O partido tradicional da direita francesa, Os Republicanos, na última quarta-feira (12) decidiu substituir seu líder, Éric Ciotti, por ter insinuado que estava disposto a chegar a uma aliança com a formação de extrema-direita Reagrupamento Nacional (RN), liderada por Marine Le Pen, para as eleições legislativas do próximo 30 de junho.
O possível pacto entre os conservadores clássicos com o partido ultranacionalista e eurocético foi chamado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, como um “pacto com o diabo”.
Nas eleições do Parlamento Europeu em 9 de maio, a extrema-direita cresceu de forma esmagadora em todo o continente e na França e, em particular, as duas forças que defendem essa ideologia alcançaram 40% do eleitorado. Diante desses resultados, Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições antecipadas, nas quais serão renovados os deputados que escolherão, por sua vez, o primeiro-ministro e o futuro governo.
O até agora líder dos Republicanos, Ciotti, decidiu por iniciativa própria estender a mão a Le Pen, que aspira ser a força mais votada, para formar uma aliança com a qual aspiravam a fazer parte do futuro governo.
Mas o bureau político do partido democrata-cristão decidiu sua destituição, depois de uma série de acontecimentos extravagantes por parte de Ciotti, que decidiu se trancar na sede do partido para impedir sua destituição. O futuro do núcleo duro da formação, integrado por líderes regionais, em princípio rechaça a aliança com a extrema-direita de Le Pen.
Macron arremeteu contra a possível aliança de Ciotti com Le Pen, e também contra o bloco das forças de esquerda para formar uma espécie de “frente popular”. Na sua opinião se trata de “aliança contranatura nos extremos”. Mas sobretudo assinalou a Ciotti, ao qual acusou de “pactuar com o diabo”.
Macron também advertiu que ele pessoalmente não intervirá na campanha mais do que tem feito em eleições anteriores, que o protagonismo será do governo e dos partidos que o apoiam. Ele alertou que, com a extrema-direita, “estariam em perigo as aposentadorias, subiriam os tipos de interesse e se deterioraria a convivência com as pessoas de origem estrangeira”.