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No G20, Brasil denuncia trilhões gastos em armas e paralisia da ONU sobre Ucrânia e Gaza

Confrontos diplomáticos e divergências sobre Ucrânia e Gaza marcam o encontro, no Rio de Janeiro, desafiando a busca por soluções políticas e a inclusão da sociedade civil
Juraima Almeida
Estratégia.la
Buenos Aires

Tradução:

Como presidente da aliança multilateral com as potências econômicas do mundo – que conta com a presença da União Africana e da União Europeia –, o Brasil solicitou aos demais representantes abordar a reforma dos organismos internacionais como as Nações Unidas, os bancos de financiamento e o Conselho de Segurança.

A cúpula do G20, no Rio de Janeiro, primeira de alto nível deste fórum internacional presidido neste ano pelo Brasil, aconteceu em meio à movimentação causada pelas declarações de Lula sobre o genocídio operado por Israel na faixa de Gaza contra os palestinos desde 7 de outubro de 2023. Soma-se o conflito entre a Rússia e a Ucrânia – apoiado pelas forças ocidentais – que entrou em seu terceiro ano na última sexta-feira (24).

Ainda que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, descreva o G20 das principais economias como o “fórum com a maior capacidade para influir positivamente na agenda internacional”, as divisões se acentuam.

O número e a gravidade dos conflitos voltou ao nível da Guerra Fria, o que torna mais urgente a reforma dos organismos multilaterais para prevenir novos conflitos e deixar de apagar fogos. Mas será difícil obter grandes acordos neste ano, devido às eleições em alguns países membros, como os Estados Unidos.

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Confrontos diplomáticos e divergências sobre Ucrânia e Gaza marcam o encontro, no Rio de Janeiro, desafiando a busca por soluções políticas e a inclusão da sociedade civil

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Mauro Vieira fala após reunião de chanceleres do G20, na Marina da Glória, zona sul do Rio de Janeiro, em 22 de fevereiro de 2024

As instituições multilaterais não estão devidamente equipadas para lidar com os desafios atuais, como demonstra a inaceitável paralisia do Conselho de Segurança em relação a Ucrânia e Gaza, acusou o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, ante seus pares, ao abrir o encontro. Este estado de inação implica diretamente na perda de vidas inocentes, denunciou.

Inclusive de chegar à reunião de Ministros de Assuntos Exteriores do G20, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, utilizou seus perfis nas redes sociais e uma entrevista com a Rede Globo para dar voz às posições de Moscou sobre a guerra na Ucrânia, afirmando que “o Ocidente deve deixar de encher o país de armas”. A cúpula foi precedida ainda pela reunião entre o secretário de Estado estadunidense, Antony Blinken, e Lula, em Brasília.

O chanceler brasileiro Mauro Viera tentou acalmar as tensões na abertura do encontro, apresentando o fórum como um lugar “onde países com visões opostas podem se sentar a uma mesa para um diálogo frutífero”: um formato para buscar uma solução política para a paz, porque é “inaceitável que o mundo supere o patamar dos dois trilhões de dólares em gastos militares, enquanto os destinados a lutar contra a mudança climática não chegam a 100 bilhões de dólares ao ano”.

O Brasil criticou duramente a paralisia do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para resolver os conflitos na Ucrânia e na Palestina, devido aos vetos dos Estados Unidos e da Rússia, dois de seus cinco membros permanentes e com direito a aplicar esta medida. “Não é nosso interesse viver em um mundo fraturado”, garantiu Mauro Vieira.

A intenção do Brasil é levar adiante um G20 inclusivo, com a participação da sociedade civil, além da realização de um G20 Social, ancorado na construção de consensos e voltado para a obtenção de resultados e soluções concretas que beneficiem todas as pessoas, segundo o comunicado divulgado.

A vontade de pôr na mesa uma linha de “moderação e equilíbrio, dentro da firmeza da posição atlântica” foi expressa pelo vice-ministro do Exterior da Itália, Edmondo Cirielli, que definiu Lavrov como servidor “de um tirano” que “tenta defender o indefensável”, enquanto se dizia disposto a “utilizar toda a capacidade da Itália para tentar acalmar o clima”.

Lavrov comentou que os países do G20 deveriam atrair grandes associações de integração do Sul Global para participarem plenamente do trabalho do grupo e lembrou que, há um ano, em Nova Déli, foi acordado que o fortalecimento das instituições globais deveria ser alcançado aumentando a voz dos países em desenvolvimento.

“A União Africana uniu-se a nossas fileiras. Creio que não devemos nos deter e precisamos fazer com que as principais estruturas de integração de outras regiões do Sul Global participem com equidade de nosso trabalho”, defendeu Lavrov na sessão plenária.

Juraima Almeida | Pesquisadora brasileira, analista associada ao Centro Latino-americano de Análise Estratégica (CLAE, www.estrategia.la).
Tradução: Ana Corbisier
Edição: Guilherme Ribeiro


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Juraima Almeida

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