Algumas horas de o ultradireitista e presidente da Argentina, Javier Milei, aterrissar na Espanha na última sexta-feira (21), pela segunda vez desde que assumiu o cargo, o mal-estar no governo ibérico aumentou e já não era apenas contra as formas e as palavras do presidente argentino, mas também contra os aliados de Milei na Espanha, que são publicamente a extrema-direita do Vox. Agora também se soma a presidenta de Madri, do Partido Popular (PP), a direitista Isabel Díaz Ayuso.
Díaz Ayuso não só manteve uma reunião com Milei – quando este nem sequer tentou manter um encontro com as autoridades espanholas apesar de estar de visita no país – mas também lhe dará uma medalha internacional de recente criação e que entre outros já foi recebida pelo presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky, e o opositor venezuelano Juan Guaidó.
O ministro dos Assuntos Exteriores do governo espanhol, o socialista José Manuel Albares, classificou como um ato de “profunda deslealdade” a decisão da presidenta da Comunidade de Madri de conceder a medalha internacional a Milei, que mantém uma dura disputa com o Executivo espanhol, com trocas de insultos e desqualificações. Os governos de ambos os países têm uma crise diplomática aberta desde maio passado, quando o presidente espanhol, o socialista Pedro Sánchez, decidiu retirar sua embaixadora em Buenos Aires após as palavras de Milei durante um ato da extrema-direita europeia em Madri, nas quais chamou sua esposa, Begoña Gómez, de “corrupta”, devido a processos judiciais abertos contra ela por supostos delitos de corrupção e tráfico de influência.
Apesar das críticas do Executivo de Sánchez, a presidenta madrilena declarou sobre seu encontro com Milei: “Para nós é uma honra receber o presidente legítimo eleito, ele sim, por ampla maioria nas urnas pelo povo da Argentina”, e acrescentou que se o presidente argentino “realiza visitas institucionais a governos diferentes e não o faz com aquele que provocou uma crise diplomática e que insulta constantemente, não só Milei, mas todos os governos que não são de sua linha, nós não temos culpa”.
Milei foi também à Espanha para receber um prêmio da fundação ultraliberal Juan de Mariana e, segundo uma versão difundida pelo jornal El País, o gabinete do presidente argentino tentou que ele fosse recebido pelo Rei Felipe VI, mas o pedido foi rejeitado sob o argumento de que a “política externa é competência” do governo.
Milei volta a atacar Pedro Sánchez e Scholz
Às vésperas de sua visita privada à Espanha, Milei qualificou o mandatário espanhol, o socialista Pedro Sánchez, de “covarde” e de “atacar a liberdade de expressão” com um “modelo” semelhante ao do governante venezuelano, “Nicolás Maduro”.
Em sua primeira viagem, em maio, participou da cúpula de partidos de extrema-direita europeus organizada pelo Vox, que se chamou Viva24.
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Depois que o governo espanhol, através de sua porta-voz, Pilar Alegría, pediu “respeito” a Milei para com o “povo espanhol e suas instituições”, o mandatário argentino voltou a atacar Sánchez, a quem chamou de “covarde”, ao afirmar: “eu não uso o aparato repressivo do Estado para perseguir. Isso aconteceu quando o covarde [em alusão a Sánchez] mandou todos os seus ministros me insultarem”, disse durante uma entrevista ao canal de televisão argentino Todo Notícias.
Detalhou alguns desses “insultos” que foram dirigidos a ele por representantes do governo espanhol antes de sua primeira viagem à Espanha: “começou com o ministro dos Transportes, Óscar Puente, que deu a entender que eu consumia substâncias. E depois, como eu não respondia, muito covardemente mandou as mulheres me agredirem. Para depois me tachar de misógino. Como não respondi depois, então ele próprio se juntou”.
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