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França: Macron é favorito, Le Pen aparece em segundo e esquerda não decola na corrida à presidência

A três meses das eleições, mantém-se a incerteza. Neste momento, Macron lidera e corrida faz-se à direita, enquanto à esquerda sobram apelos à união
Redação Esquerda.Net
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Lisboa

Tradução:

A menos de três meses do primeiro turno das eleições presidenciais francesas, as sondagens dão a Emmanuel Macron — que ainda não anunciou oficialmente a recandidatura — uma intenção de voto semelhante ao seu resultado do primeiro turno em 2017, entre 25% e 27%.

Um resultado que parece confortável para um presidente que teve o mandato marcado por forte contestação social até ao início da pandemia, com as manifestações dos “coletes amarelos”, e que também não se coíbe de atacar os oponentes das restrições sanitárias, afirmando mesmo que a sua vontade é continuar a “encher o saco dos não vacinados“.

É à direita que neste momento se faz a corrida para a segunda volta, com ligeira vantagem para Marine Le Pen (16% a 18%). A candidata da antiga Frente Nacional está na corrida ao Eliseu pela terceira vez e recuperou o segundo lugar nas sondagens de Valérie Pécresse, a ex-ministra de François Fillon entre 2007 e 2012 que atualmente preside à região da Ilha de França, a maior do país.

Pécresse ocupou o segundo lugar nas sondagens desde o mês passado, após ter vencido as primárias dos Republicanos, o partido conservador do qual saiu em 2019 para fundar a sua própria organização, os Livres.

As sondagens desta semana dão-lhe intenções de voto de 16% e o seu discurso radicaliza-se à direita, com promessas de “limpar os bairros” com intervenção do exército nos bairros populares e a afirmar que “há uma ligação entre imigração e delinquência”.

Em trajeto descendente está o outro candidato da extrema-direita, o ex-apresentador de televisão Eric Zemmour. Após vários meses em que as sondagens o punham à frente de Le Pen, a quem acusa de fazer parte do sistema e de ter abandonado as propostas mais duras contra a imigração, tem perdido terreno desde que anunciou a candidatura, com as sondagens a darem-lhe agora cerca de 12% das intenções de voto.

A três meses das eleições, mantém-se a incerteza. Neste momento, Macron lidera e corrida faz-se à direita, enquanto à esquerda sobram apelos à união

tsf
Emmanuel Macron

Candidatos à esquerda não decolam nas sondagens

À esquerda, a tarefa se mostra complicada para voltar a marcar presença num segundo turno das presidenciais. Candidatos não faltam e apelos à união também não. Mas é a imagem de divisão que vai marcando a pré-campanha.

O candidato melhor colocado nas sondagens é um repetente nestas corridas às presidenciais: o líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, conta com cerca de 9% nas intenções de voto. Segue-se o candidato dos Verdes, Yannick Jadot (entre 6% e 8%), a prefeita socialista de Paris Anne Hidalgo (4%) e o líder do PCF, Fabien Roussel, que apoiou Mélenchon em 2017 (2%).

Cotados com 1% ou menos nas sondagens estão ainda os candidatos dos partidos da esquerda extraparlamentar como Phillipe Poutou (NPA), Nathalie Arthaud (LO), a candidata animalista Hélène Thouy ou o ex-ministro socialista Arnaud Montebourg.

Enquanto Mélenchon responde aos adversários à esquerda que a união se deve fazer à volta do candidato melhor colocado, ou seja, ele próprio, continua a inovar tecnologicamente nos comícios. Depois de ter estreado noutras campanhas o recurso a hologramas para aparecer em palco em várias cidades ao mesmo tempo, promete para este domingo uma “experiência imersiva” em Nantes, com projeção de imagens em 360º em ecrãs gigantes com definição 28K. Ao estímulo visual e auditivo juntar-se-á o olfativo, com a difusão de perfumes naturais à medida das passagens do discurso do candidato, que estará no centro da sala com 3.000 pessoas à sua volta.

Para o eleitorado socialista é o cheiro da derrota que preocupa, com a possibilidade de a sua candidata ficar aquém do pior resultado de sempre nas presidenciais, obtido em 2017 por Benoit Hamon. Nos últimos meses sucederam-se os apelos à realização de “primárias populares” para uma candidatura de esquerda, que incluiu até uma greve de fome.

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Anne Hidalgo acabou por concordar com a proposta, apesar de antes ter conseguido mudar os estatutos do PS para que a sua escolha não passasse por primárias. Mas recuou na sua disponibilidade após a recusa do candidato dos Verdes em participar nessa corrida. Yannick Jadot justificou-se dizendo que “não estou aqui para salvar o Partido Socialista”.

Mélenchon e Roussel também recusaram entrar nestas primárias, previstas para o fim de janeiro. Para baralhar ainda mais o cenário das candidaturas à esquerda, a ex-ministra da Justiça Christiane Taubira, próxima do espaço socialista, veio anunciar esta semana a intenção de participar nas primárias populares e tornar-se a candidata para unir a esquerda. Sejam a favor ou contra este processo, os nomes dos candidatos da esquerda estarão nos boletins de voto e quem ganhar terá o apoio do movimento que as promove.

“Se a mobilização tiver força no momento do voto, a pressão será enorme para quem for eleito”, afirmou ao Mediapart Mathilde Imer, uma das porta-vozes destas primárias populares, que espera mobilizar centenas de milhares de eleitores, ou pelo menos mais que os 122 mil que participaram nas primárias dos ecologistas. 

Redação Esquerda.Net


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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