provadas e Prováveis: 0,97 milhões de toneladas com teor de 3,99 g/t, contendo 125.000 onças de ouro.

Recursos Medidos e Indicados: 3,79 milhões de toneladas com teor de 4,37 g/t, contendo 532.000 onças de ouro.

Recursos Inferidos: 2,38 milhões de toneladas com teor de 5,69 g/t, contendo 433.000 onças de ouro.

  • Fazenda Brasileiro Desenvolvimento Mineral Ltda, em Barrocas, Bahia é uma empresa da Leagold que explora ouro e prata e comprou essa mina da Brio Gold, que antes comprara da Yamana. Essa mina subterrânea processa mais de mil toneladas por ano.

Em 1º de março de 2019, uma explosão na mina feriu cinco trabalhadores, dos quais dois morreram no hospital. O Sindicato dos Trabalhadores nas Minas fez uma greve contra a MAP, empresa terceirizada para realizar a extração do minério.  

Vale anotar neste primeiro decênio do século 21 a Bahia se destaca como uma nova grande província mineral, atraindo mineradoras do mundo inteiro. Ouro e tálio, de grande valor, níquel, bauxita e ferro. É o maior produtor de urânio, cromo e outros minerais raros.

  • A Mina de Ouro Turmalina, na região ferrífera a 130 Km de Belo Horizonte onde já foi grande produtora de ouro em séculos passados, e até 1983 foi responsável por 40% da produção nacional de ouro. Agora é propriedade da Jaguar Mining Inc, com sede em Toronto, Canadá. Além desta, a Jaguar explora nas minas de Pilar, Roça Grande, Paciência e Pedra Grande.

  • Fazenda Holdings BV e Brazil Holdings Cooperatie U.A ambas com sede em Amsterdam, Holanda reúnem empresas não financeiras, dedicadas à mineração de ouro.

  • G44 Brasil SA é uma holding empresarial que faz gestão de empresas de Mineração e com criptomoedas. Fundada por Saleem Ahmed Zaheer, um paquistanês que se fez trading em Portugal, atuou na Nova Zelândia, Suíça, Paquistão, antes de chegar ao Brasil. Está na lista restrita do Bitcoin por gestão fraudulenta.  Explora ouro no distrito de Lourenço e Calçoena, no Amapá, com capacidade de processar 640 toneladas dia.

Controla a Mineração G44 Brasil na cidade de Campos Verdes, Goiás, com o maior beneficiamento de esmeraldas do país. Tem como parceiro o Banco Rodobens Brasil.

Colonialismo de novo tipo

Como se vê, o ouro continua servindo para enriquecer os países mais desenvolvidos através de uma relação, senão colonial, neocolonial, de dominação imperialista. Passa o tempo, muda o nome, a rapinagem é a mesma.

O Brasil sequer alcançou a soberania sobre as riquezas naturais, mesmo depois de mais de 500 anos do início da ocupação europeia. 

Mostramos o que acontece com o ouro, por ser um metal emblemático. Paradigmático também, porque é o que está ocorrendo com todas as riquezas minerais brasileiras. Um regime de ocupação que não cessa ao longo da história. 

Ser colonizado parece ter forte enraizamento cultural. Se assim for, a libertação tem que começar com uma revolução cultural, que liberte os intelectuais da servidão intelectual, e que as escolas assumam o papel de desenvolver o espírito crítico e criativo da cidadania, com conhecimento dos direitos assegurados pela Constituição.

Soberania sobre todo o território e as riquezas nele contida, a começar do povo, a principal riqueza de qualquer nação. Mas para manter o povo saudável, só com soberania e pleno emprego e domínio sobre os centros de decisão.

Mais um argumento para unir nosso povo em torno de uma Frente de Salvação Nacional, que comece com a recuperação da soberania.

Nota de esclarecimento: Ao contrário do que foi erroneamente publicado anteriormente, a empresa Yamana Gold não possui “nenhuma atividade de exploração mineral na mina Pilar, localizada em extensão da Chapada Diamantina na Bahia”, como informou, em nota, a assessoria da empresa. A informação já foi corrigida no texto.

A empresa diz também que “a Yamana Gold reforça que não há nenhum documento técnico de engenharia de barragem que aponte riscos de desabamento na mina da empresa, localizada na Bahia, conforme a matéria do portal mencionou. 

A empresa também informa que o método construtivo utilizado na operação é diferente do empregado na Mina do Feijão, localizada em Brumadinho (MG). O modelo utilizado na Bahia é comprovadamente mais seguro e 100% revestido.

Diante do exposto, reiteramos que as barragens apresentam condição de estabilidade, conforme também atestam os órgãos oficiais de controle.

*Jornalista editor de Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1967. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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