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ToggleNo dia 16 de agosto do corrente ano, a polícia federal dos EUA (o FBI, cujo comandante histórico é o reacionário e empregado da máfia, John Edgar Hoover – 1895/1972) entrou com ordem judicial em uma das residências do ex-presidente Donald Trump. De imediato, os subtítulos e chamadas dos grandes grupos de mídia do Ocidente começaram a difundir que havia uma “campanha de antissemitas” dentro do território da superpotência. No Brasil não foi diferente.
A jornalista e repórter de política internacional do portal G1 (Organizações Globo), Sandra Cohen, trouxe para o público brasileiro um tema que nos interessa diretamente. Como dissemos acima, Trump sofreu um mandado de busca e apreensão em uma de suas mansões, no caso, a residência de Mar-a-Lago, na Flórida. Segundo a colunista, uma onda de “antissemitismo” foi disseminada a partir da autorização dada pelo juiz Bruce Reinhart.
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Conglomerados de comunicação dos EUA reproduziram a tese. “Republicanos e conservadores” teriam vociferado contra o magistrado. O jornalismo profissional também se moveu, a começar pelo próprio New York Times – apoiador inequívoco do Apartheid e da Ocupação – fez uma matéria com o perfil profissional e de doações políticas do juiz.
Nada indica uma lealdade sequer ao Partido Democrata ou Republicano, tendo doado recursos tanto para Barack Hussein Obama como para o ex-governador da Flórida e pivô da fraude eleitoral de 2000, Jeb Bush, irmão de Bush Jr.
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O escândalo das hordas trumpistas foi em cima da ascendência judaica e da pertença do magistrado, já que ele frequenta uma sinagoga no município de Palm Beach Gardens, a Temple Beth David. De imediato, os serviços religiosos do templo foram suspensos e canais da deep web, como os do 4Chan, faziam circular mensagens antissemitas contra o juiz.
Surpreendentemente, o enorme aparato de segurança de nada funcionou, permitindo a apostasia e a exposição do magistrado que autorizou o FBI a recolher cerca de 20 caixas de documentos, incluindo alguns classificados como secretos e ultrassecretos.
Trump pode estar enquadrado em crime federal, de acordo com a Lei de Espionagem, que proíbe autoridades de retirar de salvaguarda documentação sensível da superpotência. Mas será que existe uma quebra de compromisso do animador de programas de TV com o fim da Ocupação na Palestina? E, na política doméstica estadunidense, será que a extrema direita de lá se desassociou do sionismo? Vejamos.
Apoiar o assassinato em massa de árabes é permitido moralmente, desde que defendam o “viés democrático” do Apartheid na Palestina Ocupada
Os sionistas de Trump
Segundo o diário israelense Jerusalem Post, Trump autorizou a anexação da maior parte da Cisjordânia por Israel, e isso ocorreu em janeiro de 2020. A contrapartida dos invasores sionistas seria reconhecer o “Estado da Palestina” na forma de um pequeno bantustão, no que restasse da região. Washington comunicou ao então premiê Netanyahu que reconheceria a soberania do Apartheid sobre áreas já reivindicadas, como as denominadas pelos europeus de “Judeia e Samaria”.
O operador chave da anexação era o embaixador estadunidense nos Territórios Ocupados de 1948, David Friedman. Jared Kushner, o genro do especulador, fraudador da receita e dono de cassinos, Donald Trump, oficiava de conselheiro sênior da Casa Branca. Outro reconhecido sionista nesta administração foi Jason Dov Greenblatt, que obedecendo a lógica das portas giratórias gringas, antes de ser Representante Especial para Negociações Internacionais, foi vice-presidente executivo e diretor jurídico das Organizações Trump.
Ao deixar o cargo, Greenblatt foi sucedido por Avrahm “Avi” Berkowitz, operador de confiança de Jared e não de Trump ou Friedman. Interessante observar que Jason Dov é filho de um refugiado húngaro de fé judaica, mesma origem de George Soros, odiado pelo trumpismo e pelos setores mais fanatizados do Partido Republicano.
Olhando a lista de assessores e pessoas-chave com posições de poder, sobram sionistas na equipe de Trump para lidar com o Oriente Médio e a Palestina Ocupada. Pela “lógica”, eles – Soros e Dov – podem ser acusados de qualquer coisa, mas não seria um “antissemita” considerando os critérios empregados pelos sionistas ao classificar qualquer adversário desta forma ignóbil.
O plano de erradicação do povo palestino
O coronel da reserva do Exército dos EUA, Lawrence Wilkerson, foi oficial combatente na guerra imperialista contra o Vietnã e formou parte do Estado Maior de Collin Powell, quando este militar estadunidense foi secretário de Defesa da superpotência. A semelhança de seus pares israelenses, quando estava em serviço regular na carreira, foi um eficiente cumpridor de ordens. Praticou a invasão do Vietnã tal com os militares sionistas que se constituem como “IDF” promovendo a limpeza étnica na Palestina. Tal como veteranos assassinos de árabes, o coronel, estando na reserva, se tornou crítico de seu país.
Em entrevista para o portal alternativo acTVism Munich, Wilkerson afirma com todas as letras que o plano de Israel é a erradicação do povo palestino para “normalizar as práticas de Apartheid”. Desta forma, diante tanto de sua opinião pública e eleitoral, assim como organizar a difusão de notícias – com um glossário seletivo e censurado – através da mídia ocidental.
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Em longo depoimento, o coronel Lawrence aponta um longo percurso histórico no século XXI, sendo inaugurada a “nova política do Apartheid e erradicação total”. O anúncio foi feito pelo então premiê sionista Ariel Sharon durante encontro realizado em fevereiro de 2002 junto a Bush Jr. Em 2006, a doutrina ganha uma base conceitual, Dahiya, tendo sido experimentada na campanha de bombardeio contra o Líbano (12 de julho a 14 de agosto, com vitória da Resistência Libanesa). Na sequência, o Apartheid reproduz o mesmo emprego nas três campanhas contra Gaza, 2009, 2012 e 2014, e recentemente, nos ataques de 2021 e 2022.
Podemos observar um comportamento “bipartidário”, pois esta política de erradicação e punição coletiva em larga escala passa por administrações republicanas (Bush Jr e Trump) e democratas (Obama e Biden). Punir coletivamente é uma expansão do Terror de Estado invasor, já que desde o início dos pogroms e limpeza étnica na Palestina, ainda durante o “mandato britânico”, a punição para rebeldes era a expulsão de casa. O sionismo amplia esse conceito terrorista, explodindo as residências de árabes, bastando, para isso, que um membro da família seja flagrado em rebelião contra os invasores europeus.
O antissemitismo de ocasião e a manobra sionista
O comportamento de ambos partidos políticos dos EUA é a favor do Apartheid e do racismo aplicado na Palestina. No sionismo não é diferente, sendo que massacres e pogroms foram perpetrados tanto por “trabalhistas” como membros do Likud. Na prática do para-militarismo, não há diferença substantiva entre os herdeiros da Palmach e da Haganah, ou dos bandos de Stern e da Irgun.
Voltando ao tema do “antissemitismo de ocasião”, a manobra é simples. Como o comando dos EUA agora é democrata e, no caso brasileiro, a social-democracia deve ganhar do trumpismo tropical, a ideia do inimigo é se distanciar de seus apoiadores recentes, deixando a extrema direita ocidental sozinha.
Apoiar o assassinato em massa de árabes – logo, matar semitas – é permitido moralmente, desde que defendam o “viés democrático” do Apartheid na Palestina Ocupada. Nos EUA e também no Brasil, a manipulação do debate leva uma boa parte da opinião pública a reproduzir essa falácia.
Bruno Beaklini | Monitor do Oriente
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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