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ToggleDepois de quatro anos, o Foro de São Paulo voltou a se reunir, no seu 26º Encontro, e justamente no Brasil, onde a organização criada em 1990 é alvo dos mais variados ataques e tema de criativas teorias da conspiração, muitas relacionadas ao “fantasma” comunista, típicas do período da chamada Guerra Fria.
Não por acaso, representantes do conservadorismo tentaram inclusive barrar a reunião, aberta na noite desta quinta-feira (29), em Brasília, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O evento vai até domingo (2).
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Lula definiu o Foro como a primeira experiência latino-americana que resolveu se unir, apesar de divergências, para, “do ponto de vista da organização democrática, disputar os espaços políticos do nosso continente”. Segundo ele, a esquerda viveu seu melhor período na região de 2002 a 2010, mas observou que suas organizações seguem sofrendo ataques e difamação.
“Nós ficaríamos ofendidos se nos chamassem de fascistas, de neonazista, de terroristas”, afirmou. “É preciso que a gente aprenda a exercitar a democracia o máximo possível.”
Agência Brasil
Lula: "É preciso que a gente rediscuta o discurso da esquerda, que a gente repense o que quer e como vai fazer para conquistar"
Disputa dos espaços democráticos
Ele iniciou o discurso falando sobre as eleições presidenciais de 1989 no Brasil, as primeiras após o final da ditadura. “Eu imaginava que a gente não teria nenhuma chance. E aconteceu uma surpresa”, disse, lembrando que uma candidatura de esquerda chegou ao segundo turno e quase venceu.
Foi a partir daí, acrescentou Lula, que ele e Marco Aurélio Garcia (ex assessor internacional para assuntos internacionais, que morreu em 2017; ele foi homenageado na abertura) começaram a conversar com Fidel Castro sobre a união das forças de esquerda da região “e voltasse a disputar os espaços democráticos”.
Com 270 representantes da América Latina e do mundo, Foro de SP começou nesta quinta
Mas o presidente observou que a esquerda também precisa refletir sobre seus erros, que se refletem em derrotas eleitorais e, por exemplo, no impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. “A esquerda tem problema no mundo inteiro.
Mas é preciso que a gente rediscuta o discurso da esquerda, que a gente repense o que quer e como vai fazer para conquistar.” Além disso, ressaltou, a esquerda deve evitar críticas públicas, que “interessam à extrema direita”. Ele lembrou que Fidel fazia elogios públicos e críticas pessoalmente, de forma reservada.
Lula citou encontros globais, como o do Brics, na África do Sul, e do G20, na Índia, entre outros, e da importância da participação de esquerda na geopolítica mundial, em momento de ascensão fascista. “Quatro anos de extrema direita no Brasil foi uma lição para todos nós.” Assim, defendeu, é preciso promover políticas de inclusão e para redução da desigualdade.
Correlação de forças
Segundo o texto-base, o encontro ocorre “em um momento de profundas transformações na situação política da América Latina e Caribe, de uma mudança favorável na correlação de forças”. O FSP identifica crescente “contestação ao projeto ideológico e político neoliberal capitalista”, algo que se expressaria também nos processos eleitorais.
“Ao mesmo tempo, as forças da direita e da extrema direita, deslocadas nas urnas, tentam voltar ao poder com o apoio do sistema judiciário e dos monopólios da informação”, afirma a organização.
O primeiro encontro ocorreu também no Brasil, em São Paulo, em julho de 1990, com 48 partidos e organizações. O nome Foro de São Paulo se confirmou no encontro seguinte, em 1991, na Cidade do México.
Apresentado como “uma articulação de partidos e movimentos políticos latino-americanos e caribenhos”, reúne atualmente 123 partidos membros em 27 países. No Brasil, aparecem como filiados o PT, PDT, PCdoB, PCB e o extinto PPS (Cidadania). A secretária-executiva é Mônica Valente, do PT.
Redação | Rede Brasil Atual
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