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De judeus errantes a judeus guerreantes, os sionistas são hoje donos de 90% do solo da Palestina.
Jorge Mansilla Torres*
Missão cumprida terá dito Moisés depois de ler as Tábuas da Lei no Sinai, embora o profeta, no fim, comentasse estremecido: “Misión sin ‘mi’ es Sión”. Em 1897, o jornalista austríaco Teodoro Herzi noticiou que o sionismo ia invadir a Palestina no século XX para criar um Estado. A lenda marcava os judeus como gente errabunda e maldita durante mil anos por haver causado a morte de Jesus Cristo.
Herzi acertou. De judeus errantes a judeus guerreantes, os sionistas são hoje donos de 90% do solo palestino. Ambos os povos, porém, são meio irmãos, por se dizerem filhos de Abraão. Talvez seja por isso que Israel não canse de bater na Palestina.
Jesus era palestino por haver nascido em Belém, para onde fugiu sua família perseguida por Herodes, servo do império romano. Pôncio Pilatos, 33 anos depois, consultou os judeus: “Quem querem ver livre: Barrabás perturbador, ou Jesus, o ombudsman?”. A plebe nacionalista respondeu: “¡Barrabás!”; e o déspota: “O que farei com este justo?”. Os livres pensadores a uma só voz: Crucifique-o! Nesse dia Pilatos inventou o lavatório.
Ambos os povos são também semitas, por descender de Sem, um dos filhos de Noé, o CEO da Arca. Mas Netanyahu-matanyahu entende semita por se mata e se mete. Se ambos tinham seu pai Sem, Israel tem, além do mais, o Tio Sam que lhe dá armas de extermínio genocida. Para o expan-sionismo, as árabes já vestem a mortalha.
Tanto sangue palestino não pode ser limpo com uma faixa de gaze (Gaza) e… Israel, armas na mão. Palestina, mãos ao alto. Segundo Galeano, os outros povos árabes lavam as mãos e os europeus esfregam as mãos.
Nós, bolivianos, sabemos de despojos territoriais. A invasão chilena pela faixa do Litoral (1879) se repete em Gaza. Bem poderia Moisés mudar daquela vez o nono mandamento por “Não desejarás a terra de teu próximo”.
Palestina, pa’la estima, resiste. Não se rende Hamas, embora 1.900 mortos em um mês causem a ira airada: “Armada a maldade arrasa Gaza. A palavra tão falsa, a canalha, mata a paz pactuada, má raça. Sangra a amarga faixa. Abraão cala”.
*Jorge Mansilla Torres integra o núcleo de colaboradores de Diálogos do Sul – jornalista, escritor, humorista, radialista e ensaista se soma a nossas páginas de opinião, espaço que permitirá exercer uma de suas paixões: tecer pensamentos e reflexões de forma escrita. É para nós um privilégio poder enriquecer as leituras de nosso público com as reflexões desse experiente jornalista boliviano.