O general Antonio Hamilton Martines Mourão foi punido por Dilma por pregar um golpe, quando estava no comando do Exército no Rio Grande do Sul. Mesmo punido, por não ter sido demitido e preso, continuou conspirando. Retirou-se para dedicar-se integralmente ao partido político das forças armadas e saiu como vice do capitão Jair Bolsonaro na chapa do minúsculo PSL. Uma chapa puro-sangue, um general vice de um capitão, fraudou a eleição presidencial de 2018.
Continua general e ganhando como se na ativa estivesse, com todos os adicionais, por cursos ou missões. Está de vice presidente da República, é inamovível porque foi eleito, com um salário igual ao do presidente, de R$ 30 mil.
É tido como linha dura. Circula nas redes sociais que “é melhor ter na presidência um capitão que um general disposto a matar os 30 mil que o capitão não conseguiu”. Assim, o impeachment não sai por medo do pior.
Na última terça-feira (6), Mourão publicou artigo na página editorial do Estadão que vale a pena destrinchar, pois é de uma barbaridade maior que a outra a cada parágrafo.
Inicia dizendo que “os brasileiros dependem das forças armadas para garantia da lei e da ordem”.
Que pena.
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Garantir a lei e a ordem é papel da polícia e das forças estaduais. O papel das forças armadas é garantir a soberania nacional. Abdicaram da soberania e estão cúmplices do saque das riquezas nacionais, e se submeteram ao comando sul dos EUA.
Em fevereiro de 2020, Mourão assumiu a coordenação do Conselho da Amazônia, criado para integrar ações dos órgãos federais na região. Na realidade uma resposta às pressões internacionais por conta dos incêndios e desmatamentos na Amazônia e no Pantanal. Para inglês ver, diria o meu avô.
Segundo informe da Nasa, agência espacial estadunidense, em 2020 houve um incremento de 60% nas queimadas em relação ao ano anterior. Segundo o Inpe, o Pantanal foi o bioma que mais foi castigado e a Amazônia preocupa porque influencia o clima no mundo inteiro.
Palácio do Planalto
General Antonio Hamilton Martines Mourão
Em outro parágrafo, Mourão diz que “em situação de crise que ultrapassa a capacidade das agências governamentais requere o emprego da competência logística e organizacional dos militares”.
Vimos que com relação aos incêndios a competência e a logística não deram resultado, em situação de normalidade. Agora, com a pandemia da Covid, a situação é de extrema gravidade, situação de guerra contra um inimigo externo e invisível.
Uma situação de guerra exige planejamento, logística e envolvimento de toda a sociedade civil organizada. O que se vê? Incompetência e incúria, colocando as forças armadas como co-responsáveis por mais de 300 mil mortos, que logo serão 500 mil.
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Diz ainda o general vice-presidente que a situação “difícil” a que chegamos é causada pela postergação das reformas imprescindíveis como a tributária, administrativa e política e porque a administração pública foi atingida pela corrupção. Emenda afirmando que os militares foram chamados para o governo a bem da moralidade e soerguimento do país.
Soerguer o país com políticas neoliberais já vimos que não dá. Ele e sua turma não têm moral para falar em moralidade. Nenhum partido político conseguiu até hoje se apropriar de tantos cargos na administração. Já beiram os 10 mil militares ocupando cargos de diferentes hierarquias nos ministérios e nas empresas estatais e mistas. Todos ganhando duplo salário. Isso para bom entendedor é corrupção, é safadeza.Certos estão os que interpretam que se trata de um partido militar.
Transformaram-se em burocratas a proteger o próprio emprego, a assistir passivamente à entrega do país à sanha predadora dos grileiros e das mineradoras estrangeiras.
O certo é que nenhum setor da administração está funcionando a contento. O único que fazem para conseguir pagar as contas é vender o que não lhes pertence. Estão delapidando o país com a venda de ativos. Vejam nossa análise do orçamento na conjuntura econômica.
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Diz Mourão que não fossem os militares (no poder) o país viveria uma anarquia armada.
Gente. Anarquia armada é o que o governo militar está fazendo ao liberar a venda e não controlar o contrabando de armas. Vão ficar na história como associados a uma famiglia de mafiosos, cúmplices de assassinos de aluguel, e ter favorecido a disseminação de milícias.
Finalizando, Mourão diz que foi o regime de 1964 que fortaleceu a representação política e afastou os militares da política.
O certo é que os militares nunca se afastaram da política e, durante o período de 1964 a 1985, editaram 17 Atos Institucionais, liquidaram com os partidos políticos, cassaram parlamentares e intelectuais, fecharam e abriram o legislativo, manietaram o judiciário, criaram uma justiça militar para julgar civis, prenderam sem julgamento, torturaram, mataram.
Para conseguir essa façanha tiveram que se livrar de 6.500 militares democratas e nacionalistas. Tudo isso em nome de defender a democracia. A democracia dos Estados Unidos, certamente.
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