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Foto: Reprodução / X - Volodymyr Zelensky

Mesmo com mediação de Trump, guerra na Ucrânia está longe do fim, apontam analistas

Condições apresentadas por Moscou e Kiev são rejeitadas de forma mútua e estagnam as negociações. Zelensky insiste em adesão da Ucrânia à Otan
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Ao se completar nesta segunda-feira (24) o terceiro ano desde que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou iniciar a operação militar especial na Ucrânia, a guerra entre esses dois povos eslavos, outrora irmãos e agora talvez distanciados para sempre, continua semeando morte e devastação. Ao todo, o conflito soma 1.097 dias consecutivos.

Nesta última semana, muito foi escrito e comentado no rádio e na televisão sobre o surgimento do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como pretenso mediador. No entanto, alguns analistas afirmam que as negociações estão longe de ter começado e que, colocadas nos termos atuais, sem levar em conta os interesses de todas as partes envolvidas, dificilmente poderão pôr fim à guerra.

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Até agora — sustentam aqueles que acompanham de perto o que ocorre em Washington, Moscou, Kiev e Bruxelas, as grandes capitais implicadas —, Vladimir Putin e Volodymir Zelensky se limitam a oferecer separadamente a Donald Trump algum acordo que acreditam ser de seu interesse, como costuma acontecer em barganhas de compra e venda de imóveis.

O mandatário russo propõe normalizar relações para impulsionar a cooperação econômica até o Ártico. Já o governante ucraniano sugere compartilhar os recursos minerais da Ucrânia, mas não na medida proposta por Trump.

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Manutenção dos territórios já conquistados

Enquanto isso, declarações recentes do chanceler Serguei Lavrov, do assessor presidencial em política externa, Yuri Ushakov, e do porta-voz da presidência russa, Dimitri Peskov, ressaltam que o Kremlin reitera o interesse em manter cerca de 20% da superfície do país vizinho eslavo: os territórios já conquistados, incluindo os que ainda faltam libertar nas regiões de Donetsk, Kherson e Zaporíjia, incorporadas à Federação Russa, junto com Lugansk.

Moscou reforça ainda que Kiev renuncie à ideia de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), se declare neutra e desarme seu exército, além de modificar as leis para favorecer a língua, a cultura e a religião da população nas regiões com mais habitantes de origem russa. A Ucrânia rejeita essas imposições.

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Por sua vez, o governo da Ucrânia — ainda que tenha moderado sua retórica inicial de recuperar o território que possuía como parte da União Soviética, de acordo com as fronteiras de 1991, ou mesmo os limites que existiam até 24 de fevereiro de 2022 — acredita que a cessão de território teria um status temporário e centra sua estratégia em conseguir garantias de segurança.

Entre essas garantias, menciona sua adesão imediata à Otan ou o deslocamento de um “contingente de paz” com militares de países europeus ao longo de 1.200 km de fronteira, além de armamento — para não sofrerem novos ataques, afirmam —e dinheiro para reconstruir as infraestruturas e moradias danificadas. A Rússia não aceita tais exigências.

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Nesse contexto, e independentemente do que Trump diga ou deixe de dizer a cada dia, as notícias das últimas semanas mostram que a Rússia e a Ucrânia continuam se bombardeando.

O exército de Moscou, que tem duas ou três vezes mais armamento, continua seu paulatino avanço sobre Donetsk, enquanto as tropas ucranianas permanecem na região russa de Kursk. E nesta guerra de desgaste, ambos os exércitos sofrem numerosas baixas em mortos e feridos.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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