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Concentração nas mídias é um perigo para a democracia

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

media-manipulationDepois da recente aquisição de 54% das ações da Epensa, por parte do Grupo El Comercio, de Lima, Peru, que o torna proprietário de 77.86% dos diários nacionais, diversas foram as reações contrárias a concentração nas mídias. Em seguida o pronunciamento da Associação Nacional de Jornalistas do Peru (ANP), 

Diante de fatos que dão a entender a ameaça de uma perigosa e sutil concentração na propriedade dos meios de comunicação e seu impacto sobre a livre circulação de ideias, a Associação Nacional de Jornalistas do Peru, como organização representativa dos trabalhadores na imprensa, torna pública sua contrariedade a esta espécie de práticas monopólicas ou oligopólicas que têm como finalidade o controle do mercado editorial no país. Para a ANP qualquer aproximação a tal fato constitui um empreendimento nada recomendável contra a democracia, ainda frágil no Peru, e contra  pluralidade uma vez que afeta a expressão diversa que deve se dar na medida em que a cidadania possa ter acesso a meios editados por empreendimento de diferentes natureza legal. No entendimento de nossa organização, toda pretensão de se apoderar do mercado editorial com fins exclusivamente de lucro, resulta tão perniciosa como a censura prévia, o sequestro ou a proibição de publicações que condicionam a expressão ou a difusão de informação. No fundo significaria colocar travas para que a cidadania desfrute do direito humano fundamental da comunicação e a circulação de ideias e opiniões. Com isso se estaria implantando um espécie de empresa editorial com característica de autocracia em que o cidadão só pode se inteirar do que os poderosos lhe comunicam. A posição sindical tem presente o ocorrido em outros países sobre o particular e, por isso mesmo, destaca que a enganosa concentração na gestão dos meios de comunicação de massa é uma das maiores ameaças para o pluralismo e a diversidade na informação, a mesma que pode se dar de maneira sutil ou sob a figura de uma gestão empresarial que evidentemente está dominada por um afã de lucro, abstraindo que mais além disso, o transcendente para a dignidade humana é contar com informação plural ou diversa. A ANP recorda, portanto, que corre perigo a democracia quando só se ouve a voz dos poderosos, os mesmos que pugnam por controlar o direito à liberdade de expressão, que é pedra angular na existência de uma sociedade democrática. Tal direito é vital em todas suas formas e manifestações e condição básica para que a cidadania possa formar ideias claras sobre seu presente e futuro com base em informações livres e plurais. Sobre o particular, chama a atenção o silêncio dos operadores da política nacional, tanto do governo como da oposição, que sabendo a transcendência da  informação de interesse cidadão, até agora não puseram em prática uma iniciativa legislativa, com base em valores da democracia, destinada a promover a criação ou o fortalecimento editorial em outros lugares diferentes da capital da República, onde a população requer maior informação plural para interpretar, com juízos próprios, o conhecimento da problemática socioeconômica nacional.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Revista Diálogos do Sul

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