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ToggleAinda não há um ganhador nas eleições de meio mandato dos EUA. No entanto, o que se sabe é que não houve a onda republicana prognosticada, aguando o festejo que a direita alinhada com o ex-presidente Donald Trump preparava.
Três contendas ainda não resolvidas definirão se os democratas defenderão sua maioria no Senado contra os republicanos, com uma delas, a da Geórgia, quase seguramente procedendo – igual há dois anos – a um segundo turno programado para 6 de dezembro.
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Na câmara baixa, nenhum partido captou ainda as 218 cadeiras necessárias para ser maioria, embora os republicanos estejam sendo favorecidos para obter a maioria, mas por uma margem muito mais reduzida frente aos democratas, e nem isso está assegurado.
O panorama é bem recebido pelos democratas e seu presidente Joe Biden, já que ao longo das últimas décadas o partido na Casa Branca sempre perde um número significativo de cadeiras no Congresso.
Biden declarou nesta quarta (9) que “nossa democracia foi posta à prova em anos recentes, mas com seus votos, o povo estadunidense expressou-se e comprovou uma vez mais que a democracia é o que somos… hoje foi um bom dia para a democracia”.
Para os republicanos, e sobretudo para as forças alinhadas com Trump, o resultado não só é inesperado, mas detona divisões internas enquanto diferentes bandos se culpam. Reportou-se que Trump estava particularmente enfurecido com a derrota de seu candidato para o Senado na Pensilvânia, assim como vários outros que apoiou, já que isso debilitará seu poder dentro do seu partido.
Reprodução – Twitter
54% dos eleitores desaprovam Joe Biden, segundo pesquisas de boca de urna da CBS News
Competição interna
Ao mesmo tempo, o triunfo esmagador na reeleição do governador da Flórida, Ron DeSantis, gera de imediato uma competição interna pela candidatura presidencial dos republicanos em 2024. Trump já ameaçou que se DeSantis se atrever a lançar-se à Casa Branca, “poderia ser prejudicado”, já que “eu posso dizer coisas sobre ele que não seriam elogiosas, sei mais sobre ele que qualquer um, mais do que, talvez, sua esposa”.
Porém as filas do partido republicano continuam sendo fiéis ao ex-presidente. Além disso, Trump, combinado com DeSantis e com a reeleição de Greg Abbott, no Texas, garante que a mensagem anti-imigrante continuará sendo o centro do discurso republicano, junto com a recusa ao direito ao aborto, a proibição de livros e outros materiais considerados antiamericanos e o racismo – sem considerar a supremacia branca, latente em tudo isso.
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Em um comentário clássico de Trump na noite da eleição, afirmou: “bom, se ganham (os republicanos) devem me dar todo o crédito. Se perdem, não deveriam me culpar de nada”.
Alívio
Por ora, muitos democratas e observadores liberais e progressistas suspiram com alívio, e ressaltam que a resistência contra os piores elementos trumpistas – incluindo candidatos que rechaçam a legitimidade das eleições de 2020, forças antiaborto e anti-imigrantes, entre outros – conseguiu frear o que muitos, incluindo o próprio presidente, advertiram que era uma ameaça existencial ao sistema democrático.
Ante a ofensiva antiaborto da direita republicana, incluindo seu grande triunfo de anular o direito constitucional ao procedimento pela maioria conservadora da Suprema Corte instalada por Trump, medidas para defender o direito das mulheres sobre seus próprios corpos e/ou esforços para repudiar propostas antiaborto triunfaram em cinco estados, entre eles em dois conservadores, Kentucky e Montana.
Ao mesmo tempo, medidas submetidas a referendo sobre a legalização da maconha para uso recreativo prosperam em mais dois estados, Maryland e Missouri, embora fossem rechaçadas em outros três estados. Com isso, 21 estados e a capital legalizaram a maconha para uso recreativo.
Derrotas republicanas
Também foi notável que em alguns estados chaves, incluindo Michigan, Wisconsin e Pensilvânia, foram derrotados candidatos republicanos para governador, procurador estadual e secretário de estado, que promoveram a versão falsa de Trump sobre a eleição de 2020. Com isso, se frustrou por ora o esforço para instalar funcionários encarregados de administrar eleições em seus estados com a intenção de favorecer o ex-presidente e seus aliados, sobretudo para o próximo ciclo eleitoral.
Mas nem todos foram derrotados, incluindo aliados firmes de Trump como J.D. Vance, em Ohio, Ron Johnson, em Wisconsin (triunfando por uma margem mínima contra Mandela Barnes), e o deputado Ted Budd, na Carolina do Norte, entre outros, que triunfaram e serão parte do próximo Congresso.
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Enquanto se esperam mais resultados, o cenário mais provável segundo o consenso dos especialistas é de que a câmara baixa seja controlada pelos republicanos, mas com uma margem muito menor do que o esperado e um Senado que seguirá empatado. Isso, segundo o veterano observador e jornalista político Jeff Greenfield, “representa uma das melhores conquistas para o partido na Casa Branca em décadas”.
Agenda perdida
Porém, Greenfield adverte que enquanto os democratas estão festejando que a eleição não resultou em um massacre político para eles, enfrentam o fato de que a agenda legislativa de Biden para os próximos dois anos ficará basicamente anulada (se os republicanos controlarem uma das câmaras).
Mais ainda, segundo pesquisas de boca de urna, mais de dois terços dos eleitores, incluindo uma maioria democrata, expressaram que não desejam que Biden se apresente como candidato presidencial em 2024.
54% dos eleitores desaprovam o atual presidente, segundo pesquisas de boca de urna da CBS News. Trump tampouco é favorito entre os eleitores, com 60% deles com uma percepção negativa do ex-presidente. 2024, por ora, é um concurso entre dois candidatos sem apoio majoritário.
David Brooks | Correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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