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José Luis Ábalos (Foto: La Moncloa)

Supremo da Espanha investiga ex-ministro José Ábalos por abuso de poder e corrupção

Processo contra José Ábalos também apura supostos casos de tráfico de influência e falsidade documental, incluindo a compra de máscaras durante a pandemia
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Beatriz Cannabrava

José Luis Ábalos, ex-ministro de Fomento da Espanha e ex-secretário de organização do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), será investigado e previsivelmente processado pelo Tribunal Supremo por uma série de atos de corrupção, tráfico de influências, falsidade documental e abuso de poder. O juiz da Audiência Nacional da Espanha, Ismael Moreno, instrutor do caso, solicitou ao alto tribunal que abra diligências contra o ex-braço direito do atual presidente do governo, o socialista Pedro Sánchez, ao situá-lo no “papel principal” da ampla e extensa trama de corrupção, sendo de sua competência por possuir a condição de aforado, dado o seu cargo de deputado nas Cortes Gerais, ao qual chegou graças ao seu antigo partido político.

Atualmente, o ex-ministro Ábalos é um “paria” político; não tem grupo parlamentar, seus ex-companheiros de partido nem sequer lhe dirigem a palavra, e seus antigos chefes fogem de qualquer vínculo com ele. Ainda mais, com a ação dos tribunais e das investigações policiais, sobretudo da Unidade Central Operativa (UCO) da Guarda Civil, o apontam como o principal responsável por uma rede de corrupção que utilizou sua influência para a compra massiva de máscaras durante os meses da pandemia, em pelo menos sete ministérios e quatro governos autônomos, além de manobrar para influenciar o “resgate” com fundos públicos de empresas à beira da falência. Em troca, Ábalos teria recebido supostamente numerosas dádivas ilegais, incluindo pagamentos de milhares de euros à sua suposta “namorada”, à qual tinham que pagar até 1.500 euros diários para “acompanhar” o político em viagens ou reuniões, além de dois cargos que ocupou durante a gestão de Ábalos no ministério.

O juiz Moreno é o responsável pela instrução do caso, que foi aberto a partir de uma investigação contra Koldo García, o homem mais próximo de Ábalos durante seu período à frente do Ministério e do partido. Ábalos foi afastado do ministério pelo próprio Sánchez em julho de 2021, mas, ainda assim, por ordem do atual mandatário espanhol, ele foi um dos dirigentes do PSOE nas listas eleitorais das eleições de julho de 2023, o que lhe permitiu conseguir um assento parlamentar e, o mais importante dada sua situação atual, garantir a condição de aforado.

Por isso, o magistrado solicitou ao Tribunal Supremo agir contra Ábalos, considerando que há “uma imputação clara e concreta através de uma série de indícios que evidenciam sua suposta participação em delitos de pertencimento a organização criminosa, tráfico de influências e suborno”.

Ao ser questionado sobre os motivos da destituição de Ábalos como ministro e por que o manteve na linha de frente política do partido, o presidente Sánchez respondeu em uma coletiva de imprensa em Lisboa: “Essa crise profunda de Governo que fiz a nível ministerial, fez, efetivamente, com que Ábalos saísse do Governo da Espanha no ano de 2021. Isso é o que posso dizer pela enésima vez”.

EH-Bildu defende que “não haja presos políticos bascos”

O líder da esquerda separatista basca, Arnaldo Otegi, defendeu no último domingo (20) “não haja presos políticos bascos” como “um investimento para o futuro” e em prol da “convivência neste país, assim como a memória das vítimas”.

O dirigente da EH-Bildu aproveitou sua intervenção em uma entrevista na Radio Euskadi para desmentir a versão de que sua formação política negociou com o governo central, do socialista Pedro Sánchez, e com seu partido, o Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE), uma reforma para “reduzir” as penas dos membros do ETA que ainda cumprem condenação nas prisões espanholas.

Otegi explicou que em nenhum momento negociou esse assunto com o Executivo espanhol: “Não houve negociação, o que houve foi a transposição de uma diretiva europeia à qual o Partido Popular (PP), em seu tempo, incorporou uma emenda maliciosa que fazia uma exceção aos presos bascos, então o que foi feito agora foi corrigir essa situação através de uma emenda do Sumar“.

Otegi apontou que “além de isso poder gerar mais ou menos polêmicas, a resolução do problema dos presos, da memória e do respeito às vítimas deveria ser entendida mais como um investimento na convivência do futuro do país do que como uma resolução de coisas que ocorreram no passado. Esta é a nossa posição”.

E acrescentou: “Faz muito tempo que estamos lançando relatos na cara um do outro. Cada um manterá um determinado relato ou terá visto as coisas de uma maneira determinada, mas é preciso iniciar ou fazer um esforço para entender que o futuro não passa por essa dinâmica, mas sim por entender que a resolução do tema dos presos, de que não haja presos políticos bascos nas prisões, etc., é um investimento para o futuro. E o mesmo vale para o respeito à memória das vítimas, obviamente”.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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