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Sonho dos EUA por hegemonia absoluta é armadilha mortal para todo planeta

Mundo é mais reduzido do que se pensa e, em caso de guerra, nenhum país estará livre das consequências
Carolina Vásquez Araya
Diálogos do Sul Global
Cidade da Guatemala

Tradução:

Conta a fábula de Samaniego que uma pequena leiteira construía castelos no ar com o produto da venda do leite, até tropeçar e quebrar a vasilha que o continha, perdendo tudo. Uma lição de vida, mas também um exemplo de como a ambição leva o ser humano a perder a perspectiva. Enfrentado ao risco iminente de uma guerra insensata – como todas as guerras – com o objetivo primordial de expandir seus domínios geopolíticos, territoriais e acabar – por fim! – com o seu mais acendrado inimigo, o eixo ocidental, liderado pelos Estados Unidos, tem o mundo em suspenso.

Os detalhes desta saga brutal em cuja trajetória, já nestes momentos, perdem a vida e a segurança de seu lar milhares de seres humanos inocentes, são exibidos sem cessar por meio dos noticiários e jornais, pelas redes sociais e qualquer recurso mediático capaz de manter a atenção e imprimir o tom da mensagem elaborada pelos centros de poder ocidentais. A guerra é um instrumento útil e proveitoso nas mãos de governantes de qualquer tendência, de qualquer bando, cujo fim nunca foi a liberdade nem o bem-estar dos povos envolvidos, mas sim a satisfação de seus afãs expansionistas. 

A Ucrânia é um país rico em recursos e com uma posição geográfica e estratégica que o coloca na mira das potências de ambos os lados. Com mais de 40 milhões de habitantes e uma superfície de 600 mil km², onde abundam os recursos minerais, é um “bocatto di cardinale” em termos de exploração, mas também um enclave fundamental para se adentrar na esfera russa do poder. Com a inexcusável cumplicidade do Europa e da Otan como alavanca para pressionar os limites da tolerância e acender a mecha de uma guerra de proporções incalculáveis, os Estados Unidos tornam a demonstrar uma falta de sensatez capaz de fazer explodir o planeta.

Potências criam mundo mais perigoso do que o existente durante Guerra Fria

Tem destaque, neste momento histórico, a labilidade do exercício jornalístico. Essa facilidade de mudança – labilidade – para objetivos alheios à sua natureza e ao seu compromisso com a verdade. O dano que pode fazer uma campanha bem orquestrada de desinformação para grandes conglomerados humanos, carentes de recursos de comparação, é imenso. Hoje, a população está obrigada a investigar por sua conta e esse exercício só surge em pequenas minorias, enquanto as massas ficam à mercê da manipulação ideológico e dos contos de terror.

Mundo é mais reduzido do que se pensa e, em caso de guerra, nenhum país estará livre das consequências

Max Pixel

O custo de uma guerra se reflete em um rompimento histórico cujas consequências são sempre a pobreza e a perda de vidas humanas

Enquanto se observa com horror uma escalada bélica cujas consequências serão devastadoras para os países envolvidos, mas também para todo o resto de nações, os líderes mundiais parecem haver pedido a capacidade de raciocínio e se enfrentam em um duelo do qual não haverá vencedor. O mundo é mais reduzido do que se pensa e em caso de explodir a guerra que todos temem, não haverá nenhuma possibilidade de estar livre de suas consequências.

Os países em desenvolvimento, os mais vulneráveis, sofrerão a onda expansiva em termos econômicos, políticos e em uma perda brutal de oportunidades de desenvolvimento. O custo de uma guerra se reflete em um rompimento histórico cujas consequências são sempre a pobreza e a perda de vidas humanas. A ambição desmedida pelo poder geopolítico não é escusa para detonar essa conflagração. Aos Estados Unidos e seus aliados já se rompeu a vasilha antes dessa conjuntura, mas não parecem haver aprendido a lição. 

A verdade no jornalismo é um bem escasso, indomável e em perigo de extinção.

Carolina Vásquez Araya é colaboradora de Diálogos do Sul da Cidade da Guatemala


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Carolina Vásquez Araya Jornalista e editora com mais de 30 anos de experiência. Tem como temas centrais de suas reflexões cultura e educação, direitos humanos, justiça, meio ambiente, mulheres e infância

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