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Foto: Jeanne Menjoulet

Enquanto fascismo avança, Macron equipara esquerda à extrema-direita e rejeita frente popular

Na opinião do líder francês, fazer aliança com campo progressista é apostar “nos extremos”
Armando G. Tejeda
Diálogos do Sul Global
Madri

Tradução:

Beatriz Cannabrava

O partido tradicional da direita francesa, Os Republicanos, na última quarta-feira (12) decidiu substituir seu líder, Éric Ciotti, por ter insinuado que estava disposto a chegar a uma aliança com a formação de extrema-direita Reagrupamento Nacional (RN), liderada por Marine Le Pen, para as eleições legislativas do próximo 30 de junho.

O possível pacto entre os conservadores clássicos com o partido ultranacionalista e eurocético foi chamado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, como um “pacto com o diabo”.

Nas eleições do Parlamento Europeu em 9 de maio, a extrema-direita cresceu de forma esmagadora em todo o continente e na França e, em particular, as duas forças que defendem essa ideologia alcançaram 40% do eleitorado. Diante desses resultados, Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições antecipadas, nas quais serão renovados os deputados que escolherão, por sua vez, o primeiro-ministro e o futuro governo.

O até agora líder dos Republicanos, Ciotti, decidiu por iniciativa própria estender a mão a Le Pen, que aspira ser a força mais votada, para formar uma aliança com a qual aspiravam a fazer parte do futuro governo.

Mas o bureau político do partido democrata-cristão decidiu sua destituição, depois de uma série de acontecimentos extravagantes por parte de Ciotti, que decidiu se trancar na sede do partido para impedir sua destituição. O futuro do núcleo duro da formação, integrado por líderes regionais, em princípio rechaça a aliança com a extrema-direita de Le Pen. 

Macron arremeteu contra a possível aliança de Ciotti com Le Pen, e também contra o bloco das forças de esquerda para formar uma espécie de “frente popular”. Na sua opinião se trata de “aliança contranatura nos extremos”. Mas sobretudo assinalou a Ciotti, ao qual acusou de “pactuar com o diabo”. 

Macron também advertiu que ele pessoalmente não intervirá na campanha mais do que tem feito em eleições anteriores, que o protagonismo será do governo e dos partidos que o apoiam. Ele alertou que, com a extrema-direita, “estariam em perigo as aposentadorias, subiriam os tipos de interesse e se deterioraria a convivência com as pessoas de origem estrangeira”.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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