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Em ano eleitoral, assassinato de dirigentes sociais bate recorde na Colômbia

País encabeça com folga lista dos mais perigosos para defensores dos direitos humanos, com um terço do total global de crimes no ano passado
Redação AbrilAbril
AbrilAbril
Lisboa

Tradução:

Num contexto de grande violência no país sul-americano, ontem, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) revelou dados relativos aos assassinatos de dois dirigentes associativos e atualizou a sua lista da morte – que teima em não ter muito eco na imprensa.

De acordo com o organismo colombiano, em 2022 foram assassinados no país 36 dirigentes sociais; 1322 desde a assinatura do acordo de paz, em Novembro de 2016. Um dos crimes ontem divulgados na conta de Twitter do Indepaz foi perpetrado contra Eduardo Emilio Vanegas Mendoza, dirigente reconhecido e atual presidente da Junta de Acção Comunal Minero de Pueblito Mejía, no Sul do departamento de Bolívar, que já tinha sido vítima de deslocação forçada.

O Indepaz identificou que ele foi assassinado no sábado à tarde em La Riqueza, no município de Barranco de Loba, onde foi interceptado por dois homens que seguiam de moto e dispararam contra ele várias vezes.

O outro caso reportado nesta segunda-feira diz respeito a Luciano Alvino Ortiz Pineda, também referido como dirigente reconhecido e presidente da Junta de Acção Comunal da vereda La Armenia, no município de Planadas (departamento de Tolima).

Ortiz estava dado como desaparecido, depois de dois homens terem se dirigido à sua quinta. Segundo refere o Indepaz, foi encontrado enterrado perto de sua casa por conterrâneos que tinham decidido ir à sua procura.

Colômbia no topo dos países com mais assassinatos

No passado dia 4, o Indepaz divulgou a lista de países mais perigosos para defensores dos direitos humanos e dirigentes sociais em diversas áreas, em 2021, publicada pela organização Front Line Defenders.

A Colômbia foi de longe o país com mais casos registados de assassinatos (138), seguida do México (42), do Brasil (27), da Índia (23) e do Afeganistão (19). Estes cinco países registam mais de dois terços dos 358 casos verificados pelo organismo a nível mundial.

Ao actualizar os dados no seu portal, o Indepaz refere ainda que, este ano, foram mortos na Colômbia sete ex-combatentes das FARC-EP subscritores do acordo de paz. O último caso registado diz respeito a José Alexis Báez Mesa, assassinado, no passado dia 3, em San José del Guaviare, no departamento de Guaviare. De acordo com os registos do Indepaz, 306 ex-combatentes farianos foram mortos no país sul-americano desde Novembro de 2016.

Num artigo de opinião recentemente publicado em El Espectador, Alfredo Molano Jimeno afirma: “Devemos ter algo muito mau como país para nos resignarmos a ver como dia após dia uma comunidade chora o crime de um dos seus”.

“Neste país, uma das grandes tragédias é que nem o Estado nem a sociedade prestam atenção às denuncias de ameaças ou de atentados, antes parece que preferem contar mortos”, diz ainda.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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