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Rússia reafirma "incondicional" apoio ao governo de Nicolás Maduro e à soberania da Venezuela

Chanceler russo destacou que Moscou e Caracas continuarão impulsionando a relação bilateral nos mais diferentes âmbitos
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Ante a permanente ameaça de intromissão nos assuntos internos da Venezuela, “que é um sócio confiável na América Latina e, em geral, no mundo”, a Rússia externa sua plena solidariedade ao governo do presidente Nicolás Maduro e reitera que ninguém deve pôr em dúvida o legítimo direito do povo venezuelano, como o de qualquer outro povo, “de decidir por si mesmo seu destino, sua própria via de desenvolvimento” e, ressaltou, “sem a ingerência de ninguém”. 

Com estas palavras de respaldo o chanceler Serguei Lavrov recebeu nesta terça-feira (22) o também chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, que agradeceu “o apoio incondicional” de Moscou a Caracas “nestes anos de tanta agressão, de tantos ataques e de tantas violações ao direito internacional para tratar de forçar uma ilegal mudança de governo em meu país”.

Lavrov destacou que “ratificamos nosso apego ao direito internacional e à Carta das Nações Unidas” e expressou a convicção de que Rússia e Venezuela continuarão impulsionando a relação bilateral nos mais diferentes âmbitos. 

O chanceler venezuelano apontou que, apesar da pandemia e das restrições, os nexos entre os dois países “continuam avançando a uma velocidade invejável” porque “nossa associação estratégica é de irmãos e isto pudemos comprovar sobretudo nos tempos difíceis”. 

Agregou que “seguimos avançando, queremos acelerar ainda mais o aprofundamento de nossa relação”. 

Chanceler russo destacou que Moscou e Caracas continuarão impulsionando a relação bilateral nos mais diferentes âmbitos

La Jornada
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov (à esq.) ao lado do ministro das Relações Exteriores da Venezuela,

Sanções, obstáculo para adquirir vacinas

Antes de se reunir com seu colega russo, ao dar uma conferência no prestigiado clube de debates Valdai, Arreaza advogou por uma relação de mútuo respeito com os Estados Unidos, mas advertiu que para isso é indispensável que a Administração de Joe Biden abandone sua política de sanções contra a Venezuela e, em primeiro lugar, deve desbloquear suas contas bancárias e devolver os ativos venezuelanos retidos em outros países. 

“Se os Estados Unidos querem fazer negócios com a Venezuela, que sejam bem-vindos” mas antes têm que devolver ao país latino-americano as empresas que “lhe arrebatou pela força”, como no caso das refinarias e estações de serviço em território estadunidenses da Citgo, filial da petroleira estatal PDVSA.

Lamentou que, “em plena pandemia”, 6 bilhões de dólares da Venezuela estejam bloqueados em bancos do exterior por causa das sanções, pelo que – disse Arreaza – “não pudemos comprar vacinas suficientes”. 

Explicou que a Venezuela tem problemas para adquirir vacinas inclusive do programa COVAX, impulsionado pela Organização Mundial da Saúde:

“Tínhamos que pagar 111 milhões de dólares. Pagamos 96 por cento, mas o banco suíço UBS bloqueou a última transferência, de algo assim como uns 10 milhões de dólares. Ao bloqueá-la, embora tivéssemos pago 96 por cento, não nos vão enviar nem uma só vacina, porque é Venezuela”. 

Após agradecer à Rússia e à China as vacinas fornecidas até agora, Arreaza demandou: “Que nos devolvam o dinheiro e compraremos as vacinas à Rússia, China, Cuba ou a quem queira vendê-las. Oxalá haja uma reflexão nesse mecanismo e nesse banco, e possamos comprar as vacinas através da COVAX, mas por ora não é o sinal que estão dando”. 

A título de conclusão perguntou-se: “O que esperamos de Joe Biden? – e Arreaza respondeu: – Sabemos que quem ocupa o escritório oval (da Casa Branca) não toma as decisões nos Estados Unidos, mas tem alguma influência e a sua equipe também. É hora de que (Biden) reflita, que retifique, que nos respeite, que possamos estabelecer uma relação de respeito mútuo”.

Juan Pablo Duch, Correspondente de La Jornada em Moscou

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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