“A mídia alternativa não se deu conta da gravidade do momento que estamos vivendo, o que é desesperador”, disse Laura Capriglioni ao explicar a Paulo Cannabrava Filho, editor da Diálogos do Sul como os Jornalistas Livres, mídia independente que lidera em prol da militância de direitos humanos, combatem a mídia oligopolizada que abriu as portas para o Brasil do governo Bolsonaro.
Em entrevista, a jornalista criticou o processo de institucionalização da mídia de esquerda, que faz com que a militância progressista não contribua com o trabalho voluntário e dificulte o modelo de jornalismo colaborativo.
“As organizações de esquerda, em particular o Partido dos Trabalhadores (PT), não deram a atenção necessária para a necessidade de fazer a disputa ideológica. Usaram o critério de mídia técnica, que é uma bobagem, porque perpetua o oligopólio, que óbvio, tem as maiores fatias de mercado”, explica ao lamentar que esse sistema ajudou a mídia hegemônica a faturar ainda mais.
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“Infelizmente, durante os governos do PT, a Globo ganhou um monte de dinheiro de publicidade. É uma pena, infelizmente o PT pagou um preço muito alto por esse descaso em relação à construção de uma narrativa própria e o que a gente viu durante o processo do golpe foi toda a mídia oligopolizada junta, sabotando um governo popular, foi isso que aconteceu”, diz.
Montagem Diálogos do Sul
Surge uma aliança entre Facebook, Globo e a terceira via?
Laura também abordou a relação de interesse entre as grandes mídias e as redes sociais. Hoje, o CEO do Facebook, Marck Zuckerberg, também controla o Instagram e o Whatsapp, meios de comunicação que fazem parte da rotina de grande parte da população brasileira.
“As pessoas conseguem ter acesso a essas redes mesmo quando acaba o pacote do seu plano de celular, porque a intenção é que os pobres permaneçam ali”, explica a jornalista.
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“Isso é uma prisão, as redes sociais se transformaram numa prisão ideológica”, denuncia ao informar que o Facebook fechou um grande acordo para financiar o jornalismo da Folha de São Paulo, Poder 360, Rede Globo, UOL, Estado de São Paulo e Veja.
“Toda essa mídia golpista está sendo apoiada pelo Facebook”, diz. Para a jornalista, “essa mídia está desesperada por uma terceira via, então eles se juntaram para perpetrar os ataques que eles sempre realizaram ao PT” para manter uma espécie de “bolsonarismo sem o Bolsonaro, que é isso que eles querem: o Paulo Guedes sem o Bolsonaro”.
Censura dos Jornalistas Livres
De acordo com Laura, Os Jornalistas Livres surgiram para denunciar episódios de abuso dos direitos humanos, racismo e sempre se posicionou como uma mídia de esquerda, que atua ao lado dos movimentos sociais, a favor da reforma agrária, a justiça social e nunca deixou de ressaltar autodeterminação do povo cubano, venezuelano, nordestino. Porém, recentemente, foi vítima de censura pelo Instagram.
“Publicamos um vídeo que mostrava uma mulher nas Lojas Americanas em Salvador (BA), que foi revistada, intimada, por racismo, a abrir a sua bolsa. Porém, ela ficou tão indignada que levantou a blusa a fim de mostrar que não escondia nada. O instagram tirou a gente do ar, alegando que a gente publicou cenas de nudez.”
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Laura explica que essa foi uma das denúncias censuradas pela plataforma, e que, após algumas “punições”, a conta foi removida do ar.
“Começamos uma grande campanha contra a censura, tivemos um apoio gigantesco nas redes sociais, fundamos uma segunda página para continuar a batalha dentro do Instagram e no dia seguinte, eles voltaram com a nossa página dizendo: ‘desculpem, erramos em tirar a página de vocês do ar’, mas não explicaram nada”, desabafa ao fazer um alerta:
“Acho que vamos enfrentar uma briga muito grande no ano que vem. As redes tradicionais estão servindo para tentar emplacar uma terceira via, que seja o Eduardo Leite, o Ciro Gomes, menos o PT, que é esse o objetivo político desses jornalões e da mídia oligopolizada”, denuncia.
“Nós estamos esperando mais ataques e a única saída que temos é juntar toda a mídia independente para nos defendermos, porque esses ataques não serão só feitos contra os Jornalistas Livres, mas serão feitos com todo mundo”, conclui.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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