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ToggleReta final e encerramento de campanhas no Uruguai. As pesquisas continuam dando a centro-esquerdista Frente Ampla como vencedora, devendo chegar à vitória no primeiro turno. E mesmo sem consegui-la, pode obter maioria parlamentar. A Frente Ampla (FA) e o oficialista Partido Nacional (PN) encerraram suas campanhas com atos ao ar livre em Montevidéu e Canelones.
Mais de 100 mil pessoas se encontraram no ato da FA no Parque Batlle. A ex-prefeita de Montevidéu e atual candidata a vice-presidente, Carolina Cosse, fez um discurso centrado em que o “Uruguai precisa que a Frente Ampla” ganhe as eleições. “Não dá na mesma se você não estiver. Não dá na mesma. Neste mundo de agora, e já há algum tempo, querem nos confundir. Às vezes nos dizem que as coisas nos são dadas, que a vida é como é e que devemos aceitá-la, que não importa o que façamos”, afirmou.
Então, afirmou que para a FA “cada uruguaio conta” e não se pode “deixar ninguém para trás; não existe nenhuma possibilidade de avançar se não for com todos”. Nesse quadro, valorizou o papel da educação pública, e disse que ela “não teria podido ser engenheira sem a educação pública”.
Os discursos continuaram com o candidato a Presidente e ex-prefeito de Canelones, Yamandú Orsi, que assumiu cinco compromissos.
O primeiro deles é “apostar permanentemente no diálogo para construir os acordos necessários”. Orsi continuou dizendo que se deve estabelecer relações com os sindicatos, as comissões de fomento, empresários e partidos políticos. “Um país melhor não se constrói só entre nós”, assegurou.
O segundo compromisso é o “crescimento econômico e a estabilidade”, porque “a única forma de poder distribuir melhor é que tenhamos mais riqueza”, avaliou Orsi. O terceiro compromisso é o da “proteção e bem-estar social”. “Só com crescimento não teremos desenvolvimento. O desenvolvimento é possível se o crescimento for equitativo”, acrescentou.
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O quarto compromisso é “encarregar-se da segurança”, partindo da concepção de que “é um direito humano”. “É preciso ser muito duro com o delito e muito duro com as causas. Temos que recuperar territórios, recuperar aqueles que caem na desgraça de cometer um delito e ficar privados de liberdade. Não estamos reabilitando ninguém, é preciso dizê-lo com todas as letras”, afirmou.
No quinto e último, Orsi se comprometeu a “governar com honestidade e decência”, com “a transparência como guia permanente”. “A transparência implica em dizer a verdade, não a verdade pela metade”, afirmou, e deu como exemplo que se deve mostrar as estatísticas ainda que “não favoreçam o marketing”. O candidato da FA também defendeu um “acesso transparente” aos empregos públicos e disse que pretende “fortalecer a Jutep [Junta de Transparência e Ética Pública]”.
A Frente Ampla tem grandes desafios pela frente. Fortalecer uma força política com jovens, recuperar os desencantados, voltar aos velhos debates fraternos e robustos de ideias para pôr para correr a antipolítica ou a política ligeira em suas fileiras e no sistema político em geral.
Por sua vez, a eleição interna será conduzida por Yamandú Orsi e seu ministro da economia, Gabriel Oddone. Ali residirá a força militante de fazer cumprir o programa de governo da Frente Ampla.
Em um possível governo da Frente Ampla, esta terá cinco anos mais como chance para retomar a esperança de um povo trabalhador que merece melhores condições de vida. Daqui a dois dias, os desencantados votarão com raiva e já sabemos o que acontece quando o povo vota bravo. Aparecem os Milei, os Bolsonaro, os Bukele.
Por sua vez, o delfim do Presidente Lacalle, Álvaro Delgado, encerrou sua campanha na cidade de Las Piedras, Canelones. O mesmo lugar em que Luis Lacalle Pou encerrou sua campanha em 2019. O candidato blanco indicou a “emoção” dos militantes tanto do Partido Nacional como dos votantes da coalizão de governo.
“Vejam como está o país hoje e como estava há cinco anos. Comparem quem está preparado para governar, comparem a equipe, quem tem propostas e, sobretudo, em quem dá para acreditar. Estamos em um país melhor do que em 2019 e hoje temos que reafirmar o rumo. Das crises saímos bem e saímos juntos”, avaliou Delgado.
O candidato blanco voltou a insistir na continuidade assinalando que o atual governo “deixa um primeiro piso sólido para seguir construindo o futuro”.
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“Diziam que a coalizão ia durar três meses, mas durou cinco anos e seguirá governando. Todos os votantes da coalizão já sabem que vamos juntos para o segundo turno. É chave este empurrão final para obter a maioria parlamentar em 27 de outubro”, disse ante os militantes de sua própria força política.
O Partido Nacional pretende fazer algo inédito na história do Uruguai: repetir governo e ao mesmo tempo voltar a liderar a coalizão multicor.
Até o último voto
A consultora Cifra divulgou a última pesquisa de intenção de voto, a apenas cinco dias da eleição nacional que terá lugar no próximo dia 27 de outubro. A Frente Ampla obteve uma intenção de voto de 44%, o Partido Nacional 23%, o Partido Colorado 15%, Cabildo Abierto 3%, o Partido Independiente (PI) 2% e Identidad Soberana também 2%.
“Desta forma, os partidos da coalizão de governo somam 43% frente aos 44% da FA.” Assim é a análise que vem mostrando os meios de comunicação. É um recorte da realidade que não condiz com o que sucede realmente. Neste primeiro turno eleitoral definem-se as duas chapas mais votadas para o segundo turno caso não haja uma vencedora com 50% + 1 dos votos e também a formação do novo Parlamento.
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Então, mostrar que a Coalizão vota em conjunto é um engano para a população. E, mais ainda sabendo que os votos no segundo turno não se transferem automaticamente às chapas. Ali o panorama muda e se pode analisar em cada uma das eleições desde que este sistema foi implantado, que os votos podem migrar de uma força política para outra. Sobretudo quando só restam duas opções.
Futuro do Uruguai
O futuro do Uruguai se joga neste 27 de outubro e seguramente em novembro no segundo turno. O futuro dos trabalhadores também está em jogo no plebiscito da reforma da seguridade social.
As pesquisas dão 42% de intenção de voto para o SIM. Se for assim, não se chegaria ao necessário para reverter esta reforma que confisca as economias dos trabalhadores e ao mesmo tempo aumenta a idade para aposentadoria.
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Ali se joga outra disputa que é puramente de classe. Uma reforma que vai na contramão do que sucede no mundo, onde existe uma maior automatização do trabalho e das tarefas; aqui querem fazer que o trabalhador trabalhe 5 anos mais, em um país onde o trabalho falta. Um país envelhecido e que por sua vez condena a primeira infância a um presente e a um futuro de 20% de pobreza.
A moeda está no ar.