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Toggle“Ruto must go” (“Ruto tem que sair”, em tradução livre), é uma das palavras de ordem centrais que mobilizam a nova jornada de manifestações iniciadas em 16 de julho no Quênia, impulsionada majoritariamente por jovens cansados da pobreza, da falta de trabalho, das políticas de ajuste exigidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e da corrupção desenfreada de um regime que não lhes dá resposta senão balas de chumbo e gás lacrimogêneo.
A Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia (KNCHR, na sigla em inglês), confirmou que pelo menos 50 manifestantes morreram nas manifestações antigovernamentais reprimidas pela Polícia que ocorreram no Quênia no último mês e que começaram contra uma reforma fiscal exigida pelo FMI que incluía o aumento do pão e de outros produtos básicos, como o fim dos subsídios à energia.
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A brutal repressão do Governo custou a vida de pelo menos 30 pessoas durante a jornada de manifestações mais importante no fim de junho, no mesmo dia em que a lei era discutida no Congresso e enquanto os manifestantes ocupavam algumas das salas do Parlamento em protesto.
Juventude do Quênia em ação
A determinação da juventude durante estas jornadas obrigaram o Governo a recuar, rejeitando a lei que saíra do Congresso, e anunciando 10 dias depois a renúncia em bloco de seu gabinete, buscando dar ar fresco a seu Governo. No entanto, estas medidas não foram suficientes para os manifestantes, que já pedem diretamente a queda de Ruto.
As manifestações de 16 de julho tiveram lugar em mais de 20 localidades, com grandes colunas de manifestantes em Nairobi, a capital. A Polícia voltou a reprimir com gás lacrimogêneo e as organizações de direitos humanos confirmaram pelo menos um morto e dezenas de feridos.
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As manifestações se desenvolviam em sua maioria de maneira pacífica quando a Polícia, responsável pelos assassinatos do mês passado, começou a lançar o gás lacrimogêneo e a deter manifestantes. Estes, por sua vez, que se organizam majoritariamente pelas redes sociais, em Instagram e TikTok, querem saber como proteger-se dos gases e também como agarrá-los para devolvê-los à Polícia.
Políticas do FMI agudizam pobreza
As manifestações de 16 de julho são as maiores desde as do mês passado. Segundo o jornal queniano Nation, houve manifestações em pelo menos 23 dos 47 condados do país.
Em vez de ouvir as demandas dos quenianos, Ruto disse que por trás das manifestações estão desde o presidente russo, Vladimir Putin, até a Fundação Ford. Isso não fez mais do que enfurecer uma juventude que sofre a falta de emprego, a precarização, a pobreza extrema, e os ajustes recorrentes a pedido do FMI, o que faz com que, apesar de ser uma das economias de mais rápido desenvolvimento da África, a desigualdade continue sendo grande e que um em cada três quenianos deva sobreviver com apenas dois dólares por dia.
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É por isso que junto com a queda dos planos e das exigências de ajuste do FMI, os manifestantes já pedem diretamente a renúncia de Ruto.