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Fotos: Palestina Hoy / X - UNRWA / X

Da Nakba ao genocídio palestino em curso: 76 anos entre duas catástrofes

Nova fase da catástrofe que povo palestino está enfrentando é ainda mais terrível e destrutiva do que o massacre ocorrido em 1948
Wisam Zoghbour
Diálogos do Sul Global
Gaza

Tradução:

Em 15 de maio, o povo palestino lamenta o 76º aniversário da Nakba – a “Catástrofe Palestina”. Durante a Catástrofe Palestina de 1948, “Israel” destruiu mais de 500 cidades e vilarejos palestinos, cometeu dezenas de massacres contra o povo palestino, praticou crimes de genocídio, deslocamento forçado e guerra de expulsão de suas terras, transformando-os em refugiados em Gaza, Cisjordânia, Jerusalém e países vizinhos, bem como na diáspora.

Em 1948, o movimento sionista realizou uma guerra de genocídio contra o povo palestino, com apoio de várias potências coloniais, incluindo os Estados Unidos, Grã-Bretanha e França. Sob o assustador “Plano Dalet”, os líderes do movimento sionista colocaram explosivos nas fundações das casas para destruí-las, privando seus proprietários da esperança de retornar.

É evidente que a Nakba (Catástrofe Palestina de 1948) ocorreu em circunstâncias extraordinárias, aproveitando-se os líderes do movimento sionista do resultado da Segunda Guerra Mundial, com todas as suas tragédias e dores, bem como dos massacres do monstro nazista, para implementar seus planos de colonização de grande parte da Palestina.

Apesar dos massacres e crimes israelenses desde 1948 diante dos olhos e ouvidos da comunidade internacional, e apesar das cenas e narrativas de deslocamento forçado e da imagem arraigada na mente dos palestinos, que acabou por resultar na colonização de cerca de 80% das terras da Palestina e no estabelecimento do estado de ocupação colonial e de assentamento israelense, os criminosos de guerra sionistas permaneceram impunes, o que os levou a continuar seus crimes contra o povo palestino.

O que está acontecendo hoje em Gaza e a nova fase de catástrofe palestina que nosso povo está enfrentando é ainda mais terrível e destrutiva do que o que aconteceu em 1948. Os líderes da ocupação israelense continuam sua guerra de genocídio contra o povo palestino em Gaza desde a “Tempestade de Al-Aqsa” em 7 de outubro de 2023, que vitimou cerca de 130 mil palestinos, incluindo mais de 35 mil mártires e mais de 12 mil desaparecidos, com mais de 78 mil feridos e de cerca de 4 mil detidos cujo paradeiro é desconhecido, das políticas de assassinato, deslocamento, fome, sede e destruição, tornando Gaza um lugar inseguro e inadequado para morar, viver e sobreviver.

O que os líderes da ocupação israelense estão fazendo e planejando contra o povo palestino é uma nova versão do “Plano Dalet”, mais aterrorizante e ameaçadora, que visa destruir casas, fábricas, infraestrutura, universidades, escolas e lugares de culto, seja colocando explosivos sob eles ou bombardeando-os com aeronaves de guerra e artilharia israelense para derrubá-los ao chão (escombros) ou incendiá-los, privando seus donos da esperança de retornar às suas casas, com as forças de ocupação impedindo os deslocados do sul e centro de Gaza de retornarem às suas casas no norte do enclave.

O nosso povo palestino e sua resistência corajosa permanecem firmes em Gaza, lutando de todas as formas contra a agressão israelense, mesmo com os testemunhos da nova catástrofe palestina e da falta de cumprimento por parte de “Israel”, o estado ocupante, das ordens emitidas pelo Tribunal Internacional de Justiça, que exigiu um cessar-fogo imediato e a entrada de ajuda humanitária em Gaza, e das ameaças à Corte Penal Internacional e ao seu procurador, Karim Khan, após informações sobre a intenção do tribunal de emitir mandados de prisão contra o primeiro-ministro do governo de ocupação israelense, Benjamin Netanyahu, e os líderes de sua guerra, que são uma agressão israelense e desrespeito ao direito internacional e às decisões legítimas.

A resistência segue lutando contra os crimes de genocídio e limpeza étnica, rejeitando os projetos de deslocamento e expulsão, enraizados em sua terra e em seus legítimos direitos nacionais, incluindo o direito de autodeterminação e o direito de retorno às suas terras e às terras de seus pais e ancestrais de onde foram expulsos em 1948, refutando o ditado israelense de “os grandes morrem e os pequenos esquecem”.

Este notável esforço e resistência palestinos, que alcançaram um nível milagroso, não teriam sido possíveis sem a colaboração e os sacrifícios dos três pilares da resistência: a unidade do povo, a resistência civil e militar.

No entanto, o apoio e o fortalecimento dessa resistência e luta palestinas rumo a uma vitória marcante e a transformação do fracasso do inimigo em qualquer um de seus planos em uma derrota dependem do avanço em direção à realização de duas condições interdependentes: “unidade e resistência”, ou seja, unidade interna com base em uma estratégia nacional de libertação clara e objetivos programáticos definidos e a continuação da resistência e sua escalada em todas as formas e meios disponíveis. O que temos diante de nós é uma guerra de confrontos que, se parar por um tempo, será retomada, e, se trocar de um lugar, se moverá para outros lugares. 

O fracasso dos projetos de eliminação dos palestinos, de deslocamento (expulsão dos palestinos) e a falta de mobilização da opinião pública internacional e nas universidades europeias e americanas contra os crimes de genocídio cometidos contra o povo palestino levou as potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos da América, a proporem diversos cenários e planos para o que é chamado de “dia seguinte à guerra”, baseados na suposição da derrota da resistência e na entrega de suas armas, no exílio de seus líderes e dos líderes do movimento nacional para fora da Faixa de Gaza, e desta forma apostando na eliminação da opção de resistência, subjugação do povo palestino e destruição de sua vontade nacional. 

Entre esses cenários está o plano israelense para a manutenção de uma ocupação israelense permanente na Faixa de Gaza e o estabelecimento de assentamentos de colonos e instalações militares israelenses, com o reforço em dobro das forças israelenses na faixa de segurança ao longo das fronteiras, juntamente com o contínuo cerco marítimo e controle aéreo, neste projeto de recolonização com a imposição de uma tutela, seja ela a tutela ocidental ou tutela árabe, sobre a Faixa de Gaza. 

Portanto, o futuro de Gaza e de qualquer parte da Palestina será determinado pela capacidade de resistência à ocupação (al-muqawama) e pela firmeza e perseverança do povo palestino na luta por seus ideais (as-sumud).

Edição: Alexandre Rocha


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Wisam Zoghbour Jornalista, diretor da Revista Liberdade de Gaza (Al-Hurriya) e membro do Secretariado-Geral do Sindicato dos Jornalistas Palestinos.

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