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Foto: Paris 2024

Sem hino, bandeira ou cores nacionais: Comitê Olímpico submete atletas russos à humilhação

Excluir centenas de esportistas que se prepararam durante anos para o evento olímpico contribui para a paz?
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Os Jogos Olímpicos de Paris, inaugurados em 26 de julho na capital da França, são a quarta edição consecutiva da festa universal do esporte, tanto em suas versões de verão como de inverno, em que os atletas da Rússia, por uma decisão política, não podem participar representando seu país

Os poucos que quiseram se submeter à humilhante prática de superar os filtros que, em decorrência da anexação de quatro regiões ucranianas em 2022, estabeleceu o Comitê Olímpico Internacional (COI), terão que competir, novamente, a título pessoal, sem uniforme de cores nacionais, nem bandeira, nem hino. O mesmo vale para os bielorrussos, pela primeira vez.

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Desde os Jogos de Inverno em Pyeongchang 2018, em consequência da suspensão em duas edições olímpicas devido ao escândalo de doping em Sochi 2014, os esportistas russos puderam participar de Tóquio 2020 (adiado para 2021 pela pandemia de covid) e Pequim 2022 como parte do grupo de “atletas olímpicos da Rússia, primeiro, e da equipe do Comitê Olímpico da Rússia”, depois.

Tudo se agravou com a operação militar russa na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, e o COI decidiu estender a exclusão para Paris 2024, fixando requisitos que excluem qualquer esporte de equipe e qualquer atleta que tenha expressado o menor apoio à operação militar russa na Ucrânia ou que tenha algo a ver com o exército russo, restrições que se estenderam à Bielorrússia por permitir que seu território fosse usado para invadir o vizinho comum.

Postura do Comitê Olímpico leva à paz?

E o COI inventou o termo AIN (siglas em francês para atleta individual neutro) com o qual apenas 15 russos e sete bielorrussos poderão aspirar a medalhas em Paris em modalidades como tênis, ciclismo ou natação. Pelo menos 63 esportistas russos optaram por adquirir uma segunda nacionalidade e agora representam as cores da Austrália, França, Grécia, Itália, Cazaquistão, Uzbequistão e outros 20 países, incluindo até a Ucrânia.

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Estes são, resumidos, os fatos. Falta responder: Até quando a política continuará prevalecendo sobre o esporte? Tem que sofrer as consequências um atleta que nada teve a ver com decisões que se pretende castigar? Será que contribui para alcançar a paz excluir centenas de esportistas que se prepararam durante anos para o evento olímpico? O COI acredita que está fazendo o correto. Será mesmo?

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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