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Devemos prestar muita atenção sobre o que ocorre na Argentina, sabendo que é o laboratório onde se experimenta a nova Operação Condor para toda a região.
Norma Estela Ferreyra*
Em outros artigos mencionamos a ditadura da Internet, o assédio com mentiras pelos meios de comunicação, que concentram todo o poder e da estafa praticada pelos atuais governantes que nunca pensaram em cumprir com o que prometeram nas campanhas e não têm escrúpulo algum em levar-nos à ruína, de onde será difícil sair.
Por isso é importante saber o que ocorre com o neoliberalismo versão 2017, que já não é selvagem, é criminoso e está sendo implantado na Argentina com Mauricio Macri, uma pessoa que não demonstra lucidez para governar. Ele fica fora para que seus ministros, que não foram votados, mas escolhidos por ele, resolvam tudo, e tomem decisões que ele acata cegamente. Enquanto isso, Durán Barba, seu assessor de campanha, diz que o governo do Cambiemos não lhe paga – pois recebe dinheiro de alguém de fora, as vezes, do próprio Pro – enquanto o jornal Clarín, numa edição “informou” que “Durán Barba recebia 50 mil dólares por dia de trabalho quando assessorava o presidente paraguaio Nicanor Duarte Frutos”. Há que ainda se registrar que Durán Barba também assessorou a oposição no Equador nas últimas eleições, em que saiu vitorioso o candidato da situação, ou seja, de Rafael Correa. Então podemos concluir sem medo de errar que quem paga o colombiano é o poder mundial instalado nos EUA, que também pretende se apossar da Venezuela, do Brasil e da Bolívia.
Por isso é tão importante a eleição de outubro para o poder legislativo na Argentina onde certamente serão empregadas todas as armas sujas e fraudulentas, para manter Macri no poder, – avalizado pelo imperialismo. Macri diz, sem vergonha alguma, que ganhará e que será presidente por oito anos.
Uma das regras do assessor colombiano, a quem chamam de “guru”, é a sustentação permanente de mentiras sobre o estado atual da realidade. Por isso os ministros estão repetindo sempre que “o país está se recuperando, que há mais emprego, que começamos a ter o que sonhamos”. Sabemos que o que realmente ocorre é o saqueio econômico e territorial, só superado por Júlio A. Roca, quando despojou os nativos de suas terras e de tudo o que lhes pertencia. Hoje na Patagônia, soldados israelenses estão desembarcando em Santa Cruz, pouco a pouco, primeiro como mochileiros, em seguida assentando-se dissimuladamente, em hotéis, até que possam realizar o velho sonho de Andinia, que no século passado pretendia dominar todo o continente. Por isso necessitam de Maurício Macri no governo, cuja corrupção generalizada já supera o imaginável. O presidente que nos enche com palavras que destacam as bondades que o futuro reserva para os argentinos, enquanto o povo protesta nas intermináveis marchas contra a precarização, o fim da saúde, da educação, e contra a fome das crianças que está pior que em 2001 quando da miséria alastrada pelos planos do FMI e que Néstor Kirchner combateu e nos libertou. Até a Fragata Libertad (navio escola da Marinha) foi embargada em um porto refém da dívida.
Outra ideia é justificar o arrocho salarial através da redução de horas de trabalho para dar espaço a que ingressem outras pessoas desocupadas. O que conseguem com isso? Compensam os baixos salários com menos horas de trabalho e mais oferta de emprego.
Querem aumentar a idade para aposentadoria para passar vários anos sem ter que pagar. Contudo esses anos extras ocupam o lugar de novos postos de trabalho. A realidade é que ninguém aos 70 anos deveria trabalhar, precisamente para que ninguém fique desempregado. E, o pior está ainda por ocorrer, pois estão conquistando os jovens para que votem no governo nas eleições legislativas. Como? Há que reconhecer que o assessor conhece métodos eficazes e por isso lhe pagam bem. Utiliza tecnologia de ponta e tem milhares de trolls trabalhando nas redes sociais e para espionar as pessoas, juízes, políticos, jornalistas, etc.. através da informática.
Outra de suas artes é que quanto menos o candidato fale mais voto terá e que, quanto mais prometa, disfarçando a realidade, mostrando-a linda ou cheia de esperanças, mais assegurará o triunfo no confronto com outros candidatos que mostrem a realidade deprimente que nos cerca. Os eleitores buscam esperanças, não verdades, diz o assessor.
É a psicologia do desespero. As pessoas se agarram a uma ilusão, a uma mentira que lhes dêem esperança. O médico que diz que vai curar o câncer. E Macri poderá ganhar utilizando essas armas. Por exemplo: há menos de um mês, a estratégia de Durán Barba ultrapassou os limites da razão, quando convocaram à Rural os jovens desempregados para prometer-lhes emprego. O número de concorrentes foi demolidor, para um governo que nega os dados de desemprego revelado pelas estatísticas. Compareceram 200 mil jovens, só em Buenos Aires e muitos voltaram ao ver o tamanho da fila. Anotaram os dados pessoais de cada um e fizeram perguntas sobre o que opinavam sobre o governo, algo insólito. Depois levaram umas 12 mil dessas solicitações a umas poucas empresas que estão recebendo favores por colaborar com Macri. Para os demais foi pura decepção. E ninguém pode adivinhar para que foi a coleta de dados e é provável que isso se repetirá.
Faz parte da estratégia dessa política a coleta de dados, para manter vigilância sobre os jovens no Facebook, oferecer empregos de curta duração, com contratos de seis meses, mas só para quem não é oposição. Com essa promessa talvez consigam o voto que não conseguiam com os métodos antigos. Tudo isso pensado por Durán Barba e que já foi aplicado inclusive em EUA. É demais. Tanta crueldade para com os jovens que lotaram as ruas e permaneceram horas na ilusão de que conseguiriam trabalho.
A metodologia que estão desenvolvendo é a que sempre tem sido utilizada nos EUA, ou seja, a do choque ou do pânico psicológico, em que o Estado provoca o povo com medidas insuportáveis para que reaja com desordem, que provoca violência, saques, etc. Em seguida esse mesmo povo pede que o Estado termine com a desordem e a violência e restabeleça a ordem Então o Estado aparece e militariza a repressão tornando-a brutal e ninguém mais protesta, o Estado aparece como o salvador. Pois, como bem constatou Chomsky, a melhor maneira de controlar as massas é pelo terror.
Também chegaram os tempos da espionagem. Com isso despediram os funcionários opositores de seus postos de trabalho, controlam os juízes, os legisladores, etc. Espiam as redes sociais para conhecer sua ideologia e logo tirar o emprego que só existe para os partidários. Querem destruir o sindicalismo. Virão tempos de perda de soberania, de território e, se não bastasse, as eleições com voto eletrônico, através do computador pessoal, sem cabine eleitoral. Com isso o voto não será mais secreto. É a nova guerra do imperialismo contra o populismo ou a justiça social. Isso deve ser divulgado, difundido, a todos os irmãos latino-americanos.
*Original de Barómetro Latinoamericano