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Ao menos 40 mil crianças indígenas morreram em internatos nos EUA, reporta Reuters

As separações forçadas de crianças de famílias imigrantes ordenadas pelo governo de Donald Trump começaram um ano antes do informado, informa Washington Post
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Calcula-se que até 40 mil crianças indígenas morreram nos internatos estadunidenses como resultados de maus tratos, mas o governo federal diz que não sabe quantas crianças frequentaram as escolas, quantos morreram ou se extraviaram, nem quantas escolas existiram, reportou Reuters.

Sabe-se que existem pelo menos 73 escolas desse tipo para indígenas estadunidenses — de um total original de mais de 500. A nova secretária do Interior, Deb Haaland, a primeira indígena em um gabinete, declarou no mês passado que o governo investigará pela primeira vez histórias dos internatos para indígenas e buscará os restos dos alunos que morreram neles.

Essa história obscura pouco documentada começou em 1819 com o governo estadunidense removendo à força crianças indígenas de suas tribos para enviá-los a essas escolas — até hoje não se sabe o paradeiro de dezenas de milhares deles.

A série Anne com E retrata um pouco desta história em sua terceira temporada. Neste vídeo, o apresentador explica o que aconteceu com a personagem Ka’kwet. Apesar de a série se passar no Canadá, o contexto é bem semelhante1.

As separações forçadas de crianças de famílias imigrantes ordenadas pelo governo de Donald Trump começaram um ano antes que se reportou, informa o Washington Post

Entre julho e dezembro de 2017, 234 famílias foram separadas em Yuma, algo que não se sabia anteriormente. Alguns dos menores separados eram bebês, como um de apenas 10 meses.

As separações forçadas de crianças de famílias imigrantes ordenadas pelo governo de Donald Trump começaram um ano antes do informado, informa Washington Post

Wikipedia
Entre 1879 e 1918, ao menos 10 mil indígenas estadunidenses de 140 aldeias foram para a Escola Industrial de Carlisle, na Pensilvânia

Mudança climática, racismo e nazismo

Ambientalistas e dreamers juntos: os jovens do Sunrise Movement se somaram aos de United We Dream para demandar que se inclua tanto fundos para combater a mudança climática como um caminho para a cidadania dos dreamers, diaristas e trabalhadores essenciais no projeto de lei orçamentária perante o Congresso sob o lema: “Sem clima não há acordo, sem cidadania não há acordo”. Apontaram que um dos principais fatores que promovem a migração é a mudança climática.

Tommie Lee, o atleta olímpico que com John Carlos, levantou seu punho em protesto contra o racismo nos Estados Unidos e em solidariedade com a luta pela igualdade no mundo nas Olimpíadas de 1968, no México, comentou que esperava mais expressões parecidas nos Jogos Olímpicos que estão para estrear no Japão: “Espero que mais atletas… fiquem em pé e façam um movimento para a exaltação da liberdade”, declarou. 

O chefe do estado-maior, o general Mark Milley, preparou com outros comandantes um plano para evitar que Trump tentasse um golpe do Estado após ter perdido a eleição em meio do que o militar qualificou como um “momento Reichstag” e opinou que o presidente estará promovendo o “evangelho do Führer”, segundo o novo livro I Alone Can Fix It escrito por dois jornalistas do Washington Post.

Afeganistão, guerra contra o terror e terrorismo interno

Biden, ao declarar a fase final de operações militares no Afeganistão — a guerra mais longa da história estadunidense — está fechando o primeiro capítulo da chamada “guerra contra o terror”.

Em parte isso é possível porque os Estados Unidos não sofreram outro atentado “terrorista” promovido a partir do exterior desde 11 de setembro de 2001.

Agora, segundo agências de inteligência estadunidenses, a secretaria de Segurança Interna (criada na era pós 11 de setembro) e o Procurador Geral, a principal ameaça terrorista agora provém do interior do país por “extremistas violentos” racistas estadunidenses. Grande avanço.

Redução de encarceramentos e Sanders

Em várias cidades, incluindo Boston e Baltimore, realizou-se uma experiência para reduzir o encarceramento: as autoridades deixaram de julgar delitos menores não violentos e com isso se reduziu a taxa de crimes em geral — o músico David Byrne investigou isto.

Bernie Sanders “mudou todo o debate na capital da nação… buscando levar seu partido de regresso às suas raízes na classe trabalhadora e guiar o presidente Biden em uma direção mais audaz e progressista” conclui a veterana colunista Maureen Dowd do New York Times.

“Um presidente e um senador que estão por completar 80 anos, homens que foram subestimados e descartados por anos em círculos democratas, estão fazendo uma equipe para transformar o país”, concluiu. 

Só alguns claro-escuros que pintam os dias nos Estados Unidos.

Bônus musical – Tina Turner | Proud Mary.

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Notas:

1 Nota da edição

David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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