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Perspectivas para o progressismo na América Latina
Amauri Chamorro*
Ainda que a direita do continente festeje as vitórias na Venezuela e Argentina e cruze os dedos para que a presidenta Dilma Rousseff sofra um processo político, a esquerda é quem realmente tem as condições para se auto valorizar em 2016.
As derrotas do ano anterior tornaram possível que por primeira vez os países governados há mais de uma década por movimentos progressistas, tenham um inimigo real na gestão pública, compartilhando a responsabilidade pelo futuro dos países. Na Argentina, a maioria peronista no Congresso equilibra a presidência de Macri, assim como na Venezuela, onde a presidência de Maduro dividirá com um parlamento ultraconservador as responsabilidade de sair de uma crise criada por ambos.
A direita teve um papel secundário durante a década progressista, sem propostas claras esteve relegada a uma política rasteira, orientada à violência física, com um discursos mentiroso, mas legitimado pelas empresas privadas de comunicação; desgastaram os governos progressistas. Porém no caso desses três países, onde os poderes Executivo e Legislativo estavam em mãos da esquerda desde há muito tempo, criou-se um argumento preguiçoso de que devido a esses ataques, se debilitaram as estruturas que permitem a continuidade da luta contra a iniquidade e injustiça social.
Mais que considerar o mérito da direita recalcitrante ganhar essas eleições, devemos tomar como lição a incompetência da própria esquerda na Argentina, Venezuela e Brasil. Se a esquerda não fizer o “mea culpa” pelo ocorrido, a direita continuará avançando, sem propostas minimamente convincentes, de maneira vitoriosa nos períodos eleitorais.
2016 deverá ser um ano de inflexão nos processos políticos e de gestão do progressismo, deixando em evidencia quem são realmente os que trabalham a favor das amplas maiorias.
*Original do jornal Cambio, de La Paz, Bolívia – é colaborador de Diálogos do Sul