Todos os venezuelanos maiores de 15 anos estão convocados para participar das eleições deste domingo (21). Não se trata de um processo para eleger presidente ou governador e sim para definir as bases de um dos cinco poderes do país: o poder popular. Durante todo o dia, das 6h às 18h, será realizada, em todos os rincões do país, a Consulta Popular 2024.
Diferentemente do que ocorre nas eleições convencionais da Venezuela, o voto neste domingo não será eletrônico, mas de papel; as pessoas não terão que comparecer, necessariamente, ao seu colégio eleitoral, deverão exercer esse direito na comunidade onde vivem. Também não será solicitado o título de eleitor, somente a carteira de identidade.
Em que vão votar?
Desde o começo de março, quando o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou a realização da consulta, os cidadãos, organizados em comunas, realizaram levantamentos para definir quais as necessidades prioritárias da região em que vivem.
Após esse processo, foram priorizados entre seis e sete projetos, totalizando cerca de 23 mil iniciativas apresentadas nas assembleias populares em todo o país. Com relação ao conteúdo, o ministro do poder popular para as comunas e os movimentos sociais, Guy Vernáez, declarou, em seu programa de rádio, que os temas apresentados são muito diversos:
“A maioria dos projetos é para a melhoria dos serviços públicos, dos espaços públicos, das infraestruturas, mas também há projetos socio produtivos, de esportes e de recursos materiais”.
O ministro também explicou que não se trata de uma ação voluntariosa ou casual. As comunas e concelhos comunais existem desde 2006, criadas pelo então presidente Hugo Chávez e têm sido parte importante da revolução bolivariana.
Nos últimos dois anos, porém, diante do assédio que os Estados Unidos têm realizado contra o país, essas estruturas se fortaleceram, elucida o ministro.
“Há dois anos, foram ativados todos os processos de eleição popular nos quais conselheiros elegeram seu representante. Nesse processo, o presidente Nicolás Maduro defendeu a necessidade de processos de transformação para o novo caminho que vem para a revolução”.
Ainda de acordo com o ministro, esse processo foi denominado por Maduro como as Sete Transformações. Muitos participaram, discutiram, inclusive apresentaram suas queixas, porque o presidente estava buscando especificamente isso: queria que as pessoas discutissem, apresentassem suas queixas e apontassem as contradições para aprofundar a reconstrução do tecido comunitário.
“O presidente entendeu, não nas entrelinhas, mas diretamente nessas consultas, que era necessário fortalecer as organizações populares, era necessário fortalecer o poder popular.”
O ministro destacou ainda a importância de avançar em direção a níveis maiores de participação popular até que o povo seja o protagonista. “Essa lógica orgânica vai nos permitir criar um projeto político para a construção de um modelo de autodeterminação e autogoverno; um modelo que supere o assistencialismo e torne possível o fortalecimento de uma democracia para a vida, com base em uma organização comunitária e cultural, contrária ao individualismo moderno e reivindicadora do comunalismo ancestral de Abya.
Yala”.