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Cannabrava | Partidos buscam artistas e bilionários; PSDB e PP em risco de extinção

Maioria das siglas são feudos; PP está vendo debandada de parlamentares e PSDB continua à deriva, em busca de uma alternativa para o governo de SP
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

A pobreza de lideranças é triste e preocupa. Preocupa em dobro o baixo nível dos protagonistas que assumiram a gestão de governos no Brasil, colocando em risco a paz mundial e a própria sobrevivência da humanidade. O fenômeno é mundial e tem origem na ditadura do pensamento único imposta pelo capital financeiro a serviço do imperialismo.

Se nota essa pobreza nesses arranjos entre partidos que se reacomodam para disputar as eleições de outubro. Não há propostas de projetos, tudo se dá em função do poder pelo poder. Em outras palavras, a apropriação do Estado e dos bens públicos em proveito próprio.

Na falta de quadros, apelam para figuras notáveis na mídia, mas que nada significam do ponto de vista ético e político e em nada poderão contribuir para a construção da democracia nem do desenvolvimento. 

Maioria das siglas são feudos; PP está vendo debandada de parlamentares e PSDB continua à deriva, em busca de uma alternativa para o governo de SP

Montagem Diálogos do Sul
PSDB tem perdido força nos últimos anos e com todas as crises e evasão de lideranças pode naufragar

A maioria dos partidos brasileiros são verdadeiros feudos. Têm donos e lideranças envelhecidas. Para não abrir mão de seus privilégios, impedem a formação de novas lideranças. 

Não é por acaso que existem cerca de 70 pedidos de reconhecimento de novos partidos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE0, além dos 32 registrados, dos quais vinte têm assento no Legislativo. 

É grande a disparidade, partidos com um (Rede), seis (Patriota), oito (PCdoB e Avante), 9 (Psol) deputados, e os grandes, com 76 (UB), 53 (PT), 44 (PL), 42 (PP), 37 (PSD). O MDB já foi o maior, hoje tem 34; PSDB e PSB têm com 30 cada.

Nas votações, o governo conta com um mínimo de 300 votos e a oposição, quando consegue muitos votos, não passa de 150. É um massacre. A ditadura da maioria a serviço do governo militar de ocupação aprova as maiores barbaridades, sempre sem consulta pública, quase sempre na calada da noite. 

O atual governo militar é ilegítimo porque é fruto de fraude eleitoral, ilegítimo porque fere a ética e, sobretudo, viola a soberania nacional, princípios basilares da Constituição de 1988.

Maioria parlamentar

O Brasil é urbano, o Congresso é rural, ou seja, dominado por uma plutocracia assentada no latifúndio e na agroindústria. Não correspondem a sequer 20% da população e a menos de 20% da formação do PIB. 

Os 80% da população urbana, que gera a riqueza industrial e de serviços, não tem voz no Congresso. A nação está à mercê de uma plutocracia que governa para si mesma e o que é pior: sem nenhum sentido de soberania. 

Esses plutocratas deixam o país ser delapidado, com metade da população no desamparo. É isso mesmo: mais de 100 milhões de pessoas estão no desemprego ou na informalidade, sem futuro. 

Não há como democratizar o país nessas condições. Democracia deve ser entendida como governo do povo para o povo.

Quando da redemocratização de 1946, 14 partidos foram formados, sendo quatro maiores, garantindo a governança. Já era complicado. Na realidade, ingovernável do ponto de vista dos interesses do povo, pois não mudou a estrutura do Estado oligarca. 

Apesar disso, sem conhecer a história, na redemocratização de 1987, repetiu-se a façanha e o que temos hoje é a mesma partidocracia que tornou o país ingovernável.

Partidocracia

Os jornais estampam as seguintes informações: 

  • Deputados do PL cobram até 25% para liberar recursos de emendas parlamentares. 

  • Bolsonaro e filhos extorquiam funcionários em até mais da metade do salário, com a pratica conhecida como Rachadinha;

  • Emendas do relator do Orçamento, conhecido como Orçamento Secreto, levam R$ 16,8 bilhões, mais de um bilhão só para o relator; 

  • Fundo Eleitoral (Fundo Especial de Financiamento de Campanha) é de R$ 4,9 bilhões e R$ 1,1 bilhão vai para o Fundo Partidário (Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos), ou seja, R$ 6 bilhões para a partidocracia que torna o país ingovernável. 

  • Passando a boiada — projetos de lei liberam garimpo ilegal, invasão de terra indígena, oficialização da grilagem, devastação da Amazônia e do Cerrado… o que é apenas uma amostra da devastação. A Ucrânia é aqui. 

  • Insegurança Jurídica — dois episódios ilustram bem: 

    • Passados quatro anos do assassinato de Mariele Franco e Anderson Gomes sem que tenham sido punidos os envolvidos

    • Vale perguntar, cadê o relatório da CPI da Covid, conhecido como CPI do genocídio? Vai terminar em pizza?

  • Há que mencionar que o governo está absolutamente perdido diante da situação econômica de estagflação e disparada nos preços dos combustíveis (gás, diesel, gasolina). Está explícito que não sabe o que fazer.
    Os generais no comando do Palácio do Planalto preocupados com a reação dos caminhoneiros querem subsidiar, ou simplesmente desonerar. O gestor mor da economia, Paulo Guedes, que serviu ao fascista Pinochet, diz que desonerar pode custar R$ 27 bilhões, que não tem. Os preços dos combustíveis são insuportáveis. Algo terá de acontecer.

Enfim, é o sistema em vigor, é o regime republicano derivado do regime monárquico instituído para preservar o poder das oligarquias. Isso não se muda com eleição. Aliás, piorou com as últimas votações. É mensurável. Recessão e arrocho por décadas geraram o estado de estagflação, um abismo, e não há competência no governo sequer para remediar.

PP e PSDB sob risco de extinção

O Partido Liberal, após a filiação de Jair Bolsonaro, continua em busca de novos filiados. Estão se filiando grandes figurões que ocupam cargos no governo e também a raia miúda, ou seja, parlamentares. Destes, nesta semana, entraram 15. 

O PP corre risco de extinção, tamanha a debandada de filiados, que estão sendo chamados de traidores. Eu prefiro chamá-los de infiéis, pois violaram a fidelidade partidária, mas dentro das regras do jogo. Saíram 16, 13 foram para o PL. 

Traidores são os que estão traindo a pátria em conluio com Estados Unidos, como Sérgio Moro, que se um dia houver justiça e for julgado, será condenado por traição à pátria. 

Traidores são os generais que ocuparam o poder em Brasília, entregaram a Base Aeroespacial de Alcântara e recebem ordens do Comando Sul dos Estados Unidos, partícipes da desmontagem do Estado, cúmplices na implantação da estratégia do caos.

Entre os que ocupam cargos, está o tenente-coronel aeronáutico Marcos Pontes, apelidado de astronauta por ter servido na Nasa e atuado como garoto propaganda de produtos estadunidenses. É ministro da Ciência e Tecnologia. Se sua missão era destruir o setor, não conseguiu, a ciência resiste. Em 2018 não conseguiu se eleger senador.

Cannabrava | País desmorona enquanto abutres devoram Petrobras e o que resta do Brasil 

O PSDB continua à deriva. Não consegue segurar Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul. Infiel, vai para o PSD, de Gilberto Kassab. Esse sim, está colhendo desgarrados, não importa de onde vêm nem o que pensam, basta que tenham votos. 

O importante é ter cacife para negociar prebendas do governo, seja lá quem for. Lembremos que desde a redemocratização Kassab apoiou todos os governos.

Veja também

Em São Paulo, os tucanos estão pensando até em ir atrás de Sérgio Moro para ser candidato a senador ou a vice qualquer coisa. O fato de Moro ser um traidor a serviço dos Estados Unidos não importa. Importa é que o povo é desavisado e Moro tem mídia e dinheiro. 

Não há ética nessas movimentações partidárias. Só interesses escusos.

O que leva um partido a procurar alguém como Luiz Datena para ser candidato a senador ou vice de alguém?


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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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