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ToggleOs últimos dias tem nos chamado atenção para a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). É certo afirmar que sua personalidade é proeminente e tem sido frequentemente comentada em razão da pré-candidatura de Lula à presidência. Não faltam, inclusive, publicações que buscam utilizar a figura de Dilma para, de alguma forma, atacar a corrida eleitoral petista.
Ontem (3), repercutiu a afirmação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso de que o “motivo real” para o impeachment de Dilma foi perda de sustentação política e que as pedaladas fiscais foram a “justificativa formal” para o processo.
A fala, que estará presente na estreia da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), se soma a outra de Barroso em julho de 2021 sobre não haver dúvidas de que “Dilma não foi afastada por crime de responsabilidade” mas – novamente – “por perda de sustentação política”.
Feita novamente por uma alta figura do judiciário brasileiro, a declaração deu combustível para discussões nas redes sociais sobre o caráter golpista do impeachment de Dilma: “um grande acordo nacional. Com o Supremo, com tudo”, conforme disse Romero Jucá.
Agora o Barroso confessou que foi golpe contra a Dilma. A Janaina já tinha confessado, o Temer confessou, o Cunha confessou, o TCU disse que era golpe, mas a tia do zap acredita que foi impeachment.
— Pedro Ronchi (@PedroRonchi2) February 3, 2022
Já no último dia 30 de janeiro, foi a vez de o Estadão publicar o editorial “Lula esquece, o País lembra”, onde afirma que entre os vários assuntos evitados ou não pelo líder ultimamente, há um em específico que “não faz ideia de como abordar”: “Dilma Rousseff e seu trevoso governo”. O texto alega que a atuação de Dilma foi um desastre, além de indicar que ela foi nada mais que um fantoche obediente a Lula.
Na última segunda-feira (1), Dilma publicou em seu portal uma resposta ao periódico. Com o título “Um jornal em diminutivo”, a líder elenca feitos alcançados entre 2010 e 2016, como a menor taxa de desemprego da história do país em 2014 – uma média de 4,8% –, a marca de US$ 370 bilhões em reservas internacionais e – como salientado por ela – a saída do Brasil do Mapa da Fome da ONU, também em 2014.
Dilma Rousseff – Reprodução/Twitter
Declaração de Barroso deu combustível para discussões sobre o caráter golpista do impeachment de Dilma
Na carta, Dilma se dirige ao jornal como “Estadinho”: “O jornal, que vem diminuindo ano a ano, inclusive fisicamente, hoje é um tabloide movido por uma obsessão: impedir a eleição democrática em outubro”. Além disso, ela relembra o famigerado editorial de 2018 do jornal, onde cometeu “o crime de afirmar que a opção entre um professor universitário, reconhecidamente democrata, e um deputado fascista era uma escolha difícil para o eleitor”.
Leia a resposta na íntegra:
Um jornal em diminutivo
O editorial de domingo, 30, do jornal Estado de S. Paulo mostra que a miopia do Estadão, que hoje tem aumentativo apenas no nome de fantasia, não é doença, mas extremismo de direita. Calculado e indisfarçável. O jornal, que vem diminuindo ano a ano, inclusive fisicamente, hoje é um tabloide movido por uma obsessão: impedir a eleição democrática em outubro.
Já fez isto em 2018 quando, na véspera da eleição, jogou no lixo o que restava de dignidade à antiga família Mesquita para cometer o crime de afirmar que a opção entre um professor universitário, reconhecidamente democrata, e um deputado fascista era uma escolha difícil para o eleitor.
O Estadão já pode ser chamado de Estadinho. Apequenou-se, inclusive no tamanho das páginas. E segue no caminho do desaparecimento, depois de perder leitores e público, com tiragem cada vez menor. Segue movido apenas por obsessões que, em vez de disfarçar, ressaltam as mentiras que publica.
Exatamente ao contrário do que diz o jornal, estão frescas, na memória do povo brasileiro, os resultados produzidos pelos oito anos de governo Lula e pelos quatro anos que me foi dado o direito de governar sem a sabotagem aberta e sem o golpismo iniciado exatamente no dia em que fui reeleita.
Cumpri um ano e três meses de governo no meu segundo mandato com sabotagem escancarada, com o apoio do jornal, e instrumentalizada, inclusive nas páginas do Estadinho. O povo lembra. São lembranças da realidade e dos fatos, e não do ódio do jornal e da imprensa oligopolista brasileira.
Lula deixou seu segundo mandato com mais de 80% de aprovação e reconhecimento popular. Eu, durante meu mandato inteiro, dei continuidade às grandes realizações de Lula. Mas fiz mais. Ampliei as iniciativas que transformaram o Brasil num país bem-sucedido e o brasileiro num povo feliz e com a maior autoestima de sua história.
No primeiro mandato, entre 2010 e 2014, apesar da forte oposição que enfrentei, em tese algo normal num regime democrático, meu governo produziu algumas das maiores realizações da história do país – contra a vontade do Estadinho, é bom que se diga.
Em 2014, conquistamos a menor taxa de desemprego da história do país – uma média mensal de 4,8%, que carateriza uma situação de pleno emprego. Trabalho formal, é justo dizer. Empregos com carteira assinada e direitos trabalhistas, que o Estadinho e os governos que o jornal apoiou e apoia destruíram, depois de me derrubar.
Não causa surpresa que o jornal, tanto quanto os golpistas que me destituíram sem que até hoje tenha sido caracterizado crime de responsabilidade, classifiquem como “teorias ultrapassadas e equivocadas”, que devam “ser escondidas”, o repetido acúmulo de recordes mensais de Investimento Estrangeiro Direto no país. No meu governo, ampliamos a conquista de Lula e chegamos à marca de US$ 370 bilhões em reservas internacionais. Parece trivial, mas na história brasileira tal valor jamais foi alcançado.
Entendo que, exatamente ao contrário do que pretende o Estadinho, não se deve esconder, de maneira alguma, o fato de que, mesmo debaixo da mais massacrante sabotagem política já promovida no Congresso a um governo democrático, por meio de pautas bombas e de um boicote brutal das ações administrativas, processo iniciado no dia exato da minha reeleição, ainda assim alcançamos resultados fiscais rigorosamente superiores aos exibidos nos períodos de governo de FHC.
Por óbvio, a história elitista e de exclusão social do Estadinho — que sempre teve o condão de liderar a plutocracia paulista — não permite acreditar que o porta-voz do mais radical conservadorismo brasileiro pretenda dar importância a resultados extraordinários alcançados pelo meu governo, que são dignos de serem exibidos com orgulho em qualquer campanha eleitoral.
Foi no meu mandato, em 2014, que o Brasil conquistou a maior de suas façanhas: sair do Mapa da Fome da ONU. Graças a todas as políticas que realizamos desde a posse de Lula, em 2003. Também foi sob o meu mandato, cujas realizações o jornal gostaria de esconder, que pela primeira vez na história 63 milhões de brasileiros tiveram acesso gratuito à assistência de saúde, por meio do programa Mais Médicos.
Além disso, nunca em nossa história, mesmo em governos democráticos, nos governos do PT e no meu em particular nunca tantos brasileiros de baixa renda obtiveram o direito de acesso à casa própria, com o Programa Minha Casa Minha Vida, e ao ensino superior, através da política de cotas e de facilidade de acesso a universidades privadas.
Para o Estadinho, é melhor que tudo isto seja escondido dos brasileiros. Sobretudo em uma campanha eleitoral. Mas como os brasileiros já há muito tempo não acompanham mais o jornal, sem dúvida saberão o que o meu governo fez. E se orgulha de ter feito. E, na medida do possível, continuará vendo ser realizado, a partir de 2 de janeiro de 2023, quando Lula assumirá pela terceira vez a Presidência da República.
Contra a vontade do Estadinho. Mas pela força do povo. A força da maioria do povo. Como nas grandes e melhores democracias.
Dilma Rousseff
O editorial “Lula esquece, o País lembra” se soma a outras inúmeras publicações que buscam derreter a pré-candidatura petista, à frente nas pesquisas com 41% das intenções de voto no 1º turno, segundo pesquisa PoderData realizada na última semana.
*Com informações de Brasil 247, Poder 360 e G1.
Guilherme Ribeiro é colaborador da Diálogos do Sul.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
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