No papel de laranjão-mor do pomar, Bolsonaro é imbatível.
Dia sim, e no outro também, ele arruma alguma confusão, bate o bumbo contra inimigos imaginários, briga com seu próprio partido, roda a baiana, faz cara feia e, assim, vai distraindo a plateia que ainda grita “Mito!”.
Ninguém poderá negar que ele está cumprindo à risca sua missão de entregar o país, na senda aberta pela Lava Jato, seguindo disciplinadamente o cronograma golpista de 2016.
Pode parecer coisa de maluco, mas quem bancou sua candidatura está muito satisfeito e não rasga dinheiro.
Só no primeiro semestre, os grandes bancos tiveram um lucro de R$ 60 bilhões.
Enquanto isso, o banqueiro e especulador Paulo Guedes, chamado de Posto Ipiranga, o dono do cofre, coloca tudo à venda e promove o maior saque já visto no mundo ocidental.
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Jair Bolsonaro
“Paulo Guedes é o grande inimigo do povo brasileiro. É isto que o Guedes está anunciando: entregando o pré-sal sem compreender a sua dimensão (… ) cuja produção vai gerar um excedente mínimo de 400 a 500 bilhões de reais”, denuncia o professor Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobras.
Das reservas do pré-sal da Petrobras a prédios públicos, tudo agora vai a leilão, até não sobrar nem o sofá na sala e ser derrubada a última “porra da árvore” na Amazônia sobre o corpo do último índio.
No comando de uma enlouquecida tropa de ocupação e desmanche, o capitão-presidente se diverte com ele mesmo, gargalha das próprias bobagens que fala, mas nem sabe direito o que está acontecendo à sua volta.
Em seu mundinho particular de uma realidade virtual, o que importa mesmo é nomear um filho embaixador nos Estados Unidos e livrar a cara de outro, às voltas com rachadinhas e milícias.
Na campanha eleitoral, ele alugou o nanico PSL, mas agora quer ser o único proprietário do espólio partidário alimentado com verbas públicas.
Militar medíocre e insubordinado, preso e processado pelo Exército aos 33 anos, escondeu-se por outros 30 nos fundos do baixo clero da Câmara, onde também não fez nada de útil.
Nem ele, com certeza, acreditava na sua vitória, que lhe caiu no colo, quando começou a campanha, fazendo arminha com os dedos e ameaçando metralhar os adversários.
Talvez Bolsonaro não se dê conta de que é apenas um laranjão no Palácio do Planalto, cercado de outros doidos, fardados ou à paisana, que dançam sobre a soberania nacional e o futuro do país, à beira do abismo.
Eram todos pés-de-chinelo na vida política e econômica do país, um bando de zé-ninguém, que nunca foi levado a sério em lugar nenhum.
Bolsonaro pensa que manda em tudo e não precisa de ninguém, mas não passa de um boneco nas mãos do ventríloquo Paulo Guedes, que sabe muito bem o que quer.
Bobagem esperar que ele renuncie ou tenha algum gesto de grandeza. Sem chance. Com esse Congresso, impeachment nem pensar.
Só largarão o osso no dia em que o STF resolver cumprir a Constituição, o TSE investigar a fundo o financiamento da sua campanha eleitoral, movida a milhões de dólares em fake news, ou a população sair às ruas para dar um basta, como está acontecendo agora no Equador.
Se, e quando isso acontecer, poderá ser tarde demais. Paulo Guedes já terá completado o serviço.
Estamos, literalmente, no mato sem cachorro.
E estão vendendo até o mato…
Vida que segue.
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