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Violência doméstica: "A casa é o lugar mais perigoso para as mulheres" no mundo

De um total de 87 mil homicídios de mulheres registrados em todo o mundo no ano passado, cerca de 58% foram cometidos por companheiros ou familiares
José Sena Goulão
AbrilAbril

Tradução:

Mais de metade das mulheres assassinadas no mundo em 2017 foram mortas pelo companheiro ou familiares, o que faz da própria casa “o lugar mais perigoso do mundo para uma mulher”.

Neste estudo da ONU, difundido por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, o gabinete das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) calculou que, de um total de 87 mil homicídios de mulheres registrados em todo o mundo no ano passado, cerca de 50 mil (58%) foram cometidos por companheiros ou familiares.

De um total de 87 mil homicídios de mulheres registrados em todo o mundo no ano passado, cerca de 58% foram cometidos por companheiros ou familiares

Abril Abril / José Sena Goulão
Qualquer forma de violência contra as mulheres, além de um crime é uma violação dos direitos humanosà plena pa

Cerca de 30 mil (34%) homicídios foram perpetrados pelo parceiro da vítima.

“Isto significa que cerca de seis mulheres são mortas em cada hora por alguém que elas conhecem”, observou o gabinete da ONU, com sede em Viena.

O chefe do gabinete da ONU, Iuri Fedotov, adiantou que as mulheres são também aquelas com mais probabilidade de serem mortas pelo companheiro ou familiares (…) o que faz do domicílio o local mais perigoso para uma mulher.

“O fato de as mulheres continuarem a ser vítimas deste tipo de violências, mais que os homens, denota um desequilíbrio nas relações de poder entre homens e mulheres na esfera doméstica”, acrescentou.

De acordo com os cálculos do UNODC, a taxa global de mulheres vítimas de homicídio eleva-se a 1,3 vítimas por 100 mil mulheres.

A África e as Américas são as regiões do mundo onde as mulheres correm maior risco de serem mortas pelo companheiro ou familiar.

Na África, a taxa é de 3,2 vítimas por 100 mil mulheres. Nas Américas, 1,6, na Oceânia 1,3 e na Ásia 0,9. A taxa mais baixa observa-se na Europa, onde é de 0,7.

A ONU acrescentou que “nenhum progresso tangível” para combater este crime foi conseguido nos últimos anos, “apesar das legislações e de programas desenvolvidos para erradicar a violência contra as mulheres”.

As conclusões do relatório “sublinham a necessidade de uma prevenção da criminalidade e de uma justiça penal eficazes para enfrentar a violência contra as mulheres”.

O documento defendeu também uma melhor coordenação entre a polícia e a justiça para que os autores da violência sejam responsabilizados pelos atos, e a importância de implicar os homens nas soluções, nomeadamente através da educação nas idades mais jovens.

Violência é obstáculo à participação

No âmbito da data assinalada este domingo, o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) defende que qualquer forma de violência contra as mulheres, além de um crime e de uma violação dos direitos humanos, representa “um obstáculo à plena participação” na vida econômica, social, política e cultural, com efeitos negativos no desenvolvimento e no progresso do País.

Entre as propostas avançadas pelo MDM para as políticas públicas está o incremento da prevenção primária nos centros de saúde e a assistência especializada em saúde mental (quer para a prevenção, quer para a reparação de danos e reintegração social); a formação das mulheres e meninas em igualdade de gênero para o reforço da sua autoestima e das suas competências relacionais, tal como a formação em comunicação e relacionamento entre os casais, nas famílias e nas comunidades, e a avaliação sistemática dos resultados da implementação dos planos contra a violência e da igualdade de gênero, e a articulação destes planos com as políticas de emprego e reinserção social.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
José Sena Goulão

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