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Incentivo do uso da cloroquina será calcanhar de Aquiles de Bolsonaro na CPI da pandemia

O professor Cláudio Di Mauro aponta para tentativa de atingir uma contaminação em manada, mesmo que isso custasse todas as vidas que já perdemos.
Claúdio di Mauro
Diálogos do Sul Global
Uberlândia

Tradução:

O que justificaria que na CPI da Pandemia ou na CPI do coronavírus instalada e em desenvolvimento no Senado da República a temática principal, durante as primeiras audiências se concentrassem nas abordagens e questões sobre a cloroquina?

Logo no início da infestação pelo Covid-19 no continente americano, tanto Trump nos Estados Unidos quanto Bolsonaro, seu fiel seguidor, optaram pela propaganda destinada a convencer as pessoas se prevenirem com um coquetel de medicamentos, incluindo a cloroquina.

Houveram argumentos, justos, de que a criação de vacinas contra a Covid-19 estava obedecendo um ritmo frenético e que por isso poderíamos ter problemas científicos na sua confiabilidade quanto a eficiência e eficácia. Isso, comparativamente com os tempos demorados para produção de outras vacinas.

O professor Cláudio Di Mauro aponta para tentativa de atingir uma contaminação em manada, mesmo que isso custasse todas as vidas que já perdemos.

Reprodução: Facebook
Bolsonaro sempre fez defesa aberta da cloroquina sem embasamento cientifico

O mesmo argumento de ineficiência e ineficácia poderia ser atribuído ao tal “Kit Preventivo” incluindo a cloroquina, certo? Mas, preferiram os governantes optarem pela cloroquina, mesmo sem a comprovação científica de sua adequação de uso contra a Covid-19.

Trata-se de medicamento adequado para combater determinadas doenças, mas não tendo qualquer relação com a prevenção contra o Covid-19.

Está visto que o mesmo argumento contra as vacinas foi ignorado quanto à cloroquina.

É óbvio que a prescrição inadequada de medicamentos tende a gerar efeitos colaterais. Mas, sem qualquer respaldo científico, Trump e Bolsonaro fizeram enormes gastos de dinheiro público para produção do medicamente inadequado para combater erradamente a pandemia. Já começaram a aparecer os óbitos com causa definida como uso inadequado desse medicamento que funciona como envenenamento.

Assim é que repito, os mesmos argumentos usados contra as vacinas não foram aplicados para a cloroquina. Bolsonaro e seus apoiadores trataram de produzir bilhões de comprimidos da droga e fizeram campanha para convencer as pessoas a utilizar como tratamento precoce.  No caso brasileiro, as Forças Armadas se prestaram a oferecer locais próprios para produção da cloroquina.

Não houve apenas a produção do medicamento, que no caso pode funcionar como envenenamento, foram preparadas campanhas de divulgação para uso da cloroquina. Cenas nas mídias mostraram Bolsonaro com a caixa de cloroquina nas mãos. Até mesmo oferecendo e sendo perseguido pela Ema que é criada no Palácio da Alvorada em Brasília. Essa postura assumiu política de governo. Os Ministros da Saúde, que já se está no quarto, 4° em dois anos, foram demitidos ou se demitiram por não aceitação da divulgação e defesa do uso do tal “Kit preventivo”. Bolsonaro só conseguiu convencer o General Pazuello a servir de seu aliado.

Ficou evidente que a divulgação indevida da cloroquina, sua aplicação indevida com dinheiro público para produzir cloroquina, enfim, o comportamento do Presidente da República e seus Ministros, contribuiu em muito para que a doença fosse disseminada, a ponto de gerar um número explosivo de contaminados e de óbitos, causados pela doença. O que os setores progressistas alertavam é que o Sistema de Saúde no Brasil poderia entrar em colapso. 

E, em diversos dos lugares do Brasil, a exemplo de Manaus, foram muitas as mortes ocasionadas por doentes que não receberam a atenção necessária. Por absoluta falta de estrutura física e de pessoal, além dos esgotamentos dos insumos para atendimento. Muitas pessoas morreram por asfixia e falta de condições para “intubação”, oxigênio e medicamentos que permitissem tais procedimentos.

Ficou evidente que a opção pela produção e oferta de cloroquina fez parte de um projeto de governo, alimentado fortemente pelo Presidente da República. Com frequência o Bolsonaro se mostrou como um ideólogo para a “contaminação de manada”. Ou seja, a contaminação no maior número de pessoas com covid19 para que se obtivesse um efeito de defesa natural, com anticorpos. Uma imbecilidade sem precedentes.

Não é possível que as autoridades governamentais trabalhassem para que a doença atingisse um maior número de pessoas, sem que o Brasil contasse com infraestrutura garantidora de atendimento para os doentes. Não é possível que o Presidente da República e sua equipe não conhecessem os limites brasileiros dos serviços de saúde. Por isso é que se entende que Bolsonaro e sua equipe são responsáveis pelas quantidades incontroladas de sofrimentos e óbitos. Uma equipe de governo que trabalhou para promover doença e morte. Osmar Terra foi um político aliado dessa carnificina contra o povo brasileiro.

Com esse desenho fica expressa a importância que foi dada pelo governo federal, convencendo muitos governadores e prefeitos incautos e suas equipes a defenderem o uso da cloroquina como preventivo para não contrair o covid19.

Muitas são as pessoas que até hoje ainda defendem o uso da cloroquina para prevenir covid19. Seguidores do Bolsonaro seguem suas recomendações.

Há quem diga que tomou cloroquina como prevenção e não contraiu Covid 19. Há quem diga que tomou cloroquina e teve apenas covid19 no formato mais leve, sem hospitalização. Mas, há muitas pessoas que não tomaram cloroquina e também não contraíram a doença e outras que tiveram a forma mais leve sem hospitalização e sem óbito. E, em UTIs do Brasil há e houve muitas pessoas que tomaram cloroquina, foram hospitalizadas, foram a óbito e tiveram efeitos colaterais do uso indevido do medicamento. Há atestados de pessoal da saúde que informam o óbito ocasionado por efeitos colaterais no uso indevido da cloroquina e da ivermectina.

Tudo isso justifica que nos primeiros momentos da CPI do Genocídio, no Senado Federal o assunto dos medicamentos indevidos e recomendados pelo Presidente da República e suas equipes mereçam o tratamento preferencial. Outros temas entrarão nos debates e esperamos que todos(as) responsáveis pela expansão da doença e do número estonteante de óbitos sejam apurados e devidamente punidos.

O Brasil não pode ficar em mãos de gente tão inescrupulosa.

Queremos o Brasil de volta às mãos de nossa população!!!


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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