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Cúpula europeia: velhas receitas para novos problemas

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Juventude espanhola é a que mais sofre com a crise mas, não se cala.
Juventude espanhola é a que mais sofre com a crise mas, não se cala.

Carmem Esquivel*

O incremento constante do desemprego juvenil centralizou a atenção da cúpula da União Europeia (UE), mas as decisões adotadas diante desse flagelo são pouco ambiciosas e nada indica uma mudança de rumo nas políticas até agora adotadas.

Na atualidade quase seis milhões de menores de 25 anos estão sem trabalho e, somando-se todas as categorias de idade, o número se eleva a 27 milhões, algo assim como a população conjunta da Bélgica, Áustria, Dinamarca e Irlanda.

O problema disparou o alarme na UE, onde já se fala inclusive de uma geração perdida como resultado da crise iniciada em 2008, que deixou a quase um quarto dos jovens fora do mercado de trabalho.

Ainda que os líderes do grupo dos 27 afirmam que combater o flagelo é uma prioridade, os acordos adotados no encontro de cúpula realizado de  27 a 28 de junho em Bruxelas, apontam velhas receitas para solucionar novos problemas.

Ao final do encontro a medida mais concreta adotada foi a de 6 bilhões de euros ja pactuados para enfrentar a imobilidade juvenil no período de 2014 a 2020, concentrados nos próximos dois anos aos quais poderão ser adicionados outros dois Bilhões entre 2015 e 2020.

Os recursos serão destinados a 13 países em que a taxa de desemprego ultrapassa os 25%, entre eles Espanha e Grécia, onde o problema é muito mais dramático, com um de cada dois jovens sem trabalho.

Ainda que o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, tenha qualificado como um  êxito a cúpula e destacado que seu país receberá 1.9 bilhões de euros, a chanceler alemã Angela Merkel, advertiu par que não se crie falsas expectativas com as novas medidas aprovadas.

Merkel apagou o entusiasmo de seu colega espanhol quando disse que não seria honesto prometer aos jovens que logo poderão ter acesso a empregos duráveis.

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Shul, foi mais longe ao advertir que desembolsar 6 bilhões de euros em dois anos é um bom começo mas só representas uma gota d’água em meio do oceano.

Vários economistas e organizações sindicais tem insistido em que o desbloqueio de fundos por si só não é uma garantia suficiente para enfrentar um problema de tal magnitude.

A busca por solução tem que ser mais profunda e passa por mudar os rumos das políticas de ajuste impostas pela UE aos países membros para reduzir o déficit fiscal e a dívida pública e por estimular o crescimento e a criação de novos postos de trabalho

Desde que começou a crise, há cinco anos, os governos têm recorrido aos cortes nos gastos sociais, a redução de cargos públicos, a redução de salários e aposentadorias, a privatização e outras medidas de caráter antipopular para salvar os bancos em quebra.

O resultado destas medidas tem provocado um mal estar generalizado entre a população, com protestos massivos nas ruas e greves gerais que repicam na Grécia, Portugal, Espanha, Itália e outros países.

“A cúpula europeia não abordou os problemas fundamentais como o de que com austeridade não há emprego possível para a juventude”, disse o deputado Oscar Llamazares, da coalizão espanhola Esquerda Unida.

O legislador qualificou como “uma gozação” o acordo adotado na cúpula e lembrou que há um ano a Europa decidiu criar um fundo dotado com 120 bilhões de euros para a reativação da economia, e até agora não seu viu nada.

Convidada pela primeira vez à reunião da cúpula, a secretaria geral da Comissão Europeia de Sindicatos, Bernardette Ségol, apelou aos chefes de Estado ou de Governo a abandonar as políticas falidas e tomar medidas concretas para enfrentar o desemprego.

“Há mais de 5.6 milhões de razões para isso, disse. Mais de 5.6 milhões de jovens estão desempregados na Europa e qualquer omissão, qualquer dilação seria inaceitável”

*De Prensa Latina – Paris, França – para Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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