Um investimento de mais de três bilhões de dólares em complexos produtivos que darão resultados em 2024, reafirmados no ano que conclui o progresso da Bolívia rumo a uma economia de base ampla.
“Estamos vivenciando a mudança estrutural que almejamos rumo a uma Bolívia produtiva e industrializada; a nível nacional estamos investindo mais de 25 bilhões de bolivianos (três bilhões de dólares) em diversas plantas industriais”, disse o presidente Luis Arce.
Pelo seu impacto futuro na trajetória de substituição de importações, destaca-se entre esses projetos a criação, em 26 de abril, da Empresa Pública Produtiva da Indústria Química Boliviana (IBQ), que economizará 1,4 bilhão de dólares anuais.
“Vamos investir três mil e 409 milhões de bolivianos (487 milhões de dólares) para formar uma indústria própria de química básica, com matérias-primas bolivianas, para deixar de importar esses mil e 400 milhões de dólares”, afirmou Arce.
O IBQ pretende localizar quatro fábricas no município de Uyuni, Potosí, para a produção de ácido sulfúrico, ácido clorídrico, carbonato de sódio, hidróxido de sódio, cálcio e cloreto de cálcio.
O dignitário explicou que a nova corporação se tornará o “eixo articulador” das matérias-primas, seu processamento e industrialização, e consolidará a presença de produtos 100% bolivianos nos mercados mundiais. Reforçou que seu governo “é o da industrialização da Bolívia”.
Lamentou o tempo perdido, porque, como recordou, este processo deveria ter começado nas décadas de 1960 e 1970, como aconteceu noutros países da região e do mundo, razão pela qual é agora necessário que esta nova empresa reduza gradualmente a importação de insumos químicos.
De outro ponto de vista, significou que este investimento gerará fontes de emprego e garantirá a participação nos mercados mundiais com produção 100% boliviana.
O chefe de estado informou que estas quatro fábricas do IBQ são as primeiras das 42 que, a partir da industrialização do lítio, levantarão economicamente o departamento de Potosí.
“Este é um investimento que vale a pena”, disse o dignitário e exortou os deputados da Assembleia Legislativa Plurinacional a acompanharem esta nova etapa histórica do país, lembrando-lhes que quando aprovam uma lei não estão a apoiá-lo ou ao Governo, mas sim ao povo boliviano.
Como insumos, o ácido sulfúrico é utilizado para a produção de fertilizantes, o hidróxido de sódio é utilizado para a fabricação de papel, o carbonato de sódio é essencial na indústria de cimento, o ácido clorídrico possibilita o tratamento da água e o cloreto de cálcio é fundamental na indústria de laticínios.
Essa gama de substâncias impacta decisivamente esferas como agricultura, farmacêutica, mineração, hidrocarbonetos, energia, construção, alimentos, sucos, bebidas, indústrias de papel e vidro, entre outras.
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Foto: Reprodução/Facebook
“Neste 2024 vamos começar a mostrar o que significa a industrialização com as nossas mais de 150 fábricas", afirma o governo da Bolívia
Base ampla
A vice-ministra da Comunicação, Gabriela Alcón, por sua vez, sustentou que em 2024 serão visíveis os resultados da política de industrialização com substituição de importações, que inclui a construção e operação de mais de 150 indústrias, das quais duas já estão em pleno funcionamento. funcionando e começar a consolidar a economia de “base ampla”.
“Neste 2024 vamos começar a mostrar o que significa a industrialização com as nossas mais de 150 fábricas (…), que foram mostradas, que foram instaladas (…)”, garantiu Alcón em declarações à imprensa em La Paz.
Até ao momento, foram entregues à Fábrica de NPK (nitrogénio, fósforo e potássio) para produção de fertilizantes granulados, em Cochabamba, e a Planta Industrial de Carbonato de Lítio, em Llipi, sudoeste do departamento de Potosí.
Para produzir NPK, a Empresa Boliviana de Industrialização de Hidrocarbonetos (EBIH) obterá a matéria-prima das empresas Yacimientos Petrolófilos Fiscales Bolivianos (YPFB), Yacimientos de Litio Bolivianos (YLB) e das pedreiras de Cochabamba.
O projeto exigiu um investimento de 63,7 milhões de bolivianos (mais de nove milhões de dólares) e tem capacidade de produção de cerca de 60 mil toneladas por ano de NPK e uréia granulada de liberação lenta, dois fertilizantes de alta demanda no mundo.
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Segundo as autoridades bolivianas, esta produção cobrirá 100% da procura nacional, razão pela qual este insumo deixará de ser importado.
Já inaugurada no último dia 15 de dezembro, a Planta Industrial de Carbonato de Lítio foi construída ao custo de quase 767 milhões de bolivianos (109 milhões de dólares), e quando estiver em plena capacidade fornecerá anualmente cerca de 15 mil toneladas do composto.
O vice-ministro Alcón disse à imprensa que existem muitos outros projetos, que na prática mostrarão desde o primeiro meses de 2024 o objetivo prosseguido pelo Governo.
Ele anunciou que nos primeiros dois meses quatro das sete usinas que compõem o Complexo Siderúrgico Mutún deverão entrar em operação, e assim terá início a produção de barras de aço corrugado e fio-máquina.
Em Mutún estão investidos cerca de 546 milhões de dólares, nas áreas de Concentração, Pelitização, Redução Direta de Ferro, Siderurgia, Laminação, Central Elétrica e Infraestruturas Auxiliares, informou.
Mais recentemente, no dia 21 de dezembro, o presidente da YPFB, Armin Dorgathen, antecipou que, no primeiro trimestre de 2024, a primeira Usina de Biodiesel do departamento de Santa Cruz, e posteriormente o segundo em El Alto, departamento de La Paz.
Segundo Dorgathen, entre eles substituirão sete pontos percentuais do diesel que é importado atualmente.
A vice-ministra Gabriela Alcón garantiu que “será pisado no acelerador” em todas estas obras.
“O resultado da industrialização, da estabilidade econômica e do projeto que propomos para o nosso bicentenário começará a centrar-se desde os primeiros dias (de 2024) no objetivo de mostrar aquela economia de base ampla que nos permite ter sustentabilidade, valor acrescentado e tudo o que a Bolívia significa para o bicentenário”, concluiu o vice-presidente.
Jorge Petinaud Martínez | Prensa Latina, direto de La Paz.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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