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Foto: Ministério de Energia e Minas de Cuba / X

Apagão em Cuba: bloqueio dos EUA é principal responsável por colapso do sistema elétrico

Sanções criminosas dos EUA impedem Cuba de comprar recursos necessários para reverter o desgaste da infraestrutura elétrica
Silvio Rodríguez
Prensa Latina
Havana

Tradução:

Guilherme Ribeiro

Cuba atravessa sua maior crise energética, com praticamente toda a ilha e 10 dos 11 milhões de habitantes privados de eletricidade. Os apagões, que vinham ocorrendo com cada vez maior frequência e duração há tempos, culminaram em um colapso total do sistema elétrico após a principal usina termelétrica cubana sair de serviço na última quinta-feira (17), o que obrigou à suspensão das aulas e ao fechamento de quase toda a atividade econômica, enquanto autoridades e técnicos trabalham para restabelecer o fornecimento.

A população teme que essa situação leve a uma iminente fome devido à deterioração dos alimentos. A razão imediata da crise está na falta de combustível para alimentar suas usinas termelétricas, agravada por uma situação climática que atrasou a chegada de um navio com combustível. No entanto, a causa acima de tudo é a mesma que gera os grandes e pequenos problemas da ilha: o bloqueio comercial e financeiro imposto por Washington há mais de seis décadas, com o objetivo declarado de reduzir a população cubana pela fome e obrigá-la a se levantar contra suas autoridades.

Ainda que esse objetivo sinistro tenha sido frustrado, as intermináveis dificuldades que Havana precisa enfrentar para obter divisas e insumos essenciais têm levado o país a uma dolorosa escassez de tudo o que é necessário para a vida cotidiana.

Muitas vezes se pensa que o argumento do bloqueio é um mero pretexto, esquecendo-se da natureza criminosa das dezenas de leis e decretos que compõem o mais denso sistema de agressões não armadas dirigidas contra uma nação soberana.

Bloqueio atinge também o turismo

Como ilha localizada no mar do Caribe, a vocação econômica natural de Cuba está no turismo, e sua proximidade, a apenas 144 km dos Estados Unidos, faz dos estadunidenses seu mercado lógico e primordial. Mas as normas ilegais de Washington proíbem seus cidadãos de viajar para a ilha.

A aplicação ilegal de sanções afeta não apenas os habitantes da superpotência, mas qualquer empresa, de qualquer parte do mundo, que compre ou venda qualquer produto – seja uma cebola, um medicamento para o câncer ou um caderno para que crianças possam estudar – para Havana, estando sujeita a ser perseguida e punida pelo país que controla ditatorialmente o sistema financeiro global.

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Uma das fontes de receita mais importantes para praticamente todos os países da América Latina e do Caribe, as remessas enviadas por seus cidadãos que trabalham no exterior, também está bloqueada para Cuba, pois o país não tem acesso ao sistema internacional de pagamentos, um dos muitos tentáculos do imperialismo estadunidense.

Desde que Hugo Chávez chegou ao poder democraticamente na Venezuela, à frente da Revolução Bolivariana, Caracas prestou um auxílio inestimável ao povo cubano com o envio de hidrocarbonetos. No entanto, à medida que Washington tem vitimado os venezuelanos com as mesmas atrocidades que perpetra contra os cubanos, o governo de Nicolás Maduro foi obrigado a reduzir sua ajuda a Cuba, o que agravou ainda mais uma situação extremamente precária.

Além disso, Havana é impedida de comprar máquinas, ferramentas e peças de reposição para reverter o desgaste da infraestrutura eletroenergética, de modo que as falhas continuarão a ser estruturais enquanto a bota de Washington asfixiar a ilha.

A Cuba também não é permitido acessar as tecnologias necessárias para empreender a transição energética, apesar de, em seus discursos, o atual ocupante da Casa Branca e outros líderes ocidentais se declararem defensores da luta contra as mudanças climáticas.

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No século atual, exceto Israel em relação ao povo palestino, nenhum país tem sido tão sistematicamente e duradouramente sádico com uma população civil quanto os Estados Unidos em sua ofensiva contra os cubanos.

O sofrimento humano e a perda de toda perspectiva de uma vida digna em sua própria terra são testemunhos do total desprezo da classe política estadunidense pelo bem-estar das pessoas e pela liberdade em nome da qual falam.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Silvio Rodríguez

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