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ToggleO governo de Joe Biden emitiu uma série de ordens executivas e medidas para abordar o tema da desigualdade racial no sistema de justiça e moradia, reafirmar a soberania das nações indígenas e a anulação formal da chamada política de “tolerância zero” que foi empregada para separar de seus pais e sequestrar mais de 5 mil crianças imigrantes, enquanto o novo presidente teve seu primeiro diálogo com sua contraparte russa Vladimir Putin no que se prognostica que será um giro menos amistoso na política bilateral com Moscou.
Biden firmou quatro ordens executivas relativas à sua promessa de abordar a injustiça racial, informou a Casa Branca. Ao assiná-las, Biden recordou o caso de George Floyd, o afro-estadunidense que morreu quando um policial ajoelhou no seu pescoço, caso que detonou manifestações em massa em todo o país. “Esses oito minutos e 46 segundos que tiraram a vida a George Floyd abriu os olhos de milhões de estadunidenses e milhões por todo o mundo. Foi um joelho no pescoço da justiça e não será esquecido… marcou um divisor de águas na perspectiva deste país sobre a justiça racial”, comentou.
Também recordou que entre aqueles que assaltaram o Capitólio em 6 de janeiro estavam “supremacistas brancos” e que “agora é o momento de agir” na crise da injustiça racial – uma das quatro, junto com a pandemia, a crise econômica e a mudança climática que ele identificou como as prioridades de seu governo.
Suas ordens hoje, segundo sua assessora de política doméstica Susan Rice (que se identificou como descendentes de imigrantes da Jamaica e escravos estadunidenses), são parte das iniciativas que põem a “equidade racial” no centro da agenda no novo governo.
Em entrevista coletiva, Rice indicou que “para demasiadas famílias… o racismo sistêmico e a desigualdade na nossa economia, leis e instituições ainda põem muito fora do alcance o sonho americano”. Agregou que a família afro-estadunidense média tem uma décima parte da riqueza das famílias brancas e que as pessoas de cor são mais afetadas pela Covid do que brancos, e que um de cada 10 trabalhadores afro-estadunidenses e um de cada onze latinos estão agora desempregados, enquanto as comunidades indígenas estão sofrendo piores condições ainda.
Uma das ordens assinadas hoje – a não renovação de contratos do Departamento de Justiça com prisões privadas – é parte da resposta a demandas de reforma do sistema de justiça criminal. No entanto, organizações de defesa de direitos de imigrantes e de direitos civis criticaram que essa ordem não inclui os centros de detenção para imigrantes. Segundo uma investigação da União Americana de Liberdades Civis, 81% de imigrantes (em média, uns 50 mil a cada dia) sob custódia da agência federal ICE estão em instalações operadas por empresas privadas.
Outras ordens incluem reforçar o compromisso do governo federal de respeitar a soberania de governos tribais e promover sua inclusão na formulação de política federais que têm implicações para os povos indígenas, medidas para reverter a discriminação em políticas de moradia e dar passos para combater a xenofobia e atos de violência. contra asiáticos estadunidenses (isto depois de que Trump chamou a Covid-19 de “vírus chinês”).
Por separado, o Departamento de Justiça anulou o memorando do governo de Trump proclamando uma política de “tolerância zero” segundo a qual todo adulto capturado cruzando a fronteira de maneira ilegal seria julgado, reportou a agência AP. Mas os menores de idade viajando com os adultos não podiam permanecer encarcerados com eles sob a lei, e como resultado agentes federais separaram mais de 5.500 crianças de seus pais em um período de meses antes de que a crítica feroz à prática a tenha freado em 2018. No entanto, depois que um tribunal federal ordenou que o governo passado reunificasse todas essas famílias, hoje em dia ainda não se conseguiu localizar os pais de uns 600 destes menores.
La Jornada
O presidente Joe Biden
Putin e relações exteriores
Enquanto o enfoque político do governo de Biden hoje foi sobre assuntos de política interna, também marcaram mudanças na política exterior. Biden se comunicou na tarde de terça-feira com o presidente russo Vladimir Putin para abordar vários temas, desde estender o tratado de armas nucleares New START por outros cinco anos (caduca em 5 de fevereiro) como também para expressar críticas e advertências.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, Biden expressou suas preocupações sobre “a interferência na eleição de 2020, o envenenamento de Alexei Navalny e o tratamento a manifestantes pacíficos pelas forças de segurança russas”. Agregou que também foi abordada a “agressão” contra a Ucrânia e versões de que a Rússia havia oferecido recompensas sobre as vidas de soldados estadunidenses no Afeganistão.
Biden havia prometido em sua campanha assumir uma postura mais firme com Putin e criticou Trump por ser demasiado próximo ao mandatário russo. De acordo com Psaki, a intenção de Biden hoje “foi deixar claro que os Estados Unidos atuarão firmemente em defesa de nossos interesses nacionais em resposta a ações malignas da Rússia”.
Por sua vez, o encarregado da política exterior de Biden, Antony Blinken, foi ratificado pelo Senado como secretário de Estado. Blinken tem uma longa relação com Biden desde que o agora presidente era chefe do Comitê de Relações Exteriores do Senado; depois foi seu assessor de política exterior quando era vice-presidente, e finalmente subsecretário de Estado nesse mesmo governo de Barack Obama.
Nem tudo muda
Ao mesmo tempo, o senador Robert Menéndez será o novo presidente do Comitê de Relações Exteriores como parte das mudanças do traslado do controle da câmara alta aos democratas, notícia que preocupou àqueles que têm esperança de um giro mais progressista na política exterior. Menendez tem uma longa história como “falcão” e foi opositor à normalização diplomática com Cuba (ele é cubano estadunidense) impulsionada pelo governo de Obama (com Biden como vice-presidente).
Menéndez também promove uma linha dura contra o governo de Nicolás Maduro e hoje a Casa Branca não indicou que estivesse preparada para alguma mudança, embora tampouco a tenha descartado. Hoje, a porta-voz da Casa Branca, Psaki, só reiterou que o “objetivo” dos Estados Unidos é “apoiar uma transição pacífica e democrática na Venezuela através de eleições livres e imparciais” e sublinhou que Biden vai se enfocar em abordar a “situação humanitária” e buscará proceder através da “diplomacia multilateral”.
Impunidade, outra vez?
Hablando de democracia, elecciones imparciales y transiciones pacíficas, hubo noticias relativamente positivas para Trump en Washington: aunque una mayoría del Senado votó a favor de proceder con el juicio político del ex mandatario, solo cinco de los 50 republicanos se sumaron a todos los 50 demócratas en ese voto, indicando que no habrá suficientes votos -por ahora- para condenar a Trump (se requieren dos tercios de la cámara alta para declararlo culpable). Pero eso puede cambiar antes y durante el juicio político programado para iniciar el 9 de febrero.
David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York.
La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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