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ToggleEm seu primeiro comentário público sobre o atual conflito no Oriente Médio, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta terça-feira (10) que o enfrentamento entre israelitas e palestinos é “uma clara demonstração do fracasso da política dos Estados Unidos” na região.
As declarações foram feitas durante seu encontro com o primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia’ al Sudani, que chegou à Rússia para assistir, como convidado especial, à Semana Energética, foro que começou nesta quarta-feira (11).
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Putin argumentou que Washington “tentou monopolizar o arranjo político, mas lamentavelmente não se precaveu em buscar fórmulas de compromisso que pudessem ser aceitáveis para as duas partes. Pelo contrário, ao expor sua própria visão do que tinha que ser feito, só pressionou ambas as partes, às vezes a um e em ocasiões também o outro”.
O líder russo acrescentou ainda que os EUA sempre agem assim, “sem levar em conta os interesses legítimos do povo palestino, [além de não] cumprir as resoluções do Conselho de Segurança da ONU para criar um Estado palestino independente, soberano”.
Agenda bilateral
Antes de revisar a agenda bilateral e de expressar a convicção de que a Rússia e o Iraque desempenham um papel relevante no mercado do petróleo e, portanto, devem manter sua coordenação no marco da aliança OPEP+ (os 13 membros da organização exportadoras de petróleo e os 11 que participam na tomada de decisões, Rússia e México entre eles), Putin e Shia al Sudani exortaram às partes envolvidas nesse conflito a “reduzir a zero” o dano à população civil (no Oriente Médio).
Entretanto, a Agência Federal de Transporte Aéreo (Rosaviatsia) proibiu a partir de 16 de outubro os voos noturnos entre Rússia e Israel, que operam as linhas aéreas russas Azimuth e Red Wings, devido à “instável situação política e militar em Israel”.
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As restrições de aplicam das 22:00 GMT às 4:00 GMT e durante o resto do dia “cada companhia deve avaliar o risco para operar seus voos, dependendo das recomendações que emita a OACI (organização da aviação civil) para voos comerciais cerca e sobre zonas de conflito”, explicou Rosaviatsia.
A missão russa junto da Autoridade Nacional Palestina, segundo a sua porta-voz, Aliya Zaripova, recebeu 280 pedidos de repatriamento de pessoas, a maioria russas mas também de outras ex-repúblicas soviéticas, residentes na Faixa de Gaza.
Por enquanto, a Rússia não planeia enviar aviões para repatriar os seus cidadãos que manifestaram o desejo de deixar Israel e a Faixa de Gaza. “Quem quiser partir pode fazê-lo em voo regular”, disse a porta-voz, María Zakharova, na sua conferência de imprensa semanal.
Até ao momento, a embaixada russa em Tel Aviv informou que quatro cidadãos russos com dupla nacionalidade, inscritos no registo consular, morreram durante o ataque do grupo armado Hamas.
Foto: Grigory Sysoev, Kremlin
Discurso na sessão plenária do fórum internacional “Semana da Energia Russa”
Rússia e a Liga Árabe condenaram “a violência em qualquer de suas formas
A Rússia e a Liga Árabe condenaram “a violência em qualquer de suas formas” e exortaram “a todos” a “cessar de imediato o derramamento de sangue” para sentar-se a negociar um arranjo político do conflito entre Israel e Palestina, que tem que se basear nas resoluções aprovadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que pressupõem a existência, em um contexto do paz e segurança, de dois Estados.
O chanceler Serguei Lavrov recebeu na capital russa o secretário geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, com quem coincidiu em que “não pode adiar mais” a solução do “problema palestino” e que deve ser cumprido os acordos das Nações Unidas.
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Na sua opinião, urge reverter quanto antes a escalada do conflito que corre o risco de se estender a toda a região. “A Faixa de Gaza se tornou objetivo de operações de resposta por parte de Israel, se observa uma séria “ebulição” na Cisjordânia; aumentar o potencial de conflito na fronteira entre o Líbano e Israel”, disse Lavrov durante o entrevista coletiva ao término das conversações do hóspede árabe.
A Rússia – indicou o chefe de sua diplomacia – “não está de acordo com aqueles que consideram que a segurança se alcança exclusivamente lutando contra o extremismo e o “terrorismo” já que esse enfoque “socava as decisões da ONU”.
Para Lavrov, Estados Unidos “pratica uma política destrutiva”, a qual “frustras os esforços coletivos” no marco do Quarteto do Oriente Médio (Estados Unidos, ONU, Rússia e União Europeia), mecanismo clave para concretizar as resoluções dos organismo mundial. Em lugar de impulsionar o labor do Quarteto, EUA “intenta monopolizar as gestões de mediação e afastar o diálogo entre palestinas e israelenses do debate para lograr um arranjo político para criar o Estado palestino”.
Círculo vicioso
Do seu lado, o secretário geral da Liga Árabe criticou “o círculo vicioso de violência” que existe no Oriente Médio como “consequência do fracasso no cumprimento dos acordos e resoluções do Conselho de Segurança da ONU” e destacou que sua organização mantém a “mesma posição lógica e equilibrada” que tem a Rússia.
À pergunta se tinha informação sobre armas proporcionadas pelos Estados Unidos e seus aliados à Ucrânia que supostamente estariam em mãos do grupo armado Hamas, Lavrov respondeu que “desde há tempo, a Rússia denunciou no Conselho de Segurança da ONU que grande quantidade de armas fornecidas pelo Ocidente se espalham pelo mundo através de contrabandistas e outros ilegais vendedores destas mercadorias mortíferas, mas ninguém quer mover um dedo”.
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Em Kiev, o serviço de inteligência militar da Ucrânia difundiu um comunicado que acusa a Rússia de inculpá-lo por revender as armas que recebe. “o exército russo entregou aos terroristas do Hamas armas fabricadas nos Estados Unidos e em países da União Europeia capturadas durante as hostilidades na Ucrânia com o propósito de desacreditar o exército da Ucrânia e deter o fornecimento de ajuda militar (do Ocidente)”, sustenta.
A modo de recordatório de que Ucrânia continua necessitando a assistência estrangeira, o residente Volodymyr Zelensky – em uma mensagem desde Kiev por videoconferência à sessão anual da Assembleia da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que é celebrada em Copenhague– comparou o ataque de Hamas com a invasão russa à Ucrânia.
“As intenções declaradas são diferentes, mas a essência é a mesma. Se vê o mesmo sangue nas ruas, os mesmos carros de civis em chamas, os mesmos corpos de pessoas torturadas”, apontou.
Com a atenção do mundo centrada nestes dias no Oriente Médio e ante as discrepâncias que surgiram entre os republicanos no Congresso dos EUA a respeito da ajuda militar e financeira à Ucrânia, se aprecia certa preocupação nas declarações de funcionários ucranianos. Por exemplo, o chanceler Dmytro Kuleba, em uma recente entrevista coletiva reconheceu que “enquanto mais perto estejam as eleições presidenciais nos Estados Unidos haverá mais problemas difíceis” para receber a assistência estrangeira.
Esta preocupação não passou inadvertida para o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que afirmou: “Quanto às declarações suspicazes que chegam de Kiev, em repetidas ocasiões temos dito que o processo de encher de armas o regime de Kiev vai entrar em uma tendência de baixa. Isto vai suceder de maneira inevitável porque as possibilidades têm limites, o dinheiro costuma acabar, aparecem novas necessidades, fadiga emocional e cada vez mais perguntas justificadas acerca de em que se gastam os impostos dos contribuintes”.
Tratado de paz entre Armênia e Azerbaijão
A assinatura de um tratado de paz entre Armênia e Azerbaijão, cujo primeiro passo consensual para obter um documento que certifique o fim de mais de 30 anos de disputa territorial em Nagorno-Karabakh que estava previsto para esta quarta-feira na cidade espanhola de Granada, com a mediação da Alemanha, França e a União Europeia, terá que esperar, pois a reunião foi cancelada.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, declinou viajar a Espanha pela “atmosfera antiazerí” que, de acordo com APA, a agência noticiosa oficial desses países do Cáucaso do sul, foi criada pelos mediadores.
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Na véspera, a chancelar, Catherine Colonna, ao reunir-se em Ereván com o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinián, condenou os “crimes” cometidos pelo Azerbaijão em Nagorno-Karabakh, enclave armênio que proclamou sua independência em 1991 e, ao ninguém acudir em sua ajuda, se dissolveu depois de dia e meio de intensos bombardeios e combates.
Colonna anunciou também que Paris vai fornecer armas a Ereván para que “possa fazer frente à ameaça” de Baku, acusação que a chancelaria azerí qualificou de “infundada” ao insistir que a região do Karabakh é desde sempre parte de seu território.
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De seu lado, Alemanha rechaçou a petição do Azerbaijão de incluir no encontro o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o principal aliado de Bakú, que a raíz do desaire se declarou “resfriado”, pelo qual tampouco assistirá ao encontro da Comunidade Política Europeia a ser celebrado nesta quinta-feira na mesma cidade andaluza.
Entretanto, em entrevista para o canal de televisão Euronews na terça-feira anterior, Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, um dos cargos mais importantes da União Europeia, mostrou-se “extremamente decepcionado” pelo decisão do Azerbaijão de resolver pela força o conflito antigo e acusou a Rússia de manter-se à margem em Nagorno-Karabakh, de “trair o povo armênio”.
Resposta russa
A porta-voz da chancelaria russa, María Zakharova, respondeu ao funcionário europeu assim: “Quero recordar-lhe ao senhor Michel que foi precisamente a União Europeia a que convocou as cúpulas de Praga e Bruxelas. Onde a dirigência da Armênia reconheceu que que Nagorno-Karabakh era parte do Azerbaijão; antes diziam o contrário, que era território armênio. Já se esqueceram? E porque nesses encontros não fizeram nada em benefício da segurança da população armênia de Nagorno-Karabakh? Porque não lhes importa. Agora para retirar-se da responsabilidade tratam de enlodar as ações de nosso país”.
A todo isto, Ilhan mandou a mensagem de que não está contra de sentar-se para negociar, mas o fará unicamente com a Armênia e a União Europeia, já que considera “inadmissível” que a França e Alemanha participem em qualquer formato.
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Pashinian, de seu lado, disse que viajará a Granada, e expressou a esperança de que “no momento oportuno” possa firmar-se o “documento conceitual que está sobre a mesa”, um tratado que, no sua opinião, “responde aos interesses da paz e da estabilidade na região”.
Segundo uma missão da Nações Unidas que acaba de visitar Nagorno-Karabakh, no dia de hoje permanecem na região tão só “não mais de mil pessoas etnicamente armênias, dos 120 mil habitantes que tinha no começo de 2023..
À margem das pessoas que abandonaram o enclave antes da operação militar azerí, desde 20 de setembro – quando capitularam as autoridades da autoproclamada república independente de Artsaj e anunciaram sua dissolução – 100.632 karabajís fugiram à Armênia, temendo represálias (similares às que sofreram dos azeris do Karabaj em 1994 depois da primeira guerra entre Yereván e Baku) durante a “reintegração” que Azerbaijão se propõe levar a cabo.
Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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