A mão no bolso e os óculos no alto da cabeça, o semblante sereno, como se estivesse em uma tarefa pra lá de corriqueira e banal.
Essa é a fotografia de Derek M. Chauvin, um policial branco de Minneapolis (EUA) em uniforme de trabalho.
Na verdade, Derek já estava há 5 minutos ajoelhado sobre o pescoço de George Floyd, que dizia não estar conseguindo respirar. Floyd, negro, acabou morrendo.
O mais recente de uma interminável lista de casos de racismo por parte de policiais estadunidenses provocou a fúria da população que colocou a cidade em chamas. Carros, prédios e lojas foram incendiados.
Foto: Darnella Frazier / Facebook Reprodução
Policial Derek Chauvin que matou George Floyd teve 18 queixas contra ele
Mas quem é Derek Chauvin, o policial branco, e por que isso se repete continuamente?
Derek tem um histórico problemático. Uma ficha corrida que deveria ter impedido que permanecesse em patrulhamento de rua.
Existem nada menos que 18 queixas de brutalidade policial contra ele no banco de dados do Departamento de Polícia de Minneapolis
Ele foi um dos policiais que assassinaram Wayne Reyes, um latino, com 42 tiros. Desse total, segundo a perícia técnica, 16 balas foram disparadas por Derek.
Derek esteve envolvido em 2011 em um tiroteio considerado “inapropriado” pela polícia. Na ocasião, um estadunidense nativo do Alasca, Leroy Martinez, foi alvejado.
Em 2008, o policial Derek atirou em Ira Latrel Toles, um homem negro, de 21 anos, que estava desarmado.
Em 2005, Derek e outro policial se envolveram em uma perseguição. A ação resultou na morte de três pessoas de acordo com o movimento social Comunidades Unidas Contra a Brutalidade Policial.
Uma particularidade une as ações criminosas de Derek Chavin: suas vítimas são sempre negros ou latinos. O policial comprova um racismo institucionalizado da corporação e da sociedade estadunidense, algo muito semelhante com o que temos por aqui.
Embora demitido agora, Derek está sendo defendido por Tom Kelly, o mesmo advogado que representou o policial Jeronimo Yanez (que assassinou Philando Castile em 2016, outro caso emblemático). Jeronimo saiu inocentado.
Na grande maioria das vezes, é esse o desfecho dos processos contra os excessos de policiais brancos contra civis negros: absolvição.
A “técnica de imobilização” usada por Derek em George Floyd não faz parte do manual de treinamento dos departamentos de polícia. Mas ele não parecia estar se importando com isso. Sua reação era tranquila. Sua postura desdenha do lema Black Lives Matter.
“O racismo não está piorando. Está sendo filmado”, tuitou o ator Will Smith. Nem isso fez Derek parar.
Mauro Donato, jornalista da equipe do DCM
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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