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Foto: Prensa Latina

10 anos da libertação dos 5 heróis cubanos presos por lutar contra o terrorismo imperialista

Em 1998, 5 cubanos foram presos nos EUA por se infiltrarem em grupos terroristas para investigar planos contra Cuba e avisar o governo da ilha
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul Global
Lima

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Em um 14 de dezembro, há 10 anos, voltaram à sua pátria Gerardo Hernández Nordelo, Ramón Labañino Salazar e Antonio Guerrero Rodríguez, três dos 5 heróis cubanos que permaneceram nos cárceres dos Estados Unidos durante quase 17 anos, sendo absolutamente inocentes das acusações que lhes foram formuladas.

Na pista do aeroporto cubano, Raúl Castro, em nome de seu povo, lhes deu uma emotiva recepção. Pouco antes, Fernando e René González, os outros dois patriotas que constituíram o núcleo dos 5 Heróis Cubanos Prisioneiros do Império, haviam recuperado sua liberdade e voltado a Cuba, após uma batalha mundial incansável por sua libertação. Ambos cumpriram mais de 12 anos de prisão.

Recorda-se que os 5 cubanos residiam na Flórida desde a segunda metade da década de 80. Lá, cumpriam uma delicada missão designada por seu Governo, pela qual se infiltraram em grupos terroristas que operavam a partir de Miami, realizando ações contra Cuba e seu povo.

A tarefa era simples: conhecer as ações promovidas por esses grupos e buscar impedi-las, mas, sobretudo, informar Cuba para neutralizá-las, salvando o país e sua população das consequências da violência.

Do território dos EUA, grupos armados como Alfa 66, “Irmãos ao Resgate” e outros enviavam agentes com a finalidade de colocar bombas em hotéis de turistas em Havana e outras cidades, provocar incêndios, realizar atentados e cometer crimes. Esses grupos até mesmo violavam o espaço aéreo cubano, lançando do ar proclamações contrarrevolucionárias. Em um desses atos, ocorreu a morte de Fabio Di Celmo, um jovem turista italiano de apenas 21 anos.

Quando, no dia 12 de setembro de 1998, os 5 foram detidos, iniciou-se contra eles uma campanha demolidora. Tentaram apresentá-los como espiões e terroristas a serviço de uma “potência estrangeira”. Diante dessa circunstância, Fidel Castro, ao ser informado, falou em voz alta. Profeticamente, antecipou os fatos: “Eles voltarão”, disse. E eles voltaram.

Obviamente, não eram espiões, pois não haviam se infiltrado em organismos do Estado norte-americano. Não trabalhavam na NASA, no Capitólio, no Departamento de Estado, no FBI ou em qualquer outra entidade dos Estados Unidos. E não eram terroristas, pois não haviam cometido nenhum ato que pudesse ser assim caracterizado.

Pelo contrário, impediram a realização de atos terroristas, salvando vidas de pessoas não apenas cubanas, mas também norte-americanas, que poderiam ter sido afetadas pela onda de atentados desencadeada na capital cubana por estruturas criminosas organizadas e financiadas do exterior.

Além disso, a “potência estrangeira” mencionada era Cuba, a própria pátria dos 5, que, ademais, não representa ameaça alguma para a grande potência mundial.

Desde o início, houve uma intensa pressão sobre os detidos. Tentaram fazê-los se declarar “culpados”, aderir à “colaboração eficaz” e denunciar seu próprio governo, especialmente o Comandante Fidel Castro, como forma de “deixar registrado” que o líder cubano realizava ações terroristas contra os Estados Unidos. Assim, buscavam justificar sua política genocida contra a Pátria de Martí. Nunca conseguiram tal propósito perverso.

O julgamento dos 5 foi prolongado e complexo. Jamais as autoridades norte-americanas conseguiram provar qualquer das acusações contra eles. Mesmo assim, em 2001, eles foram condenados a uma virtual morte em vida.

No caso de Gerardo, a sentença foi particularmente cruel: 2 penas de prisão perpétua mais 30 anos. Ele jamais poderia sair da prisão. Era considerado o “chefe” da suposta “organização terrorista”.

No mundo, levantou-se uma potente voz de protesto. Em todos os países surgiram Comitês de Solidariedade com os 5. Poetas, escritores, artistas, personalidades, dirigentes políticos, sindicalistas, líderes de opinião, religiosos de diversas crenças, parlamentares e até chefes de Estado se manifestaram em distintos países e em todos os níveis da vida pública.

Como uma imensa praia de solidariedade, cada um foi um grão de areia que demonstrou força e valor.

Os peruanos não foram alheios a essa tarefa. Hoje, podemos dizer com legítimo orgulho que batalhamos arduamente organizando ações solidárias ao longo e largo do país durante 12 anos. Nessa luta, o “Comitê Peruano de Solidariedade com os 5” brilhou com luz própria. Bateu em todas as portas e abriu caminho para a vontade de milhares de peruanos.

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A batalha legal também foi dura, travada nos tribunais mais adversos. Pouco a pouco, a verdade foi prevalecendo. Em determinado momento, a situação criada tornou-se insustentável. Nesse contexto, em 2010, as sentenças tiveram de ser revistas, mas as novas decisões foram particularmente severas, sobretudo para Hernández, Guerrero e Labañino.

Imagem: Workers World

Nos Estados Unidos, a solidariedade também se manifestou, e o país foi palco de eventos de grande relevância. Mas, no centro de tudo, esteve a luta travada a partir de Cuba, destinada a recuperar os heróis e garantir seu retorno à pátria. E isso aconteceu em 2014.

10 anos após esse episódio, Fernando González Llort está à frente do Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP), Gerardo Hernández Nordelo lidera os Comitês de Defesa da Revolução — os históricos CDR — e os outros três companheiros continuam desempenhando tarefas de alta responsabilidade, honrando seu claro compromisso revolucionário.

Cuba, seu povo e seu governo enfrentam corajosamente os ataques maliciosos do Império, enquanto os povos do mundo mantêm os olhos abertos para sempre mirar o legado de Fidel convertido em bandeira.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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