Ante um coro cada vez mais amplo de executivos empresariais, legisladores e altos ex-funcionários republicanos pressionando para reconhecer que o democrata Joe Biden ganhou a eleição, do governo de Donald Trump está cedendo para permitir a transição política apesar do presidente ainda se recusar a reconhecer a derrota.
A agência federal supostamente independente conhecida como a Administração Geral de Serviços (GSA), encabeçada por Emily Murphy colocada aí por Trump, finalmente declarou que Biden é o “ganhador aparente” da eleição – coisa que havia se recusado a fazer até agora – com o que se inicia o processo formal de transição presidencial.
Trump, pouco depois, tuitou que “no melhor interesse de nosso país” estava recomendando que Murphy – o qual disse que havia aguentado o fustigamento e ameaças por sua lealdade – procedesse com o necessário para a transição e que “disse o mesmo à minha equipe”. No entanto, insistiu em que “nosso caso continua firmemente, manteremos a boa luta e eu creio que prevaleceremos”.
Assim, quase três semanas após a eleição, o presidente eleito poderá iniciar o processo de transição à Casa Branca. Com a decisão da GSA, Biden e sua equipe finalmente terão acesso a fundos federais para a transição, estabelecer comunicações para esse efeito com agências do governo, e começar a receber sessões informativas incluindo o manejo da pandemia e de inteligência e segurança nacional.
A equipe de transição de Biden deu as boas-vindas ao anúncio, declarando que os oficiais da equipe de Biden iniciarão reuniões com oficiais federais “para discutir a resposta à pandemia, fazer a contabilidade de nossos interesses de segurança nacional” e obter informação necessária para o traslado do controle da burocracia federal.
White House
Donald Trump está cedendo para permitir a transição política apesar do presidente ainda se recusar a reconhecer a derrota.
Os esforços de Trump para descarrilar o processo continuaram fracassando essa semana com o estado de Michigan certificando os resultados que favorecem a Biden nesta segunda-feira (23), apesar de uma extraordinária intervenção pessoal do presidente para buscar frear esse passo. No sábado, um juiz federal descartou uma demanda legal da campanha de Trump para evitar a certificação do voto favorecendo a Biden na Pensilvânia. A certificação dos votos em ambos os estados sela a derrota de Trump, embora sua campanha siga contemplando outras manobras para desqualificar esses resultados.
A crescente pressão para iniciar a transição, começando com a decisão da GSA, intensificou-se hoje quando mais de 160 líderes empresariais exigiram que Murphy reconhecesse Biden como presidente eleito, em uma carta aberta, na qual advertiram que não compartilhar recursos e informação vital “com um governo entrante põe em risco a saúde pública e econômica e a segurança dos Estados Unidos”.
Ao mesmo tempo, durante os últimos dias um número crescente de legisladores federais republicanos começou a romper com o presidente sobre o assunto, e hoje se somaram alguns dos mais influentes. O veterano senador Lamar Alexander declarou nesta segunda-feira que Trump “deveria pôr o país primeiro” e permitir o início da transição à presidência, advertindo que “quando se está na vida pública, as pessoas se recordam do último que você fez”.
Outros senadores como Rob Portman, como Alexander alinhado com Trump durante muito tempo, expressaram que era hora de proceder com a transição.
Ao mesmo tempo, mais de 100 ex-funcionários republicanos de segurança nacional e inteligência – incluindo figuras como o ex-secretário de Segurança Interna, Tom Ridge, o ex-diretor de Inteligência Nacional, John Negroponte e o ex-chefe da CIA, Michael Hayden – firmaram uma declaração denunciando que a negativa de Trump em aceitar sua derrota e permitir uma transição pacífica e ordenada constitui “uma ameaça séria” ao processo democrático e que era tempo de que a liderança republicana exija ao presidente publicamente que ponha fim ao “seu assalto antidemocrático sobre a integridade da eleição presidencial”.
Trump e sua equipe continuam a insistir que houve fraude em massa e outras irregularidades eleitorais e que eles estão apenas “defendendo a integridade” do processo democrático com suas queixas e demandas legais. Quase todas as mais de 30 ações judiciais foram rejeitadas pelos juízes por falta de provas.
La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Veja também
Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.
A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.
Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:
- Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
- Boleto: acesse aqui
- Assinatura pelo Paypal: acesse aqui
- Transferência bancária
Agência – 0713
Conta Corrente – 24192-5
CNPJ: 58726829/0001-56 - Receba nossa newsletter semanal com o resumo da semana: acesse aqui
- Acompanhe nossas redes sociais:
YouTube
Twitter
Facebook
Instagram
WhatsApp
Telegram