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Foto: Flickr

Israel e seu delírio bélico, racista e genocida chegam ao Líbano

Ataques aéreos de Israel no Líbano colocam região à beira de uma guerra em grande escala, com risco de uma invasão israelense por terra na nação libanesa
Isabella Arria
Estratégia.la
Paris

Tradução:

Ana Corbisier

Nos últimos dias, Israel intensificou seus ataques aéreos contra o Líbano, matando meio milhar de pessoas e lesionando mais de 1.645, no dia mais letal para o Líbano desde a guerra de 2006 entre Israel e o grupo de resistência Hezbollah. Milhares de libaneses continuam fugindo para Beirute depois dos massivos ataques de Israel na zona sul do país.

Entre os mortos havia mulheres e crianças; milhares de pessoas fugiram em automóveis e caminhonetes carregadas com pertences e cheios de passageiros – às vezes várias gerações em um veículo –, partindo do sul para Beirute, que recebeu uma nova onda de ataques mais tarde, dirigidos contra Ali Haraki, comandante da frente sul do Hezbollah, que sobreviveu à ofensiva destruidora israelense.

O ministro libanês da Saúde, Firass Abiad, declarou em conferência de imprensa que os impactos atingiram hospitais, centros médicos e ambulâncias. O governo ordenou o fechamento de escolas e universidades na maior parte do país e começou a preparar refúgios para pessoas deslocadas do sul. Israel afirmou ter atingido 800 locais no sul do Líbano, no vale oriental de Bekaa e na região norte, perto da Síria.

Israel levou a região à beira de uma guerra em grande escala e se teme que o ataque possa ser precursor de uma incursão israelense por terra no Líbano. A ameaça de uma guerra aberta aumentou nas últimas semanas.

Ingerências externas

Os Estados Unidos, que têm 40 mil soldados no Médio Oriente, enviarão um pequeno número de tropas adicionais a esta região, ante a possibilidade de que as operações bélicas se intensifiquem e se descontrolem até desembocar em uma guerra regional mais ampla, informou ontem Pat Ryder, porta-voz do Pentágono.

A missão de paz da ONU no Líbano (FINUL) advertiu que os bombardeios de Israel, “não só são violações do direito internacional, como podem constituir crimes de guerra. Qualquer nova escalada desta perigosa situação poderia ter consequências devastadoras e de grande alcance, não só para quem vive em ambos os lados da Linha Azul (a divisória entre o Líbano e Israel), como também para a região em geral”, advertiu.

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Enquanto isso, os Estados Unidos, a União Europeia e o resto do Ocidente – assim como os governos de nações em desenvolvimento submetidos a eles – não só são cúmplices do genocídio do regime de Benjamin Netanyahu, como lhe fornecem armas e um escudo diplomático em sua obsessão por levar o Médio Oriente a uma guerra total.

Não se pode esquecer que uma das partes é uma potência ocupante com um arsenal nuclear. Assim, os apelos à moderação de ambos os lados soam como revitimização dos milhões de palestinos que sobrevivem nos pedacinhos de terra que lhes restam, transformados por Israel em campos de concentração, e/ou de extermínio.

Já sem nada mais para destruir em Gaza, Israel estendeu seu furor bélico ao Líbano, onde dá todos os passos para tornar seu conflito de baixa intensidade com o grupo armado Hezbollah em uma guerra em grande escala. Assim como em Gaza, Israel usa como pretexto para o genocídio a presença de um grupo islâmico de resistência para lançar ataques devastadores e absolutamente desproporcionados cujas principais vítimas são mulheres, crianças e civis em geral que nada têm a ver com a luta armada.

Números do furor assassino

A estas 500 vítimas do furor assassino israelense devem se somar as 37 mortes pelo lançamento de mísseis sobre edifícios residenciais de Beirute; os 39 assassinados e mais de 3 mil feridos pela operação terrorista em que milhares de dispositivos de comunicação explodiram ao mesmo tempo (com o sadismo adicional de detonar uma segunda série de explosões durante os funerais daqueles que morreram na primeira), assim como as incontáveis agressões diárias de menor escala.

Israel busca descontextualizar o conflito e o genocídio. Sua versão reducionista situa o início das atuais hostilidades no ataque levado a cabo pelo Hamas em 7 de outubro do ano passado, mas o ato de violência que deu origem a todos os que se sucederam desde então foi perpetrado em 1948, quando os grupos paramilitares do sionismo israelense expulsaram mais de 600 mil palestinos das terras que habitaram durante gerações, apoderaram-se delas e começaram a ocupação colonial.

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Desde então, ano após ano, Israel constrói novos assentamentos ilegais que dividem os territórios palestinos e expõem a população árabe a permanentes agressões dos soldados israelenses e de colonos fanáticos de gatilho fácil, sempre em busca de uma oportunidade para descarregar seu ódio racista sobre os deslocados e os oprimidos.

Em sua lógica colonialista, desumanizada e racista, a negativa rotunda de Tel Aviv de devolver os territórios conquistados, na pior lógica colonialista e a empreender uma saída negociada nos termos da legalidade internacional, são o que alimenta o fanatismo e põe em perigo a população civil da própria Israel.

Para os especialistas das Nações Unidas, a única maneira de frear este delírio bélico de Israel e seus cúmplices, de deter a barbárie e o genocídio consiste em cortar os envios de armamento a Tel Aviv e, no marco da ONU, impor-lhe sanções comerciais, financeiras e diplomáticas que o convençam de que acabou a paciência global com suas práticas genocidas. Um cenário que se vê hoje mais distante do que nunca.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Isabella Arria Jornalista chilena residente na Europa, analista associada ao Centro Latino-americano de Análise Estratégica (CLAE, estrategia.la)

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