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Apoio a grevistas é ‘mudança tectônica’ de Biden de olho nas eleições de 2024

Em 35 ocasiões, nos últimos 70 anos, presidentes estadunidenses emitiram ordens para suspender ou anular greves
Jim Cason
La Jornada
Washington

Tradução:

Os trabalhadores da indústria automotiva em greve conseguiram uma vitória maior nesta terça-feira (26), quando pela primeira vez na história do país convenceram um presidente estadunidense ativo a somar-se a um piquete e endossar suas demandas contra os principais três fabricantes de veículos por aumento salarial e o fim de medidas injustas.

“Este é um momento histórico; pela primeira vez na história de nosso país um presidente ativo se mostrou na linha do piquete. Nosso presidente optou por apoiar-nos em nossa luta pela justiça econômica e social”, declarou Shawn Fein, o presidente do sindicato nacional de trabalhadores automotrizes UAW, em um discurso diante das grades de uma fábrica de autopeças da General Motors em Belleville, Michigan, perto de Detroit.

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O presidente Joe Biden disse ali que “estas empresas estavam em apuros, e agora estão incrivelmente bem, e, adivinhem? Vocês deveriam estar incrivelmente bem. Vocês merecem um aumento salarial significativo e outros benefícios”.

Com um boné do UAW na cabeça e uma jaqueta com o logotipo presidencial, Biden ganhou ainda mais gritos de apoio quando repetiu “vocês merecem um aumento”, e pouco depois pareceu endossar a demanda do sindicato por um aumento de 40% do salário ao longo da duração do contrato coletivo.

Em 35 ocasiões, nos últimos 70 anos, presidentes estadunidenses emitiram ordens para suspender ou anular greves

Foto: Joe Biden – Reprodução/Twitter
Joe Biden no movimento grevista do UAW nesta terça-feira (26)

Convite

Para o presidente do UAW Fein, que fizera publicamente um convite ao presidente para que visitasse os piquetes de greve nas já agora 38 fábricas em 20 estados, a visita do mandatário é parte importante do esforço de seu sindicato para ampliar seu poder político e atrair outros setores para o apoio à greve que está prestes a completar três semanas desde que começou. Em algumas das fábricas falou-se de tentativas das empresas de ganhar fura-greves enquanto executivos ameaçam fechar algumas fábricas argumentando que salários mais altos exigidos pelo sindicato levarão a que não possam competir com empresas não sindicalizadas.

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Mas Fein, enquanto rejeita os argumentos dos executivos e denuncia as manobras para gerar temor junto aos trabalhadores sobre o futuro de seus empregos, continua caracterizando esta greve como algo com muito maior alcance do que uma disputa sobre os salários de seus trabalhadores.

“Trata-se de trabalhadores automotivos que são uma parte do tecido da classe trabalhadora neste país. Somos as pessoas que fazem que o mundo funcione, não, a classe de multimilionários, não as elites”. Com o presidente Biden ouvindo, Fein acrescentou: “é a classe trabalhadora, milhares de milhões de pessoas que deixaram para trás.  É disso que se trata nesta batalha, mudar isso. É o que decidamos fazer juntos que mudará o futuro desta Terra para as gerações do futuro”.

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Para Biden, que costuma enfatizar que encabeça “o governo mais pró-sindicalista na história”, a visita tinha sua lógica política, embora se relate que parte de sua equipe na Casa Branca expressou preocupações com um presidente apoiando uma greve que talvez seu governo tivesse que mediar em um futuro próximo, e outros pensando em possíveis consequências políticas adversas para o presidente caso a disputa se deteriore.

Mas a decisão de prosseguir com o ato simbólico histórico de visitar os grevistas também foi em parte estimulado pelo anúncio de que o ex-presidente Donald Trump planejava visitar Michigan, sede histórica da indústria automotiva, e expressar seu apoio aos trabalhadores nesta quarta-feira (27).

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O cálculo político e eleitoral de fato demorou a decisão de apoiar expressamente o sindicato com uma visita até sexta-feira passada, mas como relatou o Politico, “a decisão de Biden de expressar solidariedade aos trabalhadores de autos em greve em um momento de grande promessa e perigo para o movimento trabalhista representou uma mudança tectônica para um posto historicamente conhecido por furar greves, não por apoiá-las”.

De fato, como afirmou o historiador trabalhista Jeff Schurke em In These Times, nesta terça-feira, cinco presidentes enviaram tropas para furar greves, o presidente Ronald Reagan despediu 11 mil controladores aéreos que estavam em greve e em 35 ocasiões, nos últimos 70 anos, presidentes estadunidenses emitiram ordens para suspender ou anular greves de acordo com uma lei promulgada nos anos 1940.

O líder da UAW Fein divulgou uma mensagem na sexta-feira (22) afirmando que “o mundo está observando, e os povos estão do nosso lado… Desde a África do Sul à Malásia continuamos recebendo cartas e mensagens de apoio, alentando nossos membros a manterem-se em linha e ganhar em grande – e isso faremos”.

Jim Cason e David Brooks | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Ana Corbisier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Jim Cason Correspondente do La Jornada e membro do Friends Committee On National Legislation nos EUA, trabalhou por mais de 30 anos pela mudança social como ativista e jornalista. Foi ainda editor sênior da AllAfrica.com, o maior distribuidor de notícias e informações sobre a África no mundo.

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