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Extrema-direita europeia age como “péssimos torcedores de futebol”, critica política sueca

Extremistas são muito mais ativos nas mídias digitais, e atacam seus oponentes na internet. Eles odeiam e o ódio é mais fácil de promover do que o amor, diz
Erik Larsson
IPS
Estocolmo

Tradução:

Essa tem sido chamada de a eleição mais importante em décadas. As próximas eleições para o Parlamento Europeu terão lugar em maio, e alguns acreditam que será um trampolim para os partidos de extrema direita no futuro. Mas, quais seriam as consequências disso para os mercados de trabalho nos países membros da União Europeia?

“Eles são como aqueles péssimos torcedores de futebol. Eles vão tentar demonstrar seu poder e começar a cantar slogans toda vez que uma decisão precisa ser tomada”, diz a social-democrata sueca Marita Ulvskog.

Ela serviu como vice-presidente da Comissão do Emprego e dos Assuntos  Sociais do Parlamento Europeu por cinco anos, e liderou os sociais-democratas no Parlamento por outros dez.

Com as experiências daqueles anos em seu histórico, ela teve muitas ideias sobre como a extrema-direita na Europa raciocina sobre questões relacionadas ao mercado de trabalho. 

No momento, 7 dos 52 delegados do comitê pertencem a partidos que são considerados de extrema-direita. Entre eles estão a Aurora Dourada neonazista da Grécia, o populista de direita Rally Nacional e a Lega Nord da França e a Itália, e fascista Jobbik da Hungria.

Extremistas são muito mais ativos nas mídias digitais, e atacam seus oponentes na internet. Eles odeiam e o ódio é mais fácil de promover do que o amor, diz

IPS
Crescimento mundial da extrema-direita afeta UE

A extrema direita nos cinco maiores países da União Europeia

Alemanha. O partido populista de direita “Alternativa para a Alemanha”, foi fundado em 2012, mas cresceu rapidamente e é agora o terceiro maior partido do país. Eles são contra a imigração e céticos em relação à EU e acredita-se que recebam cerca de 12% na próxima eleição para o Parlamento Europeu, o que representa 5 pontos percentuais a mais que a última eleição.

França. O National Rally, liderado por Marine Le Pen, está previsto para obter cerca de 20 por cento, de acordo com várias pesquisas. São alguns pontos percentuais abaixo da última eleição, mas isso dificilmente afetará o número de assentos. O partido está previsto para se tornar a segundo maior do país.

Itália. A Lega Nord e o Movimento das Cinco Estrelas, que estão juntos no governo, terão apoio forte nas eleições da EU, mais de 32% e 22% dos votos, respectivamente. Acredita-se que o firme apoio a esses dois partidos seja um fator contribuinte sobre como a extrema direita está crescendo tanto no Parlamento Europeu.

Espanha. Até recentemente, extrema-direita tinha sido notavelmente ausente no país, mas em 2013, uma facção do Partido Popular conservador partiu para formar populistas que vêm crescendo de forma constante. O partido está previsto para terminar com pontuação de 8 a 13%.

Polônia. O partido do governo, Lei e Ordem está dominando a política polonesa e pode, de acordo com as previsões, obter apoio em cerca de 40%. Ao mesmo tempo, outro partido de direita está se fortalecendo, o partido populista de extrema direita Kukiz’ 15. O partido foi formado pelo roqueiro Pawel Kukiz, que é cético em relação à EU e quer reformar o sistema eleitoral polonês.

Reino Unido. É atualmente o terceiro maior país da EU, mas considerando o fato de que está deixando a EU, não foi incluído neste resumo.

Fontes: Enquete de Enquete Político – Eleições Europeias 2019, Europaportalen.

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Marita Ulvskog diz que os membros da extrema-direita costumam se unir quando votam. Em sua maioria, apoiam proposições dos partidos conservadores estabelecidos, mas as vezes votam em oposições de esquerda que se alinham às políticas sindicais. 

Os partidos de extrema-direita são frequentemente a favor de fortes políticas de subsídio de desemprego e de certos tipos de reforma do bem-estar social.

Na Polônia, o partido conservador do governo, Lei e Justiça, aumentou recentemente o apoio à criança. Na Hungria, o governo de Victor Orbán quer introduzir uma redução de impostos para mulheres com 4 ou mais filho, para encorajar as mulheres a darem a luz a mais crianças hungranianas.

“Eles, frequentemente, querem parecer progressistas em questões relacionadas aos direitos sindicais. Enquanto isso, eles votam diferentemente para nós quando se trata de questões relativas aos direitos das mulheres no mercado de trabalho”, diz Marita Ulvskog.

Nos últimos anos, vários sindicatos nacionalistas surgiram em toda a Europa.

No sul da Alemanha, alguns sindicatos de extrema direita se uniram sob o nome “Uniões Patrióticas”, que tem laços estreitos com o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha. 

Sua posição é mais forte dentro da indústria automobilística. A IG Metall tem tentado ativamente contrariar a organização deles e, até agora as uniões de extrema direita não tiveram muito sucesso.

O escritor e comentarista sueco Lars Jederlund tem seguido a política europeia desde a década de 1990 e, recentemente, lançou o livro Odesvalet (The Fateful Election), sobre partidos de direita na Europa.

Ele explica que é uma multidão heterogênea de grupos, com muitos princípios diferentes. Alguns são fascistas, outros religiosos fundamentalistas de direita ou populistas de direita. Ele coloca os democratas suecos no grupo “Partidos de extrema-direita etnocêntricos”, juntamente com a Lei e Justiça polonesa e o Partido do Povo Dinamarquês.

Com suas diferenças de lado, existem alguns fatores que os unem.

“Eles se opõem à imigração e à EU”, diz Lars Jederlund.

Se a extrema direita conseguir fortalecer sua posição após a eleição, o número de membros do parlamento com pontos de vista críticos sobre questões como acordos de livre comércio aumentará, o que poderá afetar o mercado de trabalho.

Esses partidos também são céticos quanto às iniciativas da União para reduzir a injustiça social.

Os democratas suecos se opõem fortemente ao Pilar Europeu dos Direitos Sociais, porque o partido teme que isso leve a regulamentações que afetarão o modelo sueco. 

Já hoje, 7 estados membros da EU são liderados por partidos de extrema-direita: Polônia, Hungria, Áustria, Itália, Eslováquia, República Tcheca e Bulgária. A maioria das pesquisas indica que partidos de direita vão aumentar seu número de representantes após a eleição. Enquanto o social-democratas da Europa provavelmente farão uma eleição fraca.

Marita Ulvskog explica que a razão para esse desenvolvimento é que os social-democratas europeus não tem sido tão bons partidos na narrativa. 

“Isso, é claro, é porque não podemos enganar as pessoas. Temos que nos ater à verdade e eles não”.

Franziska Schroter, do Think Tank político alemão Friedrich Ebert Stiftung, que tem laços estreitos com os social-democratas alemães, trabalha analisando o crescimento do movimento de extrema-direita. Ela diz que esses partidos políticos se esforçam muito para espalhar sua mensagem online.

“Aqui, a Alternativa para a Alemanha tem cerca de 20 funcionários trabalhando com mídias sociais para espalhar as mensagens de seus parlamentares. Os social-democratas têm dois.

“Essa é uma lacuna enorme. Você poderia dizer que os partidos estabelecidos estão se concentrando em fazer o seu trabalho e avançar na política, enquanto Alternativa para Alemanha, estão se concentrando na comunicação. ’’

Há outro fator também. Os seguidores da extrema-direita são muito mais ativos nas mídias digitais, e atacam seus oponentes na internet.

“Eles são apaixonados e eles odeiam”, ela diz.

“Ódio é um sentimento muito mais fácil de promover do que o amor. Afetar os outros espalhando o medo é muito eficaz. ‘’

Tradução: Ana Lúcia Viana


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Erik Larsson

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