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Quarta semana de protestos no Chile começa com chamado à greve geral

Organizações sindicais irão paralisar o país, para exigir uma nova constituição e uma assembleia constituinte
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago

Tradução:

A quarta semana de crise política e social no Chile começou ontem, segunda-feira, com novos apelos para manter a mobilização social e com a projeção de uma greve geral, programada para terça-feira, 12, desta vez abarcando importantes setores do âmbito privado como os portos e a mineração. 

A organização denominada Mesa de Unidade Social, surgida ao calor dos protestos das últimas semanas, afirmou que representantes de sindicatos dos setores portuário, mineração, construção, indústria, comércio, serviços financeiros, educação, saúde, agricultura, agroindústria e públicos, entre outros, decidiram convocar uma greve geral para a terça-feira, 12 de novembro.

“Vão ser chamadas todas as organizações sindicais para paralisar o país, para exigir o petitório que está sendo construído, e que tem como demandas principais uma nova constituição e uma assembleia constituinte”, estabelece o dirigente Mario Villanueva, da organização “No más AFP”, que rechaça o sistema privado de aposentadoria.

Organizações sindicais irão paralisar o país, para exigir uma nova constituição e uma assembleia constituinte

Brasil 247
"Os chilenos tem como demandas principais uma nova constituição e uma assembleia constituinte”

Por outra parte, desde diversos setores políticos, incluído o próprio oficialismo, foram consideradas insuficientes e tardias as afirmações do presidente Sebastián Piñera em torno a que seu governo prepara um projeto de reformas constitucionais, mas sem qualquer menção a um processo constituinte seguido por um plebiscito ratificador. 

“Continua me parecendo insuficiente, já que a nova constituição não pode ser construída entre quatro paredes; hoje não temos o piso para isso; além do mais o contexto do que ele diz aponta muito mais ao desconhecimento de fundo desta catástrofe social. Ou a não a entender. Se o Executivo não conseguir decifrar e aceitar essa variável, sempre vai condicionar o mecanismo para definir a nova relação entre o Estado e os cidadãos”, disse o senador Manuel José Ossandón (RN, oficialista) em entrevista a La Tercera.

Na opinião do senador, o Governo chegou tarde para propor mudanças na Carta Fundamental, mas “sem a convicção de que é o único caminho para poder avançar em um novo modelo social”. 

O senador, que desde o início da crise tem sido um permanente questionador da forma como o governo a enfrentou, agregou que “Há vários em La Moneda (a sede do governo), que continuam jogando ao desastre e aos bons contra os maus. Se até os prefeitos tiveram que se organizar sozinhos para tentar controlar e dirigir as demandas sociais. Isso nos fala de um governo confuso, errático e bastante débil em estabelecer as diferenças entre segurança pública e paz social”. 

“O que mais me preocupa é que não se deram conta da gravidade desta crise. Aqui não está em jogo o futuro do governo, aqui estamos jogando a democracia”, agregou.

*Aldo Anfossi, Especial para La Jornada – México

**Tradução: Beatriz Cannabrava

***La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Aldo Anfossi

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