Os presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Joe Biden, falaram nesta quarta-feira (3) por telefone sobre distintos temas em comum, como a relação entre ambos os países, as eleições de Taiwan, a guerra na Ucrânia e sua rivalidade tecnológica, ao sustentar sua primeira conversação direta desde que se reuniram em novembro passado, em San Francisco, Califórnia. Xi instou a Biden, na conversação de uma hora e 45 minutos, que ambas as nações aderissem aos princípios gerais de paz, estabilidade e credibilidade como objetivos principais de relação para este ano. “As duas partes devem cumprir seus compromissos mútuos com ações e converter a visão de San Francisco em realidade”, comentou o líder asiático, citado pela agência Xinhua.
Biden assinalou que o vínculo entre Washington e Pequim “é a relação mais importante do mundo. O progresso na relação desde a reunião de San Francisco demonstra que as duas partes podem promover a cooperação enquanto manejam responsavelmente as diferenças”, detalhou a agência. Sobre Taiwan, Xi comentou que é um tema de “linha vermelha infranqueável para a China”, pelo que assegurou: “Não permitiremos que as atividades separatistas ou a ingerência externa que apoiam as forças de ‘independência’ fiquem sem controle”, depois de que na ilha celebraram eleições em maio passado.
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O mandatário estadunidense reiterou sua política de “uma só China”, mas “sublinhou a importância de manter a paz e a estabilidade através do estreito de Taiwan, depois das recentes implantações das forças militares de Pequim perto de Taipei”, especificou a Casa Branca, como publicou a agência Reuters. Na chamada, Biden também abordou com Xi sua relação com a Rússia pela invasão à Ucrânia, em virtude de que o gigante asiático mostrou um posicionamento de não ingerência e apelos a negociações.
Ambos os líderes discutiram os esforços dos Estados Unidos para impedir que certas tecnologias estadunidenses, incluídas os semicondutores avançados, sejam exportadas à China.
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Xi advertiu que o governo estadunidense “não está eliminando riscos, mas criando riscos” ao suprimir o desenvolvimento comercial e tecnológico de seu país e ao agregar novas entidades às listas de sanções. Biden assegurou que seu governo “seguirá tomando as medidas necessárias para evitar que as tecnologias estadunidenses avançadas sejam utilizadas para socavar a segurança nacional estadunidense, sem limitar indevidamente o comércio e o investimento”, segundo a Casa Branca.
O porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, John Kirby, disse que Biden abordou as preocupações dos Estados Unidos sobre a popular aplicação da rede social TikTok, que enfrenta uma proposta de legislação estadunidense que obrigaria seu proprietário chinês ByteDance a desinvestir por preocupações sobre a segurança dos dados.
Esta conversa é o preâmbulo de uma série de reuniões de alto nível que terão funcionários de ambos os governos na China, começando nestes dias com a visita da secretária do Tesouro, Janet Yellen, e do secretário de Estado, Antony Blinken, nas próximas semanas.
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