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ToggleDepois de 80 dias de recesso, forenses, antropólogos e autoridades judiciais reiniciaram no Panamá a exumação e identificação de vítimas mortais durante a invasão estadunidense a esta nação em 1989, foi dado a conhecer hoje.
A promotora Maribel Caballero disse ao diário La Estrella de Panamá que trabalham na recuperação dos cadáveres para cumprir com a solicitação feita pelo Segundo Tribunal de Justiça, que abriu 14 expedientes para identificação de restos humanos, a pedido de famílias e da Comissão 20 de Dezembro de 1989, que investiga o ocorrido.
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Caballero informou que desde a passada segunda-feira foram retomadas as escavações no cemitério da capital Jardim de Paz, iniciadas em janeiro, que deverão estender-se por uns 45 dias para recuperar as ossadas que serão analisadas com o finalidade de determinar se são dos familiares daqueles que solicitaram a investigação.
Reprodução: Prensa Latina
Exumação e identificação de vítimas mortais durante a invasão estadunidense a esta nação em 1989 no Panamá
A promotoria deteve temporariamente os trabalhos em 20 de março passado, pelo adiamento dos termos judiciais ditados pela Corte Suprema de Justiça e a suspensão de trabalhos no órgão Judicial, por medidas de prevenção diante da pandemia da Covid-19.
Até março foram encontrados em uma fossa comum 70 restos de presumíveis vítimas da ação militar, dos quais 16 foram trasladados à Morgue Judicial, onde os especialistas recolherão as amostras para a análise de DNA e poder documentar a quem pertencem.
A história da cruenta invasão é um enigma, porque o exército agressor se negou a oferecer documentação que permita esclarecer o ocorrido e o que sucedeu com um número indeterminado de civis e militares mortos e desaparecidos durante a ação, contando apenas com testemunhos de pessoas que presenciaram os acontecimentos e contaram suas histórias.
Entre as múltiplas versões, uma das mais reiteradas é a criação de valas comuns, uma delas com documentação fotográfica, enquanto outros testemunhos se referem a enterros fora dos cemitérios, cadáveres incinerados e outros jogados no mar.
Em 2016, o governo panamenho criou a Comissão 20 de Dezembro para “contribuir ao esclarecimento da verdade e pleno conhecimento do número e identidade das vítimas, assim como as violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos” ocorridas durante a ocupação estadunidense.
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A falta de informação veraz impede que se conheça os dados precisos das vítimas e, enquanto o Centro de Estudos Estratégicos do Panamá apresentou uma lista de 317 nomes, o Jardim de Paz só tem 91 identificados e a Comissão, 250 falecidos por esse motivo.
Por sua parte, a resolução 44/240 de 29 de dezembro de 1989 da Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu 329 mortos na ação bélica, que considerou uma “violação flagrante do direito internacional e da independência, soberania e integridade dos Estados”.