Pesquisar
Pesquisar

Enquanto furacão Dorian provoca caos, Trump não ajuda e adultera dados em mapa

Nas Bahamas, houve pelo menos 30 mortos e 70 mil pessoas feridas. Trump mostrou um mapa adulterado
Redação Esquerda.Net
Esquerda.Net
São Paulo (SP)

Tradução:

Neste momento, as Nações Unidas estimam que 70 mil pessoas nas Bahamas precisem de ajuda humanitária imediata. O Dorian foi o furacão mais destruidor que já passou pelo arquipélago das Caraíbas.

Enquanto o furacão Dorian chegava à costa da Carolina do Norte, onde se esperavam cheias de uma dimensão ímpar, os habitantes das Bahamas percorriam os destroços deixados para trás e as autoridades tentavam determinar o número de pessoas mortas.

Neste momento, já circulam pelo mundo imagens aéreas de Ábaco, a ilha mais atingida, que fica no norte do país. Ali, os esforços dos socorristas aumentaram perante a vasta devastação, com porto, hospital, lojas, casas e pista do aeroporto danificados ou devastados.

O furacão tinha categoria máxima quando atingiu o país, fazendo pelo menos 30 mortos. As autoridades acreditam que o número subirá. Hubert Minnis, primeiro-ministro, afirmou à imprensa que o recuo das águas revelou a real dimensão da tragédia. Os danos “vão afetar várias gerações” em Ábaco e na Grande Bahamas, afirmou, citado pela CNN.

Em muitas áreas, não há comunicações telefônicas e os habitantes estão a fazer listas de desaparecidos nas redes sociais. Numa publicação do portal de notícias Our News Bahamas, há, à hora desta notícia, cerca de 2600 comentários, sobretudo com as listagens dos nomes dos desaparecidos.

Nas Bahamas, houve pelo menos 30 mortos e 70 mil pessoas feridas. Trump mostrou um mapa adulterado

EBC / Agência Brasil
Furacão causo um enorme impacto econômico e social nas Bahamas

36 horas de terror

O furacão assolou as Bahamas durante 36 horas. As chuvas e as cheias criaram correntes de lama que inundaram tudo, inclusive as zonas mais elevadas.

“Falei com um homem que, basicamente, estava abrigado em cima dos armários da cozinha. O ar que tinha para respirar era o que estava entre os armários e o tecto. Acabou por não resistir e caiu dentro de água, foi puxado pelo filho. Ele disse-me que naquele momento pensou: “Tenho que resistir, não posso deixar o meu filho ver-me morrer desta maneira”, escreveu Paula Newton, jornalista da CNN. 

Em Ábaco, as pessoas estão habituadas a furacões poderosos. No entanto, a dimensão deste foi algo nunca visto, havendo, segundo os relatos da CNN, muitas pessoas ainda incrédulas por terem sobrevivido.

A tempestade segue agora em direção à Carolina do Norte. O furacão chegou a descer para a categoria 1, mas a costa dos Estados Unidos continua ameaçada. Vai seguir pela costa leste americana até se dissipar na segunda-feira, dia 10.

Entretanto, voltou a ganhar força, retornando à categoria 3, com ventos de até 208 km/h. Atingiu a Carolina do Sul nesta quinta-feira e a Carolina do Norte nesta sexta-feira. Mesmo não tocando o solo da Carolina do Sul, os efeitos da tempestade já deixaram 200 mil casas e comércios sem energia elétrica, tendo ainda provocado inundações nas ruas e nas avenidas de Charleston, a capital do estado. Formaram-se ainda tornados na costa.

Esta sexta-feira, tocou o solo da Carolina no Norte. Está agora na categoria 1 — de um total de 5 na escala de Saffir-Simpson — com ventos sustentados de 144 km/h.

Trump adultera mapa

O presidente dos EUA mostrou um mapa adulterado do percurso projetado pelo Dorian. Aparentemente, foi alterado com um marcador de forma a incluir o estado do Alabama. A hipótese fora previamente suscitada por Trump, mas desmentida pelo serviço meteorológico.

Num vídeo da Casa Branca divulgado esta quarta-feira, Trump aponta para um gráfico meteorológico oficial datado de 29 de agosto que mostra os estados que poderiam ser atingidos no que o Centro Nacional de Furacões chama de “cone da incerteza”.

Foi adicionada uma linha curva ao cone no gráfico para mostrar o risco de Dorian se poder movimentar da Florida para o Alabama. “Ia atingir não só a Florida, mas a Geórgia, poderia ter, ia em direção ao Golfo, era isso que nós, o que foi originalmente projetado…”, afirma Trump.

Contudo, a projeção relativa ao furacão Dorian nunca apontou para o Golfo do México, onde o estado do Alabama tem uma linha costeira. No fim de semana, Trump escreveu no Twitter que o Alabama era um dos estados que poderiam ser atingidos. “Além da Florida, a Carolina do Sul, a Carolina do Norte, Geórgia e Alabama deverão ser atingidos com (muito) mais força do que previsto.”

O Serviço Meteorológico Nacional negou essa hipótese 20 minutos depois: “O Alabama não verá nenhum impacto do Dorian. Repetimos, nenhum impacto do furacão Dorian será sentido em todo o Alabama. O sistema permanecerá muito longe do leste.”

Os jornalistas perguntaram a Trump se o gráfico tinha sido desenhado com uma caneta, mas este afirmou três vezes: “Eu não sei.”

O meteorologista Al Roker criticou fortemente Trump – juntando-se ao coro –, lembrando que há consequências legais para quem publique previsões meteorológicas falsificadas: a lei dos EUA estipula uma multa e/ou uma pena de prisão até 90 dias.

Reagindo às críticas, Trump insistiu no Twitter: “Certos modelos sugeriram que o Alabama e Geórgia seriam atingidos (…) O que eu disse foi correto! Todas as notícias falsas para macular”

Trump multiplicara as declarações sobre o tema nos dias anteriores, mostrando falta de conhecimento sobre o tema. “Não tenho a certeza de já ter ouvido falar sobre a categoria 5”, afirmou no fim de semana. A declaração espanta mais, na medida em que este é o quarto furacão de categoria 5 na escala Saffir Simpson (o mais elevado) que atinge os Estados Unidos desde que Trump chegou à Casa Branca.

“Fico preocupado. Tenho pena do presidente e não é isto que se deve sentir da pessoa mais poderosa do país. Não sei se foi ele que sentiu a necessidade de alterar o mapa com um marcador, não sei se foi um assessor que acreditou que teria de fazê-lo para proteger o seu ego. Seja como for, é uma situação inacreditável”, afirmou o candidato democrata Pete Buttigieg.

O furacão Dorian seguiu para a Carolina do Sul e Carolina do Norte, tendo voltado a ganhar força nas últimas horas e alcançado a categoria 3, com ventos até 217 quilómetros por hora. Deverá dissipar-se na próxima segunda-feira.

Veja também


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação Esquerda.Net

LEIA tAMBÉM

Yamandú no Uruguai é nova vitória da esquerda contra golpismo na América Latina
Yamandú no Uruguai é nova vitória da esquerda contra golpismo na América Latina
400 mil mexicanos por ano como México pode ser impactado por deportações de Trump
400 mil mexicanos por ano: como México pode ser impactado por deportações de Trump
Boluarte abre Peru a soldados dos EUA para reprimir revolta popular
Boluarte abre Peru a soldados dos EUA para reprimir revolta popular
Com Trump, EUA vão retomar política de pressão máxima contra Cuba, diz analista político
Com Trump, EUA vão retomar política de "pressão máxima" contra Cuba, diz analista político