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Unicef: pelo menos 1 milhão de crianças foram afetadas por ciclone em Moçambique

Diretora executiva diz que estão “numa corrida contra o tempo para ajudar e proteger as crianças nas áreas arrasadas” pelo desastre natural
Redação Unicef
Unicef
Moçambique

Tradução:

A diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, disse este sábado (23), que pelo menos 1 milhão de crianças foram afetadas pelo ciclone Idai em Moçambique e que os números podem ser muito maiores.

Henrietta Fore fez as declarações no final de uma visita à cidade da Beira, uma das zonas mais afetadas, uma semana após o ciclone.

Diretora executiva diz que estão “numa corrida contra o tempo para ajudar e proteger as crianças nas áreas arrasadas” pelo desastre natural

Unicef
Diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, Henrietta H. Fore, em visita à cidade da Beira

Corrida

A representante disse que a comunidade internacional e as autoridades nacionais estão “numa corrida contra o tempo para ajudar e proteger as crianças nas áreas arrasadas” por este desastre natural. 

De acordo com estimativas iniciais do governo, 1,8 milhão de pessoas em todo o país, incluindo mais de 900 mil crianças, foram afetadas pelo ciclone. No entanto, muitas áreas ainda não são acessíveis e o Unicef e parceiros acreditam que os números finais serão muito mais elevados.

Em nota, Henrietta Fore disse que “a situação vai piorar antes de melhorar” e que “as agências de ajuda ainda mal começaram a ver a escala dos danos.”

Danos

Aldeias inteiras foram submersas, prédios, escolas e centros de saúde foram destruídos. Fore disse que as operações de busca e salvamento continuam, mas que “é fundamental tomar todas as medidas necessárias para evitar a disseminação de doenças transmitidas pela água, o que pode transformar este desastre em uma grande catástrofe.”

Imagens tiradas no Distrito de Buzi | Instituto Nacional de Gestão de Calamidades – INGC 

O Unicef está preocupado com o facto de as inundações, combinadas com condições de superlotação nos abrigos, falta de higiene, água estagnada e fontes de água infectadas, causarem doenças como cólera, malária e diarreia.

As avaliações iniciais na Beira indicam que mais de 2,6 mil salas de aula foram destruídas e 39 centros de saúde tiveram impacto. Pelo menos 11 mil casas foram totalmente destruídas. Uma avaliação precisa dos danos gerais causados pelas inundações só será conhecida quando as águas começarem a descer. 

A chefe do Unicef afirmou que “isso terá sérias consequências na educação das crianças, no acesso aos serviços de saúde e no bem-estar mental.”

Em declarações à ONU News, desde Maputo, o coordenador de emergência do Programa Mundial de Alimentação, PMA, Pedro Matos falou sobre os trabalhos de assistência. 

“Depois desta fase de resgate, de salvar vidas, das pessoas que estavam em perigo, a segunda fase é de planeamento de todas as pessoas que têm de ser assistidas, as que foram afetadas pelas cheias e as que foram afetadas pelo ciclone, que é de uma escala muitíssimo superior, das centenas de milhar ou milhões de pessoas. O PMA começou a fazer distribuições de comida desde o início, desde segunda-feira, desde que tivemos acesso aos centros de acolhimento, e neste momento estamos a expandir toda a operação para aceder às pessoas que têm estado isoladas e que estão a ficar sem comida ou que já não comem há muitos dias.” 

Essas necessidades de longo prazo serão uma das preocupações de uma conferência internacional de doadores que deve ser realizada em Roma, Itália, no final de abril.

 Visita

Na Beira, Henrietta Fore visitou uma escola transformada num abrigo para famílias deslocadas. As salas de aula foram convertidas em quartos superlotados com acesso limitado a água e saneamento.

A diretora executiva disse estar particularmente preocupada com a segurança e o bem-estar de mulheres e crianças que ainda esperam para serem resgatadas ou estão amontoadas em abrigos temporários e em risco de violência e abuso. 

Fore explicou que também está preocupada “com crianças que ficaram órfãs pelo ciclone ou se separaram de seus pais no caos que se seguiu”.

Na Beira, a representante também visitou um armazém do Unicef que foi severamente danificado no ciclone, causando a perda de bens essenciais. 

 

Ajuda

O ciclone Idai começou como uma depressão tropical no Maláui, onde afetou quase 500 mil crianças. Depois de Moçambique, continuou para o Zimbábue, onde causou danos significativos às escolas e sistemas de água.

Henrietta Fore afirmou que “para as crianças afetadas o caminho para a recuperação será longo.” Segundo ela, as crianças precisarão recuperar o acesso à saúde, educação, água e saneamento.” Também será necessário “curar do profundo trauma que acabaram de sofrer.”

A representante lembrou que o Unicef está presente nos três países, mas informou que os recursos estão sobrecarregados.

Numa primeira fase, a agência precisa de US$ 30 milhões para esta resposta. Fore disse esperar que “os doadores públicos e privados sejam generosos com as milhares de crianças e famílias que precisam de apoio”.

Apelo

O Governo de Moçambique lançou uma atualização do seu apelo internacional pedindo US$ 102 milhões para atividades de emergência e reabilitação. O apelo é provisório e cobre apenas o período de março até final de agosto. 

Este apoio será dirigido a cerca de 650 mil vítimas das cheias e do ciclone Idai nas províncias de Maputo, Gaza, Sofala, Inhambane, Manica e Tete. 

O apelo abrange todas as áreas de atividade das Nações Unidas nas áreas de socorro e reabilitação.

Inclui necessidades básicas de alimentação, saúde e nutrição, água, saneamento, abrigos e programas educacionais.

Em nota, a ONU explica que uma prioridade é o programa de sementes e ferramentas, que fornecerá apoio importante ao setor agrícola agora arrasado.

Além disso, os fundos são necessários para reparar estradas e pontes, bem como para manter ativos de transporte aéreo em uma base comercial.

O objetivo desta apelo é preencher a lacuna entre as necessidades humanitárias e de recuperação de curto prazo e a implementação de um conjunto de projetos de reabilitação, que devem começar a ser concretizados a partir de setembro.

Em nota, as Nações Unidas dizem esperar que “os doadores continuem a contribuir generosamente para a reabilitação de Moçambique arrasado pelas cheias.”

Clique aqui e faça uma doação online para a Unicef, para ajudar as vítimas afetadas pelo Ciclone Idai.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Redação Unicef

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