Conteúdo da página
ToggleNesta sexta, 31 de março de 2023, o golpe que implantou 21 anos de ditadura militar no Brasil completou 59 anos. Na verdade, ocorreu a 1º de abril. Mas como nesta data se celebra o Dia da Mentira, os militares recuaram a comemoração para 31 de março.
A onda bolsonarista suscitou mobilizações favoráveis à volta da ditadura. A maioria dos que se opõem à democracia não têm ideia do que é um regime ditatorial: a censura que escondia da opinião pública as atrocidades praticadas nos porões do sistema repressivo; os reais índices econômicos do país; a corrupção que imperava nos sucessivos governos militares
Assista na TV Diálogos do Sul
Fui preso duas vezes pela ditadura. A primeira, em junho de 1964, pelo “crime” de ser dirigente nacional da Juventude Estudantil Católica. Arrastado ao quartel da Marinha, no Rio, torturaram-me com socos e pontapés.
Queriam que eu confessasse ser o Betinho (o mesmo que, mais tarde, liderou a luta contra a fome no Brasil ao criar a Ação da Cidadania), dirigente da Ação Popular, organização de esquerda de origem cristã.
Ao se convencerem de que eu não era quem procuravam, queriam que eu denunciasse o paradeiro dele, ignorado por mim. Fiquei 15 dias detido, entre prisão da Ilha das Cobras e domiciliar. Não houve processo.
Memorial da Resistência
Hoje, nossa frágil democracia é ameaçada pelos terroristas que querem impor a lei da força sobre a força da lei
Segunda prisão
A segunda, que durou quatro anos, em 1969, por dar fuga a perseguidos políticos, atitude sacramentada pela Bíblia. Fiquei dois anos entre presos políticos e mais dois junto a presos comuns. O STF reduziu minha pena de quatro para dois anos no mês em que eu completava os quatro… Isso se chama: ditadura! Como restituir minha vida nos dois anos que fiquei privado de liberdade?
Como disse Churchill, “ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Dizem que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos.”
Macarini: o herói que optou por um fim glorioso ao invés de morrer nas mãos da ditadura
Correu muito sangue para resgatar a democracia brasileira após 21 de regime militar. Quem tem interesse em se informar, sugiro meus livros “Cartas da prisão” (Companhia das Letras), “Batismo de sangue” e “Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (ambos da Rocco).
Hoje, nossa frágil democracia é ameaçada pelos terroristas que, fanatizados pelo bolsonarismo, querem impor a lei da força sobre a força da lei. E pelos militares e civis que ainda insistem em negar que houve golpe em 1964 e adotam os eufemismos “revolução” e “movimento”. E, sobretudo, acreditam em fantasmas, pois até na farda do Corpo de Bombeiros enxergam comunismo…
O governo Lula veio resgatar a democracia brasileira. Acima do partidarismo, somos todos chamados a aprimorá-la e evitar o retrocesso histórico que só beneficiará uma minoria privilegiada. E reinstalará o terror em nosso país.
Frei Betto | escritor, autor de “Tom vermelho do verde” (Rocco), entre outros livros. Livraria virtual: freibetto.org
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Assista na TV Diálogos do Sul
Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.
A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.
Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:
-
PIX CNPJ: 58.726.829/0001-56
- Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
- Boleto: acesse aqui
- Assinatura pelo Paypal: acesse aqui
- Transferência bancária
Nova Sociedade
Banco Itaú
Agência – 0713
Conta Corrente – 24192-5
CNPJ: 58726829/0001-56 - Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br
- Receba nossa newsletter semanal com o resumo da semana: acesse aqui
- Acompanhe nossas redes sociais:
YouTube
Twitter
Facebook
Instagram
WhatsApp
Telegram